Capítulo IV

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O QUE ELE ESTÁ FAZENDO AQUI?

COMO ELE SABE ONDE EU MORO?

- Pode entrar Yago, seja bem vindo! - fala Diana deixando ele entrar num lugar que eu deveria me sentir segura e livre de pessoas inconvenientes.

- Espera! - saio da cozinha e impeço sua entrada - Eu posso falar com você lá fora?

Na varanda, eu olho para ele e pergunto:

- O que está fazendo aqui? Como sabe onde eu moro?

- O ônibus para bem ali na esquina, não foi difícil.

- Mas eu não vi você dentro dele. - ele olha para baixo meio desconfiado - Espera aí, você me seguiu? - Olho para a rua e vejo um carro preto parado a beira da calçada. - aquele carro é seu?!

- É, mas não é o que você está pensando. Eu não estou te perseguindo!

- Então, o que seria? Porque perseguição é exatamente o que parece. - tento ficar calma mas parece impossível - Por que você faria isso?

- Tá bom, eu segui o seu ônibus até aqui. Mas não foi pelas razões que você está pensando. - ele me olha nos olhos - Eu fiz isso porque eu queria me desculpar com você.

- Se desculpar? Mas, pelo que? - fiquei confusa.

- A primeira vez em que nos vimos nos armários eu fui muito idiota com você. Acabei te tratando mal e tirando conclusões antes mesmo de saber que era o seu primeiro dia e que nem me conhecia. Fazendo isso, eu acabei realmente sendo o cara mal que todos sempre dizem que eu sou.

Uau!

Ele se preocupou em vir aqui e se desculpar mesmo sem saber que se eu estava chateada. Óbvio que eu não estava, nem lembrava disso! Mas, mesmo assim, foi uma coisa bem legal de se fazer, e apesar das roupas rebeldes e desse cabelo de metaleiro, existe um cara não tão idiota assim.

- Não esquenta com isso, eu tô de boa e entendo os seus motivos. Não sei o que eu faria se estivesse no seu lugar, mas confesso que admiro o seu autocontrole de não quebrar a cara de alguém todos os dias. - falo rindo e ele me acompanha.

- Não é fácil, mas quero tentar me formar sem ser preso. - demos mais uma risada descontraída.

- Então, obrigada por ter vindo até aqui para se desculpar e juro que vou descartar a parte que achei estranha. Até amanhã? - antes que ele possa dar adeus, minha irmã abre a porta e vem ao nosso encontro.

- Davina preciso voltar ao trabalho, estão dando falta de mim. E você? - fala ela olhando para Yago - Por que não entra e ajuda Davina a pintar o quarto? - minha irmã tinha que dar tanto fora assim?

- Não precisa!! - falo isso e me arrependo na pequena exaltação da minha voz - Quero dizer... eu posso fazer sozinha. Você deve tá ocupado.

- Eu iria adorar. Não estou ocupado porque hoje é a minha folga.

- Ótimo! - fala minha irmã entusiasmada - Caso fiquem com fome tem biscoitos no armário e sorvete na geladeira. Os materiais para pintura de parede estão na dispensa e não esqueçam de por jornais no piso para não manchar. Beijo, divirtam-se! - ela dá as costas e vai em direção ao carro e não posso esconder que o tom de alegria dela me irritou bastante agora.

Yago e eu nos encaramos e nesse momento eu tenho que tentar transparecer que a presença dele não está me incomodando. Como eu faço isso? Dou um sorriso de canto de rosto? Dou um soco de leve no ombro dele? É isso o que fazem? Aí meu Deus! Ele está me encarando e está começando a ficar desconfortável o silêncio, é melhor falar alguma coisa.

Pela Alma de Uma BaleiaOnde histórias criam vida. Descubra agora