Capítulo 10

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Cristão vê um portão guardado por quatro homens com armaduras

     Em seguida Intérprete conduziu Cristão a um lindo e imponente portão, em frente ao qual permaneciam quatro homens vigorosos, vestidos de armadura. Ao lado, havia um homem sentado diante de uma mesa, sobre a qual conservava um livro onde eram escritos os nomes dos que atravessariam o portão. Em frente a este aglomerava-se um grupo de pessoas, aparentemente desejosas de entrar, mas temerosas diante dos homens armados. Sobre os muros do palácio, um grande cortejo de pessoas com vestes brancas observava, de pé.

Um guerreiro valente luta e consegue entrar

     Ninguém parecia suficientemente corajoso para arriscar-se em lutar. Finalmente, Cristão viu um homem muito valente adiantar-se até o escrevente e dizer: "Escreva o meu nome, senhor". Feito isso, pôs o capacete, desembainhou a espada e investiu corajosamente contar os quatro homens de armadura, iniciando o combate. Lutaram com valentia mortal. Brandido, porém, impetuosamente a espada, causando e recebendo muitos ferimentos, o homem conseguiu abrir caminho e forçar sua entrada no palácio.

Um coro recebe o guerreiro

     Nesse momento ouviu-se em coro de alegres vozes cantando:

     Entre, entre;

     Glória eterna você terá para sempre.

     Então, o guerreiro entrou e o vestiram com roupas brancas, como os demais.

     − Acho que compreendo o significado disso – disse Cristão, sorrindo. – Agora deixe-me prosseguir meu caminho.

Um homem na gaiola de ferro

     − Não. Espere – disse Intérprete – até que eu lhe mostre um pouco mais; então você retornará ao seu caminho.

     Intérprete levou-o pela mão a um cômodo muito escuro onde havia um homem sentado dentro de uma gaiola de ferro*. Parecia muito triste. Cabisbaixo, mãos cruzadas no colo, suspirava como se tivesse o coração prestes a partir-se.

     − O que isso significa? – perguntou Cristão.

     − Pode perguntar a ele mesmo – respondeu Intérprete.

O homem explica o motivo de sua aflição

     Cristão aproximou-se da grade de ferro e perguntou:

     − Quem é você?

     − Antigamente eu aparentava ser um cristão bom e bem-sucedido. Pensava estar no caminho para a Cidade Celestial, e a ideia de chagar lá me alegrava.

     − Mas o que você é agora?

     − Hoje sou um homem desesperado, porque deixei de vigiar e ser prudente. Não controlei as paixões. Pequei contra a luz da Palavra e contra a santidade de Deus. Tentei o Diabo, e ele veio a mim. Entristeci o Espirito Santo, e ele se afastou. Endureci o coração de tal modo que não posso me arrepender.

     − Mas você não pode se arrepender e voltar?

     − Deus me negou arrependimento. AI de mim, pois ele me encerrou nesta gaiola. Ò eternidade! Eternidade! Como suportarei o castigo eterno?

Intérprete adverte Cristão

     − Que a infelicidade desse homem lhe fique na lembrança e sirva de alerta – aconselhou Intérprete.

     − Isso é horrível! – disse Cristão. – Que Deus me ajude a ser prudente. Peço-lhe agora, senhor, que me deixe seguir viagem.

O homem que tremia e estremecia

     Intérprete disse-lhe ainda: − Espere. Quero mostrar-lhe apenas mais uma coisa e então você poderá ir.

     Levou Cristão a um quarto onde um homem levantava-se do leito. Enquanto se vestia, o homem tremia e estremecia.

     − Por que esse homem treme? – preguntou Cristão.

     Intérprete ordenou ao homem que respondesse.

     − Tive um sonho – disse o homem.

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*A gaiola de ferro é uma referência ao desespero.

Até o próximo capítulo.

Abraços!!!

#gratidãosempre

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