Capítulo XII

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- Ei, Davina!! - grita Paola em minha direção enquanto tomo um leve susto e desperto dos meus pensamentos - Por que está parada aí? Vem sentar aqui com a gente.

- Tá certo! Estou indo.

Que estranho, eu estava parada na entrada do refeitório pensando em algo que não consigo lembrar. Sinto que falta alguma coisa ou... alguém.

- Pessoal? - chamo atenção dos surfistas que estavam na mesa ao lado da que Paola e Chris estavam sentados. Mas, por quê? Eu não sei bem o que quero com a atenção deles. Então, tento disfarçar de alguma forma - Quando é a próxima competição?

- No começo do próximo mês! - fala Michel - Vamos enfrentar o colégio dos riquinhos "dondocas" do bairro Laguna. Aquele bairro de gente "granfina".

- Ei! O hotel do meu pai é nesse bairro e eu não sou nada disso aí, ouviu? - fala Paola com um sorriso no rosto.

- Eu sei loirinha! Você é nossa exceção! - fala outro surfista se levantando e abraçando Paola por trás.

- Mas, vocês não deveriam ser em cinco? - pergunto - Porque eu li nos cartazes que para participar através da escola tem que ser pelo menos cinco competidores.

- Mas, nós somos em cinco! - fala Michel - Olha só, somos o Pietro, o Mário, o Gael e eu. - diz ele contando nos dedos e ficando extremamente confuso quando percebe que a sua contagem só dá quatro pessoas. - Espera... Não temos um quinto integrante?

- Davina? - a conversa é interrompida por Iago que está vindo em nossa direção - O nosso chefe pediu para te avisar que o horário que você tem que iniciar hoje é as quatro da tarde.

- Está certo, valeu. - Tento ser o mais breve possível.

- Se quiser pegar carona comigo depois que as aulas acabarem é só avisar.

- Para você tentar beijar ela novamente a força? Eu acho que não. - interrompe Paola. Estou sentindo um pequeno arrependimento por ter dito isso a ela no caminho de volta para casa ontem, pois não fazia ideia de que ela falaria na frente de todos - Eu quem vou deixá-la.

- Tudo bem então. Te vejo lá Davina. - responde ele dando de costas e saindo.

Apesar de eu não gostar que falem por mim, dessa vez me senti aliviada que Paola fez isso. Iago estava estranho comigo o dia todo e para evitar mais desconforto do que ele aparentava sentir quando falou comigo, nada como alguém para nos livrar dessa conversa.

Falando em desconforto, sinto que meus pés estão um pouco doloridos e não faço ideia do porquê.

Às três e meia da tarde minha última aula acaba. À caminho do estacionamento lembro que tenho apenas trinta minutos para chegar ao trabalho e tentar aprender bem sobre o que vou fazer nele. Sinto-me bastante empolgada para começar logo tudo, acho que finalmente encontrei algo bom para me agarrar nessa quente e vasta cidade. Algo que eu realmente goste de fazer e me sinta bem. Pelo menos é o que espero que aconteça.

Ao sair, noto que Paola ainda não está em seu carro. Algo bastante preocupante para mim, pois não quero chegar atrasada no meu primeiro dia de trabalho. Que impressão irei causar ao senhor Gonçalves? Sem contar que a minha amiga está contando comigo para alimenta-la.

Pego o meu celular do bolso e envio um "Cadê você?" para Paola na esperança que ela veja e venha logo. Distraída em meus pensamentos nem percebo que um carro preto para próximo onde eu estava.

Pela Alma de Uma BaleiaOnde histórias criam vida. Descubra agora