Dizem que o que nos tornamos quando adultos, é reflexo de como somos tratados durante a infância. Desde nosso caráter, até nossos medos, inseguranças e prioridades.
Para Jimin, um órfão desde sempre, passar por tudo isso fora muito mais difícil. As...
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Boa leitura!
— Bom dia. — a voz da enfermeira soou de maneira firme e seca enquanto abria as janelas do quarto. Organizando a medicação em cima da cômoda, nem sequer lhe direcionar o olhar.
Embora fosse bem tratado pelo médico e diretor da clínica, algumas vezes recebia certos olhares tortos de outros funcionários e pacientes, mesmo que sem motivo algum.
Ainda assim não se importava.
Maus tratos foram frequentes durante sua infância e adolescência, sendo obrigado a engolir suas refeições sem nem mesmo conseguir mastigar, tendo os cabelos puxados para despertar pelas manhãs, e a pele judiada em arranhões ao ser esfregado com buchas de banho inapropriadas para a pele sensível.
Jimin nem mesmo se deu ao trabalho de respondê-la. Levantou-se, tomou seus remédios e foi diretamente para o banheiro fazer sua higiene diária.
Quando retornou, o quarto estava novamente vazio, e estaria completamente silencioso se risadas e gritos eufóricos não viessem de fora do edifício.
Sabia pela forma na qual algumas pessoas cantavam no jardim, animadas com as visitas de seus familiares e amigos, que dia era aquele.
Véspera de natal.
E Jimin dessa vez estaria completamente sozinho.
— Aproveitando a vista? — uma voz soou próxima a ele, o assustando. — Eu bati na porta, mas você parecia entretido com a janela... —
Jimin o encarou confuso. Não esperava de forma alguma que ele o visitaria em um dia como aquele.
Talvez, só talvez, estivesse esperando a visita de outra pessoa, e pensar nisso o deixou enraivecido.
— O que faz aqui? — indagou sem pensar, fazendo o outro arquear as sobrancelhas em claro desapontamento. — Quero dizer... É véspera de natal. Não vai passar com a família? — sentiu o rosto arder ao notar que tinha se expressado errado.
— Vim lhe buscar para passarmos o dia juntos. Se quiser, é claro. — sorriu ladino.
Jimin se atentou às roupas que o outro vestia, completamente distintas de todas as outras vezes em que se encontraram.
Jungkook trajava um estilo despojado em uma calça com rasgos nos joelhos e camiseta absurdamente larga, que escondia todos os traços bem definidos de seu corpo, exceto pelos antebraços que estavam expostos, deixando à mostra a masculinidade aflorada em veias salientes e tatuagens antes invisíveis. O chapéu bucket preto cobria parte de seus olhos, dando-lhe uma áurea ainda mais jovial.
