Não sei porque eu tive a ideia brilhante de trazer um casaco para o colégio já que nessa cidade faz muito calor. Todos aqui sempre estão de bermudas e camisetas curtas, na maioria das vezes sem mangas, e eu sou a única idiota a estar com uma blusa de mangas longas. Mas, tudo bem. Não vou me torturar por isso.
É o meu primeiro dia numa escola de total estranhos e tenho que tirar vantagem disso, pois eu não preciso dar de cara com as pessoas que me conheciam e ter que ouvi-las dizer: "sinto muito pela sua perda". Não gosto que sintam pena de mim. Já não bastava ser difícil dizer adeus para ela, eu ainda tinha que ser lembrada da morte todos os dias.
E, caramba! Essa escola é bem maior do que eu pensava, onde será que fica o meu armário? Os corredores são bastante compridos e o que mais me chama atenção são os armários azuis que ficam nas laterais formando grandes fileiras, onde ao final de cada uma havia uma porta para as salas de aula. Ah, e para completar, havia um símbolo de um arpão dourado dentro de um círculo em todo lugar, acho que eles se orgulham muito da atitude desumana de um cara que matou um animal tão majestoso para os seus interesses pessoais.
Já estou cansada de andar tanto! Mas, ainda assim, espero que nenhum desses alunos me ofereça ajuda, não estou muito afim de fazer amizades e todo mundo aqui tem cara de surfista.
- Oieeeee! - eu quase tive um enfarte depois de ouvir um "Oie" atrás de mim com mais letras "e" do que eu achei que fosse possível - Meu nome é Paola, tudo bem? Está com dificuldades de encontrar o seu armário? Eu posso ajudar.
Ela tinha olhos arqueados e falava mais alto do que uma pessoa normal costuma falar. Possuía cabelos loiros até a cintura, suas roupas tinham um rosa gritante e eu nunca tinha visto tantas flores em uma estampa antes. Algo bem distante dos meus tons de azul e cinza.
- Não precisa, eu posso achar sozinha e...
- Eu insisto! - me interrompe ela - Não é incômodo nenhum.
Para mim é.
E antes que eu possa rejeitar mais uma vez o seu convite, ela me puxa pelo corredor até chegarmos ao armário cento e trinta e dois.
- Prontinho! O seu nome é Davina, não é?
- Sim.
- É um nome muito bonito! Sabia que o meu nome é Italiano e significa pequeno ou baixo. Mas algumas traduções dão um sentido figurado e traduzem para humilde ou humildade. Bom, acho que combina comigo! - ela da uma risadinha esperando que eu fique feliz com isso - Então, para quais aulas você se matriculou no primeiro horário?
- História, biologia, inglês e filosofia. - digo olhando para o papel em minhas mãos mesmo já tendo decorado.
- Uma pena, nenhuma delas é comigo. Mas, podemos nos ver durante os intervalos e almoçarmos juntas. Eu conheço ótimos lugares que dão para comer sem perturbações.
Queria um que não tivesse ninguém além de mim mesma e livre da senhorita cor-de-rosa aí. Mas tudo que consigo dizer é:
- Legal.
Enquanto eu colocava alguns livros no meu armário consigo ouvir todos comentando sobre um garoto que vem andando pelo corredor. Ele era alto, suas roupas pretas e seus cabelos longos deixava a entender que era o bad boy dessa escola. E pensando bem ele era o único que não usava roupas como se estivesse indo à praia depois daqui.
- Olha só quem acabou de chegar, Yago Pribiate. O bad boy do colégio.
Não falei.
- Sabe o que dizem por aí? - como eu poderia? - Que ele foi transferido para cá por ter quebrado o carro do diretor da outra escola.
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Pela Alma de Uma Baleia
ParanormalDepois do trauma de perder sua mãe, Davina Marques acaba indo morar com sua irmã perto de uma praia. Mesmo tendo prometido a si mesma que não queria ter laços com mais ninguém, ela acaba criando uma forte conexão com uma baleia no parque marinho em...