Capítulo 24

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Mikaa

- tudo bem, tomei umas 5 xícaras de café e estudei igual uma desgraçada, eu só o pó
- falei comprando um croissant

- você não parece nada bem - Thalia me diz  - mas você é ótima em matemática quase a melhor a sala, as questões com equações vai tirar de letra

- esse é o problema, eu odeio questão dissertativa, é tudo uma bosta

- de verdade, é por isso que eu odeio estudar.. só to aqui por que meus pais enchem meu saco - Thalia diz comprando uma torta - se eu pudesse largava tudo

- você fez dois anos de ciências contábeis por que seus pais te enchem o saco? - perguntei e ela assentiu - caralho, então pq gasta dinheiro aqui?

- meus pais que pagam, eles queriam que eu fizesse direito ou até engenharia - ela diz revirando os olhos - dei sorte que eles se contentaram com ciências contábeis

Eu só concordei com a cabeça e fomos pra sala, quem me dera se meus pais pudessem pagar a minha faculdade e eu ficar assim atoa. Eu estudei demais pra passar no vestibular e ainda sim só consegui 80% de bolsa quando sai da escola e to pagando até hoje pq sempre aumentam a mensalidade.

~▪︎~

Depois das provas eu estava um lixo, minha cabeça estava explodindo e eu estava morrendo de sono mas o ônibus estava sempre atrasado. Mas apesar de cansada tinha quase certeza que tinha ido bem, estava de férias dos estudos agora e agora podia descansar nesse fim de ano e em janeiro iria viajar, só não sabia pra onde.

O ponto de ônibus ficava muito perto da entrada do morro que a noite era muito movimentado pq aqui o pessoal não descansa e ta sempre na farra, essas porras não cansam. E eu até pensei que teria uma noite de paz mas numa sexta feira a noite ia ter baile e quem ja foi ou morra perto de favela sabe que o problema nem e a música e sim as motos.

Assim que chego em casa estranho o portão aberto, vejo meus pais e o Marcos todo animados, rindo e conversando. Em cima do sofá tira uma caixa grande cheia de papéis confetti e no pé do Marcos uma chuteira nova preta e branca de cravo da nike.

- você não vai acreditar na chuteira que eu ganhei - Marcos diz e imita um andar estranho - agora eu sou descolado

- continua feio - falei e abracei meus pais - quem te deu isso?

- eu não sei filha, quando chegamos do mercado a caixa estava aqui no sofá e tinha o nome dele - minha mãe fala e olho pro Marcos

- estranho né Mika - o Marcos fala cínico - mas o pai já trocou as fechaduras

- não da pra deixar a casa desprotegida assim né - meu pai fala e me entrega a chave nova - ja fizemos uma chave pra você

- eu vou tomar banho, to muito cansada - falei subindo

- tchau irmãzinha - o Marcos fala com um sorriso fingido no rosto

Eu não queria nem pensar na possibilidade dessa chuteira ter sido um presente daquele otário. A porta não estava arrombada então a pessoa que entrou tinha a chave.

Por trás da M4  - LIVRO 1Onde histórias criam vida. Descubra agora