DE GUERREIRO PRA GUERREIRO

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O fogo aquecia minha pele e me fazia suar.

As chamas se aproximavam mais rápido do que eu poderia imaginar, por entre elas eu via Graviel ao lado de Elina.

Eu não queria que ele viesse até mim, e nem mesmo me tirasse de lá, mas não era assim que eu imaginava morrer.

- Damara!

Aliferouz cumpriu a promessa.
Eu abri um sorriso ao vê-lo, mas já era tarde demais, meus olhos lacrimejando com o calor e eu arfei, tossindo.

Vi a boca de Graviel se mover quase que, em silêncio. Ele me dizia meu nome.

Aliferouz tentou correr até mim, mas às chamas cresceram.

- O que está fazendo?
Aliferouz retornou os mesmos passos, vindo em minha direção.

Ele tentou conter o fogo,mais, sem sucesso, acabou queimando as mãos.

Percebi alguns fios dos meus cabelos queimarem e mudei de posição. Misha começou a chorar pelas solas dos pés que também queimavam.

Eu olhei para cima, era branco, tão branco quanto leite. O som de alguns animais me chamou a atenção, o vento ficou forte e eu fechei os olhos e relaxei os músculos.
Uma garoa fina começou e o fogo se apagou aos poucos.

Eu caí no chão, ainda amarrada e chorando.

Aliferouz me abraçou delicadamente com as mãos queimadas, olhou para o meu rosto e depois me desamarrou com cuidado.

- Você está bem?

- Estou. - Obrigada. Ofeguei, me preparando para começar uma possível guerra.
- Fuja, por favor. Ele confirmou com a cabeça, mesmo não se conformando em fazê-lo, saiu depressa cambaleando.

- Não!
- Prendam-na agora. Os guardas se aproximaram com passos firmes e largos.

Observei Tim e a esposa em silêncio, implorei que ficassem seguros mesmo com as palmas das mãos e dos pés um pouco queimadas, eles ainda estavam vivos. Eu faria o possível para permanecerem inteiros.

Meus sentidos estavam mais aguçados.
Comecei pelo primeiro que me atacou, foi fácil derrubá-lo e, com sua própria arma, o matei em segundos.

Um por um, foram caindo mortos no chão.
Até o Ancião perceber que estava perdendo e fugir com os dois últimos guardas que sobraram.

Cansado, dolorido e ofegante, me virei parTenicúlo, que ainda estava caído no chão de terra batida. Eu previ seu olhar de desprezo, previ seus pensamentos atormentados e todos os julgamentos.

- Como isso é possível?
- Isso tudo é uma lenda! Tenicúlo estava pálido, sangue jorrava como um xilema por um alburno de uma árvore.

- Não entendo muito bem sobre isso, mas acho que vou precisar do seu cinto. Estendi a mão direita para ele com uma expressão pacífica.

- Meu cinto? Me questionou.
- Os planetas. Ele logo se tocou sobre o que eu me referia e mudou a expressão para indignação.

- Mas é claro, como você acha que pretendo matar o Leviatã? Sorri com o sarcasmo.

Era bom ver o rosto do homem se espantar, mesmo eu não tendo a mínima ideia se aquilo era o que eu deveria fazer de verdade.

- Não.
- Você não irá fazer isso!
Sr Lorez ergueu a espada ao lado de Tenicúlo, que se afastava, se arrastando pelo chão.

- Você, acima de todos, deveria me apoiar.
- Dois irmãos seus morreram por esse propósito.

Me veio à mente Sir Soneto Delfazão e Sir Lamião Delfazão. Eram trigêmeos.

Pelo Sangue da Besta (Saga Leviatã)Onde histórias criam vida. Descubra agora