O peregrino

Capítulo 4

Conversando, chegam ao pântano do Desânimo

Muitos dos santos daquele reino sofreram nas mãos do mundo por amar o Senhor e obedecer-lhe. Alguns foram cortados em pedaços; outros, queimados no fogo; alguns, afogados; e outros devorados por fera. Agora, no entanto estão todos vestidos de imortalidade – disse Cristão.

− Tudo isso é estimulador, mas como podemos desfrutar essas coisas? Como vamos compartilhá-las? – insistia Volúvel.

− O Senhor escreveu no livro que tudo nos será concedido gratuitamente se estivermos prontos e lhe pedirmos.

− Estou gostando disso. Vamos nos apressar – disse Volúvel.

− Não podemos ir muito depressa por causa do fardo que carrego.

Então, no sonho, vi que se aproximavam de um pântano muito lamacento, no meio da planície.

Caem no pântano

De repente, entretidos com a conversa e desatentos ao caminho, ambos caem no pântano. Atolaram-se de modo a ficar completamente enlameados. Por causa do fardo que carregava nas costas, Cristão começou a afundar.

− Como fomos nos meter nesse apuro? – perguntou Volúvel.

− Para dizer a verdade, não sei – respondeu Cristão.

Começando a ficar ofendido, Volúvel disse, já zangado:

− Essa é a felicidade da qual você falou?

Volúvel volta para casa, irado

− Se começamos tão mal, quem sabe os perigos que ainda correremos até o fim da viagem? Se sair vivo desta, aquela bela terra pode ficar só pra você, pois pouco me importo – disse Volúvel.

Então, deu meia-volta e, lutando desesperadamente, escapou do lodaçal pelo lado por onde tinham caído, e voltou para casa. Cristão nunca mais o viu.

Cristão não consegue sair

Abandonado no pântano do Desânimo, o pobre Cristão, sozinho, arrastava-se para a margem mais próxima do portão estreito. Mas não conseguia subir por causa do fardo que levava nas costas e começou a afundar de novo. Então vi em meu sonho que um homem chamado Auxílio aproximou-se dele.

Auxílio tira Cristão do lamaçal

− O que você está fazendo aí? – perguntou auxílio a Cristão.

− Um homem chamado Evangelista disse-me que viesse até aquele portão estreito, para escapar da ira que se aproxima. Quando estava a caminho, caí neste atoleiro – Cristão respondeu.

− Mas por que você não prestou atenção? – perguntou Auxílio. – Há pedras no pântano por onde você poderia ter atravessado em segurança.

− Estava com pressa de alcançar o portão estreito, então peguei o caminho mais curto – explicou Cristão. – Foi por isso que caí aqui.

Então, Auxílio disse: − Dê-me a mão.

E, tomando Cristão pela mão, puxou-o para fora e o pôs em terra firme.

A origem do pântano do desânimo

De pé, ao lado de Auxílio, Cristão perguntou:

− Se o caminho da Cidade da Destruição para o portão estreito passa por aqui, por que esse pântano não foi aterrado de modo que os viajantes pudessem atravessá-lo em segurança?

− Não é fácil acabar com esse lodaçal- respondeu Auxílio. – À medida que a pessoa se conscientiza de seu pecado, a escória e a imundície de seu coração escorrem para cá. Daí o nome do pântano do Desânimo. Quando o pecador percebe que está perdido, os temores e as dúvidas surgem em sua alma, e tudo isso se acumula aqui, tornando péssimo esse lugar. No entanto, o desejo do Rei não é que esse lugar continue ruim. Durante mais de 1.900 anos os trabalhadores têm procurado consertá-lo.

Até o próximo capítulo.

Abraços!!!

#gratidãosempre