DULCE

Entrei em casa com a roupa encharcada da chuva e resolvi fazer o meu ritual quando estou triste ou estressada. Abri a torneira da minha banheira e esperei ela encher, coloquei meus sais de banhos preferidos, menta e chocolate, é um cheiro que sempre me acalma e me conforta. Após ficar imersa 40 minutos na água da banheira misturada com minhas lágrimas meu telefone toca, é a Maite, provavelmente querendo saber como estou.

Dulce: Oi Mai, falei com uma voz desanimada

Maite: Oi Dul, estou ligando para avisar que eu chego às 18 h no aeroporto, vem me buscar e depois jantamos?

Dulce: Claro Mai

Maite: E como você está? Como foi o funeral?

Arregalei os olhos e me lembrei que não havia entrado em contato com o detetive Wesley para saber se o assassino de meu pai foi preso. - Mai, estou bem na medida do possível, amanhã te explico tudo, mas agora eu tenho que fazer uma ligação urgente. Me liga amanhã quando chegar no aeroporto, beijos.

Maite: Mas... Dul...

Dulce: Por favor Mai, depois te explico com calma, é realmente urgente.

Maite: Ok, mas amanhã você não me escapa. Vai me contar toda a história em detalhes. Beijos, até amanhã.

Dulce: Até, beijos.

Me apressei em ligar para o detetive Wesley, no quarto toque, ele atendeu. Nem esperei ele falar e fui me apressando em dizer: Oi detetive, aqui é a Dulce, por favor, diga que tem boas notícias para mim. Me diga que esse monstro foi preso e esse pesadelo acabou.

Detetive Wesley: Ele suspirou do outro lado da linha e disse; infelizmente não Senhorita Saviñon, conseguimos pegá-lo, mas ele me desarmou e escapou. Não me pareceu um cara comum, da forma que agiu aparentava ter recebido anos de treinamento. A boa notícia é que o oficial que me acompanhava conseguiu acertá-lo no ombro, ou seja, uma hora ele vai precisar de atendimento médico. Já enviei o alerta para todos os hospitais em um raio de 50 km e pedi para reportagem quaisquer ferimentos a bala.

Dulce: Não era o que eu queria ouvir, mas ainda sim é uma boa notícia. Mas você acha que eu era o alvo?

Detetive Wesley: Acredito que sim Senhorita Saviñon, vou colocar você em um programa de proteção. Você só sairá acompanhada e ficarão dois oficiais disfarçados 24 h por dia.

Dulce: Não acredito que minha vida se tornou esse pesadelo, em apenas 48 h deu tudo errado.

Detetive Wesley: Eu sei que é difícil Senhorita Saviñon, mas é tudo pela sua segurança. Amanhã passe na delegacia, vai precisar trocar o seu nome, teremos que retirar por hora o nome Saviñon.

Dulce: Ok detetive, obrigada. Até amanhã.

Eu levantei e me enrolei na toalha, ao adentrar no meu quarto vejo em cima da escrivaninha um porta retrato, nele havia uma foto que tirei com meu pai em um picnic no Central Park, fazíamos todos os domingos durante o verão e a primavera, já tinha se tornado uma tradição de família. Ao sentir as lágrimas escorrerem pelo meu rosto, susurrei: Porque você tinha que ir pai?, vou sentir muito sua falta. Quem vai estar aqui para mim quandotudo der errado? Você era minha única família. Coloquei a foto em cima da escrivaninha e ao fechar os olhos por um momento o cansaço me atingiu e eu adormeci.

Acordei as 10 h da manhã, me arrumei e me dirigi a delegacia. Entrei e acenei para Rosalie e ela me avisou que o detetive Wesley já me aguardava.

Toc toc toc

Wesley: Entre. Ele me olhou e disse: - Bom dia, Senhorita Saviñon, sente-se por favor.

Dulce: Bom dia detetive. Alguma novidade do caso?

Wesley: Infelizmente não, lhe chamei aqui para entregar seus novos documentos, o nome impresso é: Dulce Maria Espinosa, a partir de agora será Senhorita Espinosa. Além disso, vou lhe apresentar os dois oficiais que ficarão no primeiro turno de hoje: esses são Matt e Enzo.

Dulce: é um prazer conhecê-los, falei dando um sorriso fraco.

Wesley: Por hora é só Senhorita Espinosa, os rapazes vão lhe acompanhar até em casa. Lembre-se, não utilize o nome Saviñon e se possível uma mudança de visual seria bem-vinda para despistar o criminoso.

Dulce: Ok, detetive. E mais uma vez, obrigada.

Wesley: por nada, qualquer avanço no caso eu entro em contato.

Olho no relógio e percebo que é quase meio-dia, vou correndo para casa, pois preciso almoçar e me preparar para a chegada de Maite. Após a refeição resolvi arrumar a casa, não que minha amiga fosse reparar isso, mas eu precisava ocupar minha mente com alguma coisa ou iria enlouquecer. Após colocar tudo em seu devido lugar e ajeitar o quartinho que Mai ia ficar , me dei conta que já eram 17 h e Maite me avisou que chegaria no aeroporto às 18 h.

Tomei um banho rápido de chuveiro e vesti uma calça jeans escura cintura alta, um cropped preto e um casaco de zíper da mesma cor. Para combinar optou por uma sandália de salto plataforma na cor branca. Prendi o cabelo em um rabo de cavalo, apliquei uma leve maquiagem apenas para esconder as olheiras. Desci peguei minha BMW azul e me dirigi ao aeroporto junto com Matt e Enzo.

Ao chegar ao aeroporto são 18:10 e vejo Mai saindo do portão de desembarque. Ela logo me vê e abre um sorriso, Maite é daquelas pessoas que apenas com o ato de sorrir ilumina todos a sua volta. Tento retribuir, mas de mim só sai uma tentativa de esboçar um sorriso que mais parece uma careta.

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