D O I S

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J U N G K O O K

- Onde conseguiu essas informações, meu filho? - o homem perguntou depois de eu ter contado tudo o que descobri sobre o garoto e sua rotina.

- Isso não importa agora! Você vai mesmo colocar o plano em prática ou era só teoria da conspiração?

Um sorriso se formou nos lábios daquele homem. Ele levantou da cadeira e andou até mim, parando na minha frente. Ele segurou meus ombros e olhou em meus olhos.

- Assim que você achar que deve, iremos por meu plano em prática, Jungkook! - sorriu.

- Eu? Mas o plano é seu! Você quem tem que decidir!

- Só me diga quando e iremos atacar!

Olhar nos olhos escuros daquele homem me fez perceber o quanto eu estou me afundando em suas teorias malucas. Mas também me fez perceber a seriedade e sede de algo em seus olhos. Me lembrou dos olhos da mamãe quando me olhou um dia antes de cometer suicídio. Me lembrou os olhos de Jeon Jasmine, minha irmã, quando debateu comigo sobre a aposentadoria do papai. Me lembrou um olhar magoado, mas esperançoso e cheio de ódio, como se sua vida dependesse desse plano. Mas ao mesmo tempo, me amaldiçoava por estar entrando nesse plano louco de um velho lunático...

Quer saber? Foda-se!

- Segunda feira, depois da faculdade dele. Eu dou um jeito de ir no lugar do motorista dele, então vou levá-lo para o seu esconderijo, onde você já vai estar á minha espera... - disse tudo aquilo olhando nos olhos daquele velho.

- E para chantagear os Park...? - sua pergunta soou mais como um incentivo para dizer o que ele já havia planejado, testando minha inteligência.

- Você vai usar um telefone descartável pra fazer a ligação em um local bem afastado do esconderijo, para o caso de rastrearem a ligação! - seu sorriso e olhar de orgulho eram evidentes.

- Inteligente como sua mãe e calculista como seu pai! - me abraçou - Segunda feira, Jeon Jungkook! - me lembrou.

- Segunda feira, pai...

{...}

Passamos o resto do fim de semana inteiro planejando aquele sequestro. Para quem julgava meu pai por ser um lunático obcecado, agora estou no mesmo caminho. O homem sempre fugia quando eu perguntava o motivo do sequestro, como se escondesse algo.

Decidi não pressioná-lo. A mente do meu pai é um universo cheio de teorias e conhecimentos estranhos. Mexer com alguma possível memória que ele tenta evitar pode desencadear algo horrível, e eu não quero pagar pra ver o que é!

Na noite de domingo, todo o plano já estava perfeitamente arquitetado, mas precisávamos de algumas coisas. Coisas que não iríamos conseguir sem uma ajuda "ilegal".

Por isso, liguei para Yugyeom naquela mesma noite.

- Acordado? - perguntei em um tom baixo, pois já eram quase meia-noite e eu estava parado com a moto na porta da casa do meu amigo.

- Não, o celular se atendeu sozinho e quem tá conversando contigo é monstro que fica embaixo da cama do Yugyeom! - meu amigo respondeu com ironia - O que tu quer uma hora dessas, porra?

- Preciso muito da sua ajuda! Vem aqui pra fora!

Não demorou muito e Yugyeom apareceu ali, vestindo uma calça de moletom e um casaco felpudo.

- O que você quer de tão importante às onze e quarenta e cinco da noite? - perguntou com a cara amassada por possivelmente ter sido tirado da cama.

- Eu preciso de armas e dois walk-talks! - o garoto se espantou - É pra amanhã, então se você puder me arrumar antes das 12:00 em ponto, eu fico te devendo!

- O que é agora? Vai brincar de polícia e ladrão com seu pai? - cruzou os braços.

- É um sequestro! - Yugyeom pareceu se espantar ainda mais - Eu te explico melhor amanhã! Vai fazer isso por mim?

- Espera aqui! - o rapaz voltou pra dentro de casa, voltando depois de alguns minutos com uma caixa de sapatos - Por favor, não deixe nem mesmo o seu pai saber que eu tô te dando essas merdas! Se o chefe descobre eu tô fudido! - me entregou a caixa, que estava consideravelmente pesada.

- Obrigado, amigo, fico te devendo essa! - antes que eu saísse, meu braço foi puxado.

- Vai me contar amanhã o que está armando, ok? - assenti - Tudo bem, pode ir!

Me despedi do garoto, coloquei meu capacete, arrumei a caixa na moto e acelerei de volta pra casa.
Quando entrei, dessa vez meu pai não estava no meio dos papéis espalhados á mesa enquanto ele analisa coisas em seu notebook. Dessa vez ele estava dormindo no sofá, como á muito tempo eu não o via fazer.

É, talvez esse plano seja mesmo importante para ele. Não é todo mundo que dá 60% de si o dia inteiro pra planejar algo contra alguém. Se ele está fazendo isso, ele tem um motivo, e eu vou descobrir qual.

[...]

Capítulo curtinho mas é q no próximo o bagulho fica loco rs

⊷ Estocolmo ⊷Onde histórias criam vida. Descubra agora