SIR DELFAZÃO

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A terra passava rápido, como folhas de um livro sendo folheadas e degustadas por entre os dedos de uma criança impaciente.

Agarrei-me o mais forte possível em Aliferouz.
Eu realmente não sei como isso acabou acontecendo. No entanto, com tantas coisas malucas atualmente, essa foi a mais peculiar e boa até agora.

O problema era que eu não sabia como parar.
Cada vez, a velocidade aumentava mais e, nem mesmo se eu quisesse, poderia nos fazer parar de cair.

[...] [...]

Quando coloquei os pés na superfície mais sólida que encontrei, ainda estava abraçada ao menino loiro. Meus pés pararam com a força do impacto e os sapatos rasgaram o chão. Por fim, paramos aos poucos deslizando pelo solo seco e empoeirado de um local vasto e deserto.

Abri os olhos que eu havia fechado durante a queda, e me soltei do menino que estava um pouco assustado.

- Aliferouz, você está bem?

- Sim!

Ele se distanciou um pouco e se sentou no chão a alguns passos de onde eu permaneci em pé. Olhei por todos os lados e não havia nada, nem mesmo vegetação, água, relevos, era tudo deserto, abandonado e quente, muito quente.

[...] [...]

- Como viemos parar aqui?
Depois de Aliferouz ter tirado duas peças de roupas e mesmo assim estar pingando suor, me questionou sobre o que havia acontecido. - Porque viemos parar aqui?

- Eles iam matar você. Prendi pela segunda vez meu cabelo negro molhado e tirei o casaco, com o diário, e o joguei ao lado.

Agradeci aos céus por ter o pegado antes de sair para as vendas de hoje, já que o meu plano estava indo bem, até em tão.
Coloquei o casaco e o diário tão bem escondidos que eu sabia que Tim não o veria.

- Agora nós vamos morrer. Aliferouz lançou as palavras com um tom de arrependimento, não de gratidão.

Depois de muito tempo em silêncio, o meu estômago roncando me chamou a atenção. Parei para pensar no que a mulher de Tim havia me falado, como se minha chegada atrapalhasse o clima.
Mas ao pensar sobre isso, também me veio à mente o casal tão bom que eu havia deixado em uma enrascada há algumas horas atrás.

- Você confiou em mim e eu acabei com o plano, me desculpe. Aliferouz agora me pareceu entristecido.

- Não!
- Eu deveria ter um plano B, me desculpa por não reagir quando te prenderam.

- Não foi culpa sua.

- Claro que é, tudo isso é culpa minha...
- Fui eu quem deixou Graviel me seguir para dentro de um monstro comedor de planetas, eu coloquei a Períogra na sua porta, fui eu quem estraguei a vida de Tim e da esposa e, por fim, fui eu quem nos trouxe para cá...
- Nesse deserto calorento , podemos morrer de desidratação.

Eu me levantei, andei de um lado para o outro enquanto terminava minha reação de surto e me sentava novamente no chão fervente.

- Não é tudo sua culpa, Dama!
- Você teve a iniciativa de fazer uma coisa boa e foi escolha de Graviel querer vir com você, foi escolha minha passar pela experiência, Tim e a esposa vão ficar bem e nós vamos sair daqui. - Eu ainda confio em você. Os olhos roxos de Aliferouz me fizeram dar um pequeno sorriso de lado e tudo voltou ao silêncio novamente.

Como eu consegui entrar por dentro da Terra em um planeta, dentro de um monstro?
Era a única coisa que me deixava furiosa e enraivecida. Como isso foi acontecer?

Uma resposta veio direto em minha mente, como se fosse a resposta que eu procurava há horas.
O único jeito de sair de Nirote não era por cima, e sim por baixo. Pela geografia, esse seria o local mais duro do planeta, a fonte de energia nuclear, o núcleo do planeta. Por isso, o calor e o solo rochoso.

Pelo Sangue da Besta (Saga Leviatã)Onde histórias criam vida. Descubra agora