Capítulo XI

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Assim que termino meu café da manhã, dou adeus a Diana e sigo para encontrar Paola na entrada de casa.

Voltei a falar com ela de uma forma mais contínua, já que foi graças às suas ações que eu acabei conseguindo um emprego ontem.

Sei que posso parecer egoísta falando assim, mas lembro-me constantemente das palavras da Madame Constância. Lembro de que preciso me permitir a coisas novas se quero deixar o meu passado para trás. E Paola tem demonstrado ser uma boa amiga.

- Oiii! Pronta para mais um dia de aula? - pergunta ela encostada em seu carro.

- Eu te falei que não precisava vir me buscar todos os dias. - digo meio sem graça.

- Não se preocupe com isso, já é caminho da escola mesmo. Você mora bem mais próximo de lá do que eu, então está de boa.

Cumprimento Chris que está no banco de trás e entro no carro um pouco mais animada por não ter que esperar aquele ônibus lotado de sempre. De fato, até que é bom ter um pouco de companhia para ir à escola, pelo menos se for a companhia certa.

Mas, para ser sincera, estou bem mais animada em ir logo para o parque Marinho. Estou doida para reencontrar minha salvadora e sentir a paz que ela me trás de uma maneira tão simples e serena. Agora eu consigo entender o porquê dela amar tanto as baleias, será que todas nos trazem esse sentimento incrível? Essa sensação de conforto e segurança? De amor?

Ao chegarmos no colégio, sigo em direção a sala de aula na esperança de que o dia passe bem rápido e que eu possa ir logo trabalhar. Se bem que as aulas de certos professores são eternamente cansativas e chatas. O que me desmotiva até de querer aprender algo.

Iago já estava lá quando cheguei, ele está sentado no lugar de costume e de cabeça baixa. Por mais que eu tenha medo de passar a mensagem errada, sinto que preciso agradecê-lo pela ajuda de ontem.

- Oi, tudo bem? Queria te agradecer por ter me ajudado ontem, se não fosse você eu teria me afogado e...

- Não precisa agradecer. - ele continua de cabeça baixa - Como eu disse, foi a baleia quem te trouxe até a superfície, eu só ajudei a te puxar para cima.

- É, eu sei! Mas de qualquer forma, ajudou. E quero que saiba que estou grata por isso...

- Tá certo, por nada. - ele levanta o olhar e aponta para frente - A aula vai começar agora, é melhor você ir para o seu lugar.

Fico extremamente sem jeito pela forma fria que fui tratada agora. Iago nunca havia falado comigo assim. Mas, o que esperar, não é? Pessoas são imprevisíveis. Quando achamos que podemos abrir uma brecha de fraqueza e sensibilidade, elas pisam em nós.

Sigo para o meu lugar e evito olhar para ele até a aula acabar. Mas nem precisei me esforçar para fazer isso, pois ele fez exatamente o mesmo.

As aulas do primeiro horário demoraram a passar como de costume. Aliviada de que falta pouco para ir embora, sigo para encontrar Paola e Chris no refeitório.

Tudo parecia normal até então, os jogadores de vôlei de praia estavam fazendo piadas junto do seu grupinho de sempre, os que faziam parte do grupo de Surfe estavam criando manobras imaginárias em cima das bandejas enquanto Paola, junto de Chris, riam deles.

Tudo bem até que uma sensação estranha passa diante de mim e me vejo parada bem na entrada do refeitório. De repente, as luzes começam a piscar.

Sinto um enorme gelo na espinha quando todo o lugar fica extremamente frio. Até parece que estou na minha cidade de novo, era possível ver o ar saindo da minha boca e o suco dentro de todos os copos congelando instantaneamente.

Pela Alma de Uma BaleiaOnde histórias criam vida. Descubra agora