Tus ojos

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DULCE

Eu estava abraça a minha tia sem acreditar que, finalmente eu tinha conhecido a família da minha mãe, mal eu podia esperar para perguntar tudo sobre ela, meu pai sempre me respondia as perguntas, mas assumia um ar de tristeza sempre que eu tocava no assunto, então chegou um momento no qual eu não tinha mais coragem de perguntar, preferia não vê-lo sofrer e guardar minha curiosidade apenas para mim

Eu e minha tia nos desvencilhamos do abraço, ela me olhou com ternura, acariciou meu rosto e disse: - Você é muito parecida com sua mãe. Ao olhar por cima do seu ombro percebi que minha prima me observava com atenção, era muito bonita, loira dos olhos azuis como os céus, dona de um corpo invejável, aposto que é modelo

Minha tia a chamou: - Vem aqui Anahí conhecer a sua prima- ela me olhou timidamente e caminhou até mim, deu um sorrido e me cumprimentou estendendo sua mão: - Prazer, Anahí. Não se foi a emoção do momento, mas eu a puxei para um abraço, no primeiro momento ela se demonstrou surpresa, porém logo correspondeu. Olhei de lado e vi minha tia observando a cena emocionada, parece que ela esperava isso por muitos anos

Eu soltei Anahí e minha tia falou: - Vamos Dulce, entre, nós temos muito o que conversar. Entramos na casa e eu comecei a reparar em tudo ao meu redor, logo quando a porta foi aberta dava em uma sala pequena, tinha apenas um sofá, uma TV com DVD, uma mesa de madeira escura com seis lugares e um pequeno lustre em cima, havia uma pequena olha dividindo o ambiente da sala e cozinha, era tudo da cor branca, inclusive os eletrodoméstico. Apesar de ser pequena e simples, era tudo muito limpo e organizado. Quando terminei minha inspeção, percebi que minha tia e prima me olhavam com hesitação, então comentei: - Vocês tem uma bonita casa. Elas sorriram sem graça e minha tia falou: É muito gentil da sua parte Dulce, mas seu apartamento próximo a Time Square deve ser mais bonito. Eu me surpreendi, como sabia tanto de mim e eu nada dela?

-Como você sabe tanto de mim tia, e eu não sei nada sobre vocês?- eu a questionei esperando uma resposta satisfatória

-Seu pai sempre quis manter em segredo, ele nos achou a uns dois anos atrás, disse que quando chegasse a hora você viria me procurar. Eu também nunca entendi os motivos dele de forma clara, só soube que se alguém soubesse da nossa ligação a identidade de vocês corria perigo

Eu fiquei paralisada, de repente tudo fez sentido, meu pai ser uma pessoa simpática e gentil mas nunca cultivar muitas amizades, a forma que ele nunca contava sobre o acidente da minha mãe e evitava o assunto da minha família que morava no Brasil, a mudança deles para os Estados Unidos e, por fim, o encerramento das investigações em cima daquele assassinato nada convencional. Cheguei a conclusão que, quem quer que fosse que o tivesse matado, ele sabia quem era e o motivo daquele crime, eu me lembraria que a partir de hoje eu deveria tomar cuidado

Que tipo de vida eles viviam aqui para se refugiarem em outro país? me peguei pensando, saí do transe quando minha tia me chamou:- Dulce, se sente bem? Está pálida, parece que vai desmaiar a qualquer momento

Estou bem- respondi- apenas surpresa e tentando processar tudo isso

-Eu entendo Dulce, é muita informação para digerir. Porque não conversamos enquanto Anahí prepara um chá?- percebi que era apenas uma desculpa para nos deixar a sós

-Eu assenti, precisava de mais informações sobre a minha mãe e meu pai, para desvendar os mistérios que cercava minha família

-Então tia, você sabe onde e quando os meus pais se conheceram?

-Não sei te dizer ao certo Dulce, pois sua mãe tinha uma vida um pouco misteriosa, não sabíamos direito em que ela trabalhava, só descobrimos uns anos depois que ela foi embora, e posso afirmar que foi um choque e tanto

-Com o que ela trabalhava, arregalei os olhos e disse: -Ela era uma prostituta?- de repente meu estômago embrulhou com a possibilidade de ter nascido de um programa, no qual meu pai fosse um homem aleatório qualquer

-Ela arregalou os olhos e respondeu: - Não, Dulce, não era isso que ela fazia. Mas eu também pouco entendo esse universo que ela se meteu

-Pode me explicar melhor?- questionei

-Prefiro te mostrar depois, acredito que ajudará na compreensão

-Então, onde minha mãe trabalhava?

-Não sei Dulce, a única coisa que eu sabia é que era um clube noturno, no qual só pessoas convidadas poderiam fazer parte, ninguém sabia muito o que acontecia do lado de dentro, inclusive os sócios e funcionários assinavam um acordo de confidencialidade. Sua mãe sempre dizia que servia bebidas e fazia drink's no bar, eu acreditei, até porque ela tinha feito um curso a um tempo e estava procurando emprego na área. Só uns anos depois que eu soube o que ela realmente fazia naquele clube

-E o que ela fazia?

-Vamos, vou lhe mostrar o quarto dela e você irá entender. Inclusive achei uma carta no seu nome escondida entre as coisas dela, parece que ela sabia o perigo que corria e escreveu para você para se explicar

-O que tinha escrito na carta?

-Não posso responder a sua pergunta, eu não a li, ela deixou uma carta para mim também, se desculpando e pedindo que eu cuidasse de você caso um dia viesse a nos procurar

Chegamos a porta do quarto, ela abriu e me deparei com um cômodo simples, uma cama de casal com lençóis brancos, uma cômoda da mesma cor e um banheiro pequeno com azulejos azuis. Percebi que no meio do quarto tinha um guarda-roupa, minha tia me encorajou ir até lá e quando abri aquela porta, fiquei estarrecida com o que encontrei, pouco sabia sobre aquele universo, mas já havia ouvido falar bastante da prática, sabia que não era prostituição, mas...não soava diferente disso

Meninas, me desculpem a demora em postar, ocorreram mil imprevistos essa semana. Esse é o capítulo extra prometido, o capítulo de hoje eu vejo se consigo postar durante a semana.

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