Não pude me dar ao luxo de poder estar sozinha em casa. Não esperava que no meu primeiro dia de aula as pessoas iriam querer me visitar, ou simplesmente falar comigo. Isso que era bom. Eram exatamente essas as vantagens pelas quais eu tinha certeza de que seria bom ser a aluna nova, mas pelo visto eu estava redondamente enganada.
- Paola? O que está fazendo aqui? - pergunto tentando parecer surpresa e não decepcionada - Como sabia onde eu morava?
- Eu ia te contar no almoço hoje, mas como você decidiu estudar com o bad boy não tivemos a chance de conversar - fala ela enquanto está entrando - Sua irmã trabalha como gerente no hotel do meu pai e além disso é uma grande amiga da minha irmã mais velha. Então, eu já estive aqui antes e é por isso que eu sabia o seu nome quando te ajudei a encontrar o seu armário hoje.
- Legal. - falo com um pequeno sorriso no rosto apesar de não achar isso tão legal.
- Você está com tinta azul na sua camisa e em seu rosto. - ela levanta a mão até a minha cabeça - E tem no cabelo também, está pintando algum cômodo?
- Ah, sim! Estava pintando o meu quarto agora pouco.
- Escolheu uma cor muito bonita, apesar que eu prefiro mais tons de rosa, azul também chama atenção. Sabia que em alguns lugares ele usado para representar a tristeza? - acho que foi feito para mim então - Enfim, por que não me falou que ia pintar o quarto? Eu poderia ter vindo aqui e te ajudado, sou muito boa com pincéis e tinta, apesar que faz uns dois anos que terminei o curso de pintura.
- Na verdade, eu já terminei. O Iago apareceu por aqui e me ajudou com isso.
- ELE TÁ AQUI? - ela falou mais alto do que o normal agora - Ele não é confiável Davina, não ouviu os boatos?! Todos comentam sobre as coisas horríveis que ele fez na outra escola. Você praticamente está trazendo um delinquente pra sua casa!
- Hoje foi o meu primeiro dia Paola, não deu para ouvir tudo o que as pessoas falam. E mesmo se tivesse ouvido, eu não me importaria. Já parou pra pensar que o que falam podem ser apenas boatos?
- E são. - fala Iago descendo as escadas - Tudo o que todos falam de mim pelas costas, sejam incêndios, destruição de carros...
- Roubar uma lanchonete pilotando uma moto roubada da polícia. - completa Paola - Ficar com velhinhas ricas por dinheiro, tatuar dois seios nas costas, secar os pneus dos carros da galera do terceiro ano...
- Você tem seios tatuados nas costas? - olho surpresa para ele tentando conter o riso.
- O quê? Não! Claro que não! - responde ele irritado - Isso tudo não passam de boatos que pessoas como ela espalham por aí. - ele aponta para Paola.
- Eu não espalhei nada! Só ouvi falar. Mas, no começo do ano você quase quebrou os dentes do Ricardo Castro na quadra. Eu sei disso, não porque alguém disse, mas sim porquê presenciei. Eu estava lá aquele dia, enquanto só estavam vocês dois.
- Então, foi você quem disse para o diretor?
- Quer dizer que isso é verdade? - pergunto olhando firmemente para ele.
- É claro que é! Eu vi! O Carlos pediu transferência porque não conseguia mais olhar para você, por medo. - fala Paola cruzando os braços - E respondendo a sua pergunta, sim! Fui eu quem contou para o diretor.
- E por acaso, você viu o começo de tudo? Antes que eu batesse nele? - ele a olha de uma forma arrependida.
- Não, cheguei no instante em que você estava quebrando a cara dele. Mas, isso importa?
- É claro que importa! - ele senta no sofá - Eu estava sentado nas arquibancadas, lendo o livro ''Extraordinário'' que havia pego na biblioteca aquele dia. O Carlos chegou na quadra e começou a me chamar de criminoso, delinquente e outras ofensas que vocês costumam dizer pelas minhas costas. Eu fiquei com muita raiva, mas, mesmo assim tentei não dar bola e me levantei para ir embora. Enquanto eu atravessava a quadra ele me acompanhou e jogou uma bola na minha cabeça me fazendo derrubar as minhas coisas e uma foto do meus pais caiu no chão. Estava molhado aquele dia pois havia chovido, a foto caiu bem dentro de uma poça e tudo que eu consegui sentir vendo aquilo foi raiva. - fala ele olhando direcionado para Paola - Você nunca teve um ataque de raiva? Acho que não, sua vida parece ser perfeita. Seus pais, donos do maior hotel da cidade, te dão tudo o que quer, não precisa ter preocupações que te levam a ter ataques de raiva.
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Pela Alma de Uma Baleia
ParanormalneDepois do trauma de perder sua mãe, Davina Marques acaba indo morar com sua irmã perto de uma praia. Mesmo tendo prometido a si mesma que não queria ter laços com mais ninguém, ela acaba criando uma forte conexão com uma baleia no parque marinho em...