Capítulo VI

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Assim que descemos do conversível de Chris, consigo avistar Iago parado em frente a entrada do parque de diversões. Ele estava vestindo uma camisa larga e cinza com as mangas dobradas em que nela estava escrito: Black Sabbath. Usava também uma bermuda larga e coturnos pretos de cano baixo. Seus cabelos longos e bagunçados o deixava bastante charmoso, mas apesar do nosso pequeno e intenso momento em meu quarto eu sei que não sinto nada a mais por ele.

Eu acredito que o que eu senti naquele momento, aquela sensação que eu não lembrava faz tempo, não era algo romântico. Foi algo mais fraternal. Eu me senti acolhida, segura. E faz alguns meses que alguém não me transparece isso.

Logo que o cumprimentamos, fomos direto para a entrada onde Paola fala para um senhor baixinho, que vestia um macacão vermelho, o seu nome e sobrenome para conseguirmos os carimbos em nossos braços, sendo esse nosso passe livre para todos os entretenimentos do parque. E olha, não eram poucas as opções, logo assim que entramos é possível ver barracas de cachorro-quente, batatas fritas, algodões doces e pequenos carrinhos de pipoca.

Seguidos de algumas tendas de pequenas atrações como: ilusionistas, cartomantes, casa de espelhos, todos os tipos de coisas tradicionais que existem em um parque de diversões.

Em Sombra dos Pinheiros, minha antiga cidade, os parques eram limitados a seis ou sete brinquedos e somente apareciam em temporada de férias.

Aqui, existe uma vasta lista de brinquedos que me parecem ser extremamente perigosos, é possível ver a grande e iluminada roda gigante de qualquer lugar dentro e fora daqui, e é algo bem frequente eles irem e voltarem vários vezes durante o ano, sem contar que as pessoas daqui sempre costumam colocar suas atrações à beira da praia.

Assim que passamos em frente a tenda da cartomante, uma mulher cheia de jóias nos pulsos e brincos extravagantes, vestida com uma manta vermelha estampada olha em minha direção como se estivesse vendo um fantasma e isso me faz ter uma sensação estranha e desconfortável. Seu olhar me acompanha até que eu suma entre a multidão de pessoas, depois volto minha atenção para algo que Paola está dizendo sobre sua viagem a Orlando nas férias passadas. Mas, o que foi isso? Essa sensação estranha passada dentro de mim, algo naquele olhar me fazia ficar intrigada. Como se ela me conhecesse, será que conhece? Pelo menos eu tenho a plena certeza que nunca a vi.

- Vamos primeiro na roda gigante! - fala Paola de maneira excitada como uma criancinha vindo pela primeira vez. - Os nossos carimbos não nos dão apenas passe livre para todos brinquedos, mas também para passar à frente nas filas! - tem como isso não soar como algo prepotente?

- Tem certeza que isso é uma boa? - questiona Iago - Eu não me importaria em esperar nas filas como todo mundo.

- Mas dessa forma vamos demorar bem mais e não conseguiremos ir em muitos brinquedos. Olha o tamanho dessa fila! - fala ela apontando para a longa fila de pessoas que está aguardando a nossa frente.

- Eu concordo com a Paola. Por que precisaríamos esperar se temos passe livre? - diz Chris que estava calado há um certo tempo.

Se percebermos bem, a maioria das pessoas dessa fila são casais. Será que a Paola está tentando me empurrar para Iago? Não, é notável que ela não gosta dele, então não teria motivos para fazer algo estúpido assim. Mesmo tendo isso em mente não quero arriscar.

- E se formos para o barco viking? - digo na esperança de me ouvirem - Tem poucas pessoas na fila, e caso formos em outros brinquedos em que a fila esteja grande nós passamos à frente. Filas menores, esperamos. - por mais que eu concorde com o que Iago disse, eu quero que o tempo aqui passe logo. Não queria ter vindo, e também, concordar com ele em público pode transparecer algo diferente do que eu realmente quero, tanto para ele quanto para o que supostamente Paola pode estar pensando.

Pela Alma de Uma BaleiaOnde histórias criam vida. Descubra agora