Rose não sabia dizer a quanto tempo estava correndo, ou para onde estava indo, mas seguia trilhando os corredores afobada, desviando dos grupos inconvenientes que insistiam em obstruir o caminho.
Tinha acabado de receber a notícia da briga que houve no horário livre, e aquela tinha sido sua primeira reação: correr, esperando que as paredes lhe indicassem o caminho. Gelo fluía pelas suas veias, seu coração errava a batida a cada dez segundos, e seu estômago despencava mais e mais fundo, deixando para trás uma enorme sensação de vazio. Apenas Scorpius ocupava sua mente naquele momento, e a remota ideia de que ele não estivesse bem a desesperava mais do que gostaria de admitir. Sequer se lembrava da desculpa que dera à Pomona, ou se a professora tinha mesmo concedido permissão para sair daquela forma.
Em pouco tempo, viu-se diante das portas duplas da enfermaria. Apoiando-se contra o batente para conseguir recuperar o fôlego, suspirou, aliviada por não estar assim tão longe das estufas. Endireitando, então, o corpo, pausou por um minuto, encarando o padrão da madeira enquanto tentava pensar direito; algo atrás daquela maçaneta fazia o ar ao redor de sua cabeça vibrar, e preenchia seus ouvidos de um zunido característico, como um rádio sofrendo interferência. Não sabia se aquilo fazia parte da magia marcas — nunca tinha chego nem perto de rastrear sua alma gêmea daquela forma —, mas sentia, muito forte, algo atraí-la para além daquelas portas. Seus olhos marejaram um pouco com a ansiedade que a consumia, mas ela respirou fundo, bateu duas vezes e entrou.
— Não me diga que é mais um cabeça oca que se arrebentou! — a voz de madame Pomfrey ecoou contra o teto alto, soando como uma ameaça.
— N-não, madame Pomfrey, e-eu gostaria de ver o...
— Senhor Malfoy, suponho — suspirou pesadamente, fitando Rose com uma expressão não muito amigável. — Pode entrar, senhorita Weasley. Ele está ali, atrás da penúltima cortina.
E sem mais nenhuma palavra, a bruxa virou as costas. Com o amontoado de bandagens que tinha em mãos, voltou para perto das janelas, e quando Rose a acompanhou com o olhar, sobressaltou-se. Megan, com o olhar baixo, estava sentada ali, e encarava as juntas ensanguentadas que as costas de suas mãos ostentavam com uma expressão impassível; parecia perdida em pensamentos, refletindo. Era o mais próximo de preocupação que ela vira na loira nos últimos sete anos.
Rose engoliu em seco, tentando empurrar o nó que atou sua garganta enquanto olhava para o outro lado. Sentia como se estivesse invadindo um momento demasiado pessoal, e uma sensação estranha fazia seu estômago revirar, afinal, tinha sido bastante injusta com Scorpius e, indiretamente, com a Creevey. Balançando a cabeça ligeiramente, sentindo as dobras de seus dedos endurecerem com a baixa temperatura que acometeu suas mãos, seguiu para os fundos da enfermaria. Seus passos ecoavam pelas paredes, preenchendo o silêncio da enfermaria em conjunto com os sussurros próximos da porta. Quanto mais se aproximava dos fundos da sala, mais zunidos preenchiam seus ouvidos, e antes que pudesse perceber, já estava aos pés do leito de Scorpius.
As lágrimas voltaram a embaçar sua visão. Não que ele estivesse com uma cara ruim — primeiro que era impossível, segundo porque os métodos de madame Pomfrey eram bastante eficientes —, mas sim porque não conseguia encarar aqueles olhos abatidos e aqueles hematomas remanescentes nos cantos daqueles lábios sem tremer.
— Ah, por Merlin!
— Dia para você também, Rosie — piscando vagarosamente, Scorpius ensaiou abrir um sorriso, mas não conseguiu ir muito além de um leve curva no canto dos lábios; parecia dolorido.
— O que foi que aconteceu? — sua pergunta saiu em um sussurro, e suas mãos buscaram apoio na peseira quando seus joelhos falharam.
— Estou tentando entender até agora, também. Quando o carinha ali acordar, seria interessante perguntar, talvez ele tenha as respostas — Rose virou para onde o Malfoy apontou, e uma leve interjeição escapou da sua garganta. Ali, Lorcan estava apagado, e parecia estar num estado bastante pior. Aquilo explicava porque ele não estava na aula. — Gostaria de dizer que foi obra minha, mas digamos que a Megan salvou o dia novamente.
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Antares
FanfictionDois grandes eventos marcavam o equinócio de primavera: o aparecimento de marcas em almas gêmeas, e a loucura generalizada dos jovens de dezessete anos. Mas como para toda regra há uma exceção, havia a remota possibilidade de nenhuma marca aparecer...