DRAGÕES

25 3 11
                                    

Ao passar pelos jardins em direção aos portões de saída do castelo, avistei o jovem príncipe Aliferouz sentado, não muito longe, sozinho e em silêncio, e um dos bancos azuis anis decorados com adornos dourados chamativos logo ao lado dos portões.

Eu diria que ele me parecia digno de pena, não seria de todo ruim se eu tirasse algum tempo para conhecê-lo, só me faltava um último planeta mesmo.

- Olá!

Parei em frente ao jovem tentando puxar algum assunto, talvez sendo gentil ele esqueceria o que havia acontecido. Talvez eu tentasse fazê-lo enxergar que poderia ser mais forte, não devendo dar motivos para os outros pensarem que ele é fraco só por ser um adolescente.

- Sou a Damara.

- Eu sei... A Mandri da Rainha Rubiana de Uriel.

Ele esticou as pernas e olhou para mim com uma ternura passageira que logo se findou.

Reparei seus olhos roxos e suas expressões parecidas com as do pai. Seu cabelo me parecia sedoso e macio, igualmente dourado, refletindo a riqueza nos tons pela luz do dia levemente acalorada. As orelhas arredondadas e seu porte real bem alinhado escondiam a delicadeza das pintinhas na pele ainda não amadurecida. Elas eram como uma constelação de planetas e estrelas e me deixei dar um leve sorriso por perceber sua doçura.

- Como sabe quem sou... você não escutou atrás da porta, escutou?

Pela sua voz, ele pareceu ser bem mais jovem do que eu havia imaginado, claro, se fosse em anos contados na atmosfera de Uriel, ele seria pouca coisa mais novo, mas eu já tinha 125 anos na contagem da atmosfera dele, mesmo ainda representando ter 47 em Uriel, o que para nós era uma idade juvenil.

- Não... Tomy, um amigo na corte de Mazu, me disse que você estava vindo.

- Um amigo?

Eu o observei tentando o pegar, mentindo, mas ele ficou em silêncio e abaixou o olhar para os pés tristonhos, como um garoto emburrado.

- Posso?

Me sentei ao seu lado após o garoto assentir e ele continuou, envergonhado e um pouco cabisbaixo.

- Me desculpe pelo que aconteceu lá dentro, eu não queria atrapalhar.

Percebi que ele estava desapontado, senti a vergonha dele quando estava frente ao pai e me lembrei de que ele gostaria de compartilhar algo. Eu poderia muito bem dar alguma atenção, já que o próprio pai não o fez, se assim ele desejasse.

- Não atrapalhou.

- Eu nunca fui da realeza e nunca fui importante em nada. Dei um sorriso sincero. - Mas tenho certeza de que se for um pouquinho mais paciente...

- Reis não se importam com quem realmente faz questão de sentir qualquer coisa por eles...

O menino me lançou um olhar cortante, mesmo ele me interrompendo, eu me calei. Eu não tinha direito e nem mesmo bagagem para dizer a ele sobre como um rei pensa ou o motivo de serem desprezíveis.

- Eles se interessam quando isso é algo proveitoso ao interesse deles, todos sempre foram assim.

- E... você fala como se não fosse de Uriel, tem certeza de que é Mandri da Rainha?

- Por que diz isso?

Olhei para o garoto, tentando entender como ele descobriu aquilo tão rápido, me peguei com um pouco de medo de ter deixado transparecer nos outros reinos, mas logo isso se esvaiu.
Eu realmente não era uma Mandri ou uma mensageira real e nunca me rebaixaria a ser uma serva da rainha Rubiana, eu era um soldado, uma guerreira.

Pelo Sangue da Besta (Saga Leviatã)Onde histórias criam vida. Descubra agora