EXTINTO OU EXTERMINADO

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Quando Graviel tocou a palma da minha mão direita, por mais que eu soubesse que não poderia estar ali e que aquilo havia sido um acidente, um erro, eu entendi que não era mais eu quem deveria conduzir, mas Gaviel, porque minha mente me dizia. " Saia daí, fuja e não atrapalhe mais esse passo."

Graviel está praticamente noivo de Brieta, cuja jovem que estava a poucos metros de distância, sentada na sua cama, confiando em mim, para levar seu futuro esposo até ela. Mas, ao mesmo tempo, meu coração apagava meus pensamentos e me deixava paralisada, como se eu fosse obrigada a deixar Graviel no comando da minha missão pelos próximos três passos daquela miserável dança.

Quando eu percebi que estava nos braços de Graviel, já era o início das danças do salão. Todos já estavam dançando e eu nem mesmo percebi que nós abrimos com a primeira dança.

- Você está muito bonita. Graviel quebrou o silêncio, com um semblante calmo, ele terminou seu meio giro e me tomou novamente em postura.

- Por que fez aquilo? Eu não sabia se eu estava com raiva de Graviel por ele saber que aquilo era um erro ou se estava com raiva de mim mesmo por me sentir desconfortável o suficiente para perceber que aquele não era meu lugar.

- Há, não era você minha acompanhante? Sarcasticamente, ele olhou para o lado, estava diferente, sorriu e se achegou um pouco mais, até que nossos corpos quase se encontrassem.

- Não, Brieta, sua futura esposa é. Não sabia o que se passava na cabeça dele naquele momento. Graviel me parecia sádico e temperamental o suficiente para eu me manter afastada ao máximo que pudesse.
- Era ela quem deveria estar aqui... - Como me disse à noite passada, eu não fui feita para isso. Eu deixei Graviel no meio da dança e saí andando por entre os casais sem ao menos olhar para trás.

- A senhorita está perdida? Ouvi uma gentil voz bem perto das minhas costas antes de acordar e perceber que eu estava com a guarda abaixada, distraída demais para um soldado.

- O senhor me assustou um pouco. Me surpreendi quando vi o rei Trevor tão perto, com aquele olhar apaixonante de sempre, que me fez relaxar enquanto o moço ficou tenso.
- Não, eu estou bem. Eu sorri, para completar a confirmação, para que o homem pudesse também relaxar.

- A senhorita quer dançar? Acho que ele estava ocupado demais para perceber que eu já estava dançando, mesmo que dançar com Trevor não seria tão desconfortável quanto com alguém que já tem um par, porém, eu não queria outro inconveniente.

- Ah, não, chega de danças por hoje. Eu vi sua expressão se desfazer aos poucos e tentei contornar a situação. - Quer dar uma caminhada? - Seria bom dar uma escapada do baile por alguns instantes, além do mais, todos estariam reunidos em um só lugar cercado por guardas, não precisam de mim. Sorri para confortá-lo.

- Eu adoraria. O rei pegou minha mão direita com cuidado, não foi como a sensação que eu tive com Graviel, mas todo seu charme e sua gentileza ganharam algum sentido naquele gesto e me fizeram sorrir.

Eu guiei o Rei até a pedra no meio da floresta onde eu havia me sentado enquanto todos os casais passeavam, até Lumina torcer o tornozelo.

- Chegamos. Eu me sentei e esperei o Rei se ajuntar enquanto o silêncio pairava. - Tudo bem, achei que daria para ver os planetas e o Claridum, mas pelo que me parece, a cor vermelha já os consumiu. O homem abaixou o olhar uma única vez antes de olhar em direção aos céus.

- Por que eu precisaria de algum outro planeta ou estrela se eu consigo encontrar todos eles nos seus olhos coloridos, e é isso que me faz ficar cada vez mais apaixonado. Suas palavras vieram com tanto sentimento e me cortava o coração ficar tão desconfortável com elas.

Pelo Sangue da Besta (Saga Leviatã)Onde histórias criam vida. Descubra agora