Capítulo XIV

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Depois que corrermos por umas duas quadras eu já estava perdidamente desorientada. Minha respiração estava ofegante demais e acho que até fiquei sem oxigênio no cérebro. Certeza de que essa é só mais uma prova de que fui uma idosa sedentária na minha vida passada. Então, decidimos parar debaixo de uma árvore e descansar um pouco.

- Eu acho que você é louca - digo pondo as minhas mãos nos joelhos tentando recuperar o fôlego.

- Claro que sou - diz ela trazendo seus longos cabelos para o lado - a vida é curta demais para se viver com limitações.

- Você poderia ter ido de um jeito confortável pegando carona com ele.

- Eu não ligo. Se surgiu a decisão na minha mente de que eu devia vir correndo com você, então deve ser a coisa certa a se fazer.

Estou impressionada. Por que uma pessoa que mau me conhece, faria isso por mim? Eu nem cumprimentei ela direito assim que nos vimos pela primeira vez. Preciso ter mais cautela, não sei quais as intenções dela.

Se bem que a sua companhia não me trás desconforto e nem angústia. Pelo contrário, me sinto até bem. Talvez, só um leve talvez, a Madame Constância estivesse certa sobre se permitir a coisas novas. E de todos que conheci aqui, ela foi a única que me dei bem de cara.

E cara... Como ela é estilosa! Está usando uma jaqueta xadrez com os botões abertos e por dentro está vestindo uma blusa cropped preta junto de um short jeans curto, rasgado nas bordas. Ah, e não posso esquecer de falar dos seus coturnos de cano baixo junto de uma meia preta que quase alcança seus joelhos. Eu não tenho mais senso de moda para me vestir assim.

Meu Deus, o que é que estou fazendo?!

Cautela, Davina! CAUTELA!

Voltamos a caminhar e percebo o quão esquisito é o caminho até a parada de ônibus. É apenas um longo calçadão pela frente com vários postes de luz deixando tudo com um cenário meio sombrio. A nossa esquerda conseguimos ver o mar calmo e sossegado, e é possível ver poucas pessoas conversando sentadas na areia envolta de uma fogueira.

- Você mora por onde? - pergunta ela.

- Bem em frente à praia Iduna.

- Eita, as casas lá são o maior barato. Tem um estilo de casa de surfista - ela olha para mim - Eu moro próximo ao Hotel Brazuella, no bairro Laguna.

- Próximo à casa da Paola então.

- A filha mimada do dono de lá?! - ela solta uma gargalhada.

- Você conhece ela?

- Ôh, se conheço! - ela volta a rir e eu fico confusa - Mas, me fala aí, qual o teu lance com o Iago?

- Lance? - pergunto incomodada - Não tem lance nenhum entre a gente.

- Ah tá, nós vamos fingir que viemos caminhando por livre e espontânea vontade? Beleza!

- Exatamente isso - dou um pequeno sorriso.

- Certo, então você não vai ligar se eu te disser que é o carro dele vindo ali atrás perto do sinal? - fala ela olhando para trás.

- Ha, ha! Muito engraçado.

- É ele mesmo! - olho para trás e não é que ela está falando a verdade?

- Meu Deus, o que a gente faz?

- Ue, você não disse que não tinha nenhum lance com ele? Por que a preocupação? - pergunta ela cruzando os braços e rindo de maneira maliciosa.

- Mas eu não tenho... Eu... me ajuda a sair daqui vai!

Pela Alma de Uma BaleiaOnde histórias criam vida. Descubra agora