Ao adentrar no quarto de UTI, uma tristeza profunda se apoderou de Dulce ao ver seu pai deitado naquela cama, respirando com o auxílio de aparelhos e conectados a tantos fios que ela não conseguia contar. Fitou-o durante cinco minutos enquanto deixava as lágrimas que lavavam sua alma descer sem cessar. Foi transportada para a lembrança do último abraço que deu no seu pai, pois de alguma forma sabia que tinha sido uma despedida. Ela pegou a mão dele e deu um beijo demorado e como se ele estivesse esperado sua filha estar ali para senti-la uma última vez, seu coração parou de bater.
-Não, não, não. Dr. Hunt, meu pai sofreu uma parada cardíaca. Ela sentia como se alguém tivesse tirado seu chão e de certa forma tinha, seu pai era o seu alicerce, seu porto seguro, seu amigo e companheiro de toda a vida.
Dr Hunt: Por favor Dulce, saia. Sei que é horrível mas faremos o possível para salvar seu pai, mas você aqui só irá dificultar o trabalho- falou Dr Hunt enquanto inseria a prancheta de reanimação abaixo do seu pai e dava ordem para as enfermeiras preparem 1 mg de adrenalina e iniciando as compressões cardíacas.
Dulce assistia aquela cena paralisada de medo, de repente tudo parecia que estava em câmera lenta, era como se estivesse presa em seu próprio ritmo, ouvia apenas uma voz distante lhe chamando.
Enfermeira: Senhorita Saviñon? Senhorita Saviñon? Saiu do transe quando a enfermeira tocou seu braço. - Sim?
Enfermeira: Por favor, queira me acompanhar até a sala de espera. Dulce obedeceu pois não tinha mais força para lutar, estava em pânico, em choque, inserida num pesadelo sem fim.
Já fazia uma hora que Dulce andava de um lado para o outro na sala de espera, enquanto rezava silenciosamente que a equipe conseguisse salvar seu pai. Quando resolveu se sentar viu Dr. Hunt no fim do corredor, tinha um semblante extremamente cansado.
Dulce: - Dr. Hunt, como está meu pai? Conseguiram reanimá-lo?. Ele não precisou responder, pois ela conseguiu enxergar naqueles olhos azuis a dor de ter perdido mais um paciente. A compreensão que estava órfã e sozinha naquela grande cidade lhe atingiu em cheio, seu pai fora a única família que conviveu durante os seus 23 anos e agora ela não sabia como ia seguir com sua vida. Uma nova onda de lágrimas se acumularam em seus olhos e sentiu suas pernas fraquejarem.
Dr. Hunt: Eu sinto muito por sua perda Dulce. Fizemos todo o possível para reanimar seu pai, mas o ferimento era muito grave e o coração dele não aguentou.
Dulce: Eu sei Dr. Hunt, eu agradeço a você e toda a sua equipe pelo atendimento e apoio que me deram nesse tempo. Se me der licença preciso entrar em contato com a funerária e organizar um funeral. Ele assentiu com a cabeça e sumiu no corredor.
Enfermeira: Senhorita Saviñon?
Dulce: Sim?
Enfermeira: O detetive Wesley passou aqui na sua ausência e deixou o cartão dele para que você entrasse em contato o mais rápido possível. E eu sinto muito por sua perda.
Dulce: Obrigada.
Pegou o cartão do detetive colocou na bolsa, entraria em contato após resolver as pendências do funeral de seu pai. Após organizar tudo resolveu ligar para o escritório e avisou que seu pai havia falecido e convidou o Senhor Lyle e sua secretária Katie para se despedir do seu pai, afinal desde que Dulce tinha sido contratada definitivamente pela empresa, Fernando fez questão de fazer um jantar para Pablo como forma de gratidão e a partir daí tinha sido iniciada uma amizade entre eles.
Decidiu ir a delegacia verificar quais informações o detetive Wesley tinha sobre o homem misterioso que apunhalou seu pai. Mas, antes decidiu ligar para verificar que horas ele poderia recebê-la, após marcado o horário resolveu ir o mais rápido possível ao seu encontro.
Ao entrar na delegacia havia uma mulher fardada na recepção, era alta, magra, loira e muito bonita. Abriu um sorriso e perguntou a Dulce - Olá bom dia, em que posso ajudar?
Dulce: Gostaria de falar com detetive Wesley, ele me aguarda.
Policial: Sim, claro. Me siga por favor.
Toc Toc Toc
Wesley: Entre
Policial: A Senhorita Saviñon chegou e deseja falar com o senhor.
Wesley: Pode mandar ela entrar, obrigado Rosalie.
A policial abriu a porta e Dulce entrou no escritório do detetive, não era um ambiente muito grande possuía um armário de metal, uma escrivaninha no centro e uma cadeira grande de couro marrom.
Wesley: Bom dia Dulce, como está seu pai?
Dulce: Bom dia, ele faleceu- ela falou dando um suspiro triste.
Wesley: Eu sinto muito pela sua perda.
Dulce: Obrigada.
Wesley: Bom, lhe chamei aqui para tomar seu depoimento, entendo que é um momento difícil para você mas, quanto mais informações nós tivermos mais rápido correrá as investigações.
Dulce: Vocês já têm um suspeito? Ou a motivação do crime?
Wesley: Infelizmente não, esperávamos que você pudesse esclarecer alguns fatos e nos dar a descrição do criminoso. Com que o seu pai trabalhava?
Dulce: Ele trabalhou muitos anos administrando uma empresa de investimentos da bolsa de valores, mas no momento encontrava-se aposentado e prestava apenas consultoria em ações.
Wesley: Algum concorrente ou cliente insatisfeito?
Dulce: Acredito que não, todos gostavam dele.
Wesley: Ok, pode me dar a descrição do homem que atacou seu pai?
Dulce: Sim, ele usava um sobretudo, calça e sapatos, assim como um capuz e chapéu todos na cor preta.
O detetive Wesley franziu a testa - todo de preto?
Dulce: Sim
Wesley: Ok, e arma do crime?
Dulce: Era uma adaga de prata, me parecia ser bem antiga e havia duas pedras vermelhas incrustadas logo abaixo da lâmina.
Quanto mais ela falava, Wesley franzia a testa, ficando cada vez mais intrigado, pois em 10 anos de carreira nunca tinha visto crime mais incomum.
Dulce: É isso detetive Wesley, eu espero ter ajudado. Já posso ir? Tenho um funeral para planejar- Ela falou engolindo o choro, precisava ir para casa não queria desabar na frente de um desconhecido.
Wesley: Pode sim Senhorita Saviñon e mais uma vez eu sinto muito pela sua perda.
Dulce: Obrigada - Fechou a porta e se dirigiu a saída, esboçou um sorriso tímido para a policial que lhe retribuiu da mesma forma. Ao passar pela entrada da delegacia adentrou na barulhenta cidade de Nova York.
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Tus ojos
FanfictionDulce Maria Saviñon era apenas uma jovem de 23 anos que acabara de se formar em uma faculdade de administração, com sua mãe falecida em decorrência de um grave acidente de carro ela ficou seu pai nos Estados Unidos. Porém, a vida torna-se um pesadel...