Depois de ultrajantemente ferir meu ego através das desigualdades lançadas como um sorrateiro fenômeno singelo de desumanidade em Bilhork. Eu ainda tive a audácia de tentar abrir meu coração e deixar esvair meus sentimentos como um rio de sinceridade que, para minha descrença, se mantinha contido até agora, mas que havia sido lido e relido pelas minhas palavras cuja finalidade não se valeu a pena.
Percorri os olhos pelo mapa novamente pouco antes de chegar aquela cadeira desconfortável de dias atrás, dessa vez eu havia me teletransportado para um precipício poucos metros antes de cair, mesmo depois de três outros pousos em planetas e vilarejos espalhados pela União, havia sido o único lugar que percebi que a cadeira não se movia após tê-la usado e onde ela aparecesse lá ela deveria ficar. Aliás, já havia perdido as contas do quanto a amaldiçoei por não conseguir usá-la para me levar até Mazur, e que após chegar eu agradeci ter sido em um lugar alto, pelo menos eu pude avistar os vilarejos com mais facilidade, o que não foi de todo mal, afinal de contas.
Mazur era chamado de "O planeta dos sóis". Caracterizado por um sol durante o dia e um sol durante a noite.
Os dois sóis haviam sido nomeados como Crisal e Marfim, os reis antigos dos dois povos de Mazur. Tive o desprazer de conhecer Rebur e Noraky, os dois reis da linhagem dos dois grandes sois, e não são, nem de longe, benfeitores como seus antepassados, cuja luta pela União ficará marcada em seus corpos e fixada como vitória em seus tronos pelos Deuses como "Abençoados pelos céus".
Apesar de saber de tudo aquilo, a única coisa que eu poderia realmente perceber de fato, após comprimir minha missão naquele lugar, é que eu não sabia diferenciar quando era dia ou noite e até mesmo, qual horário eu estaria me transportando dessa vez.
Observei as montanhas rochosas, um dos dois solis estava nascendo e o outro sumindo, deduzi que era um momento propenso já que não era dia e nem noite na lógica real da coisa.
- Pelas minhas contas, faltam apenas dois últimos planetas.
Após Hertência, Torax, Meraki, e os reinos Venor e Amarathaunta que ficaram em Din'parum, os quais eu já havia anunciado o convite da rainha Rubiana, restavam apenas dois planetas: Roraxy, composto por somente um reino, e Hécale, dividida entre Sorcha, representado pelos caltrians, e Martac, os salva-pátria, os mais sensatos e descrentes de toda União.
Eu me lembro de encontrar alguns caltrians nos campos de batalha, eram ladrões medíocres que não levavam coisas grandes, mas que roubavam apenas coisas que teriam um grande valor sentimental lógico, é o que os fazia se gabarem entre si nas rodas de amigos e enquanto estivessem bêbados e sentados em um bar de esquina. Ninguém os reconhecia tão bem como Theor. Suspirei automaticamente antes de me sentar na cadeira e me preparar para mais uma viagem.
- Só mais duas vezes.
Fechei os olhos depois de amarrar meus pés e minha cintura o mais forte que conseguia, respirei fundo, me preparando para o pouso desta vez. Depois de diversos tombos, eu já havia me acostumado com eles e com a sensação evidente de que talvez aquela fosse a minha última respiração.
A luz ofuscante me engoliu e o frio cortante passou como um relâmpago cortando os céus em uma noite de perum, cuja tempestade afasta crianças de suas camas e aflige animais até que o mais forte garanhão de Colins fugisse de seu cavalariço surrado até a noite vasta.
Mantive-me quieta e me equilibrei para não cair enquanto continuava sentada e com os olhos fortemente fechados. Senti as solas das minhas botas molharem, percebi a brisa fresca em meu rosto e, com a calmaria evidente em meu redor, eu abri os olhos.
Eu estava bem no meio do lago claro, cujas águas eram cristalinas e eu podia ver conchas e pedrinhas no fundo dele. Pétalas de roxanas, flores típicas de Hécale, surgiam boiando até minhas botas e eu percebi que eu também estava boiando. Nada que caísse na água naquele momento faria a mesma se mover além de breves ondas calmas e relaxantes.
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Pelo Sangue da Besta (Saga Leviatã)
FantasyLivro I - Saga Leviatã - O que você faz quando o coração diz sim, mas a mente diz não? O que você faz quando todos te abominam ou detestam, quando a sua vida se torna um apoio? Ela era apenas uma jovem decidida a não se comprometer, decidida a lutar...