Dulce ficou ali estagnada, paralisada de medo, ela se perguntava porque o homem que matou seu pai teria se arriscado vir no funeral? Teria vindo conferir que ele estava realmente morto ou teria ido matá-la também? Com esse pensamento o pânico lhe atingiu, desceu do altar as pressas e pegou seu celular na bolsa enquanto o Senhor Lyle e Katie lhe olhava com olhos preocupados. - Está tudo bem Dulce? falou Pablo. - Sim, ela respondeu. Então Katie interveio- Não parece, você está pálida parece que vai desmaiar a qualquer momento.
Dulce: Estou bem, só preciso fazer uma ligação
Wesley: Detetive Wesley
Dulce: Oi detetive, aqui é a Dulce. O assassino do meu pai acabou de aparecer aqui no funeral.
Wesley: Tem certeza Senhorita Saviñon? Há quanto tempo?
Dulce: Sim, ele saiu a um minuto.
Wesley: Não saia daí, estou próximo ao cemitério fiquei por perto na esperança que o assassino fosse aparecer. Estou mandando dois oficiais entrarem pela frente e irei com mais um pelo fundo. Fique aí e prossiga com a programação do enterro.
Após desligar o telefone Dulce fitou a chuva grossa escorrer lá fora, talvez tivesse esperança de que a dor no peito fosse lavada. Mas isso não aconteceu e ela ainda precisava enterrar seu pai, o único homem que ela tinha amado em sua vida. Seguiu para dentro da capela e avisou que já estava na hora de todos irem para o cemitério, assim o pequeno grupo de preto seguiu atrás do caixão. Dulce seguia em câmera lenta, anestesiada das sensações, só percebia que estava chorando quando as lágrimas embaçavam sua visão. Ela havia levado rosas vermelhas para colocar na lápide de seu pai, escolheu essa cor porque representava o amor que ela sentia por ele, sempre usou as cores como forma de expressão dos seus sentimentos. Quando estava em paz optava por branco, quando estava feliz escolhia cores leves como azul e amarelo, se estava neutra escolhia cinza e quando triste escolhia vestir preto.
Aos poucos o caixão chegava cada vez mais próximo do fundo da cova, foi quando a realidade lhe atingiu em cheio, não veria e nem abraçaria mais seu pai, não poderia contar com ele quando tudo desse errado ou comemorar suas próximas conquistas. Então ela se ajoelhou na terra em meio a chuva, olhou para o caixão e falou: - Eu prometo pai que o homem que tirou a sua vida também terá esse mesmo fim, nem que seja a última coisa que eu faça em vida. Então para celar aquela promessa jogou as rosas vermelhas em cima do caixão.
Pablo colocou a mão no seu ombro e ofereceu a mão para que ela se levantasse, foi quando percebeu que ainda de encontrava ajoelhada na terra e encharcada da chuva.
Senhor Lyle: Vamos Dulce? Eu te levo para casa.
Dulce: Sim
Senhor Lyle: Tire o mês de férias para se recompor e estaremos de braços abertos te esperando para assumir seu novo cargo. Se precisar de algo me avise sim?
Dulce: Mas Senhor Lyle, como vou tirar férias se ainda nem trabalhei? Quem irá assumir a posição da vice-presidência?
Senhor Lyle: Não se preocupe com isso Dulce, o senhor Salvatore ainda precisa de um mês para resolver sua aposentadoria.
Dulce: Obrigada Senhor Lyle, acho que nunca vou agradecer o suficiente.
Senhor Lyle: Não precisa Dulce, você sabe que é como se fosse uma filha pra mim. Agora vamos antes que você fique resfriada.
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OLHOS CASTANHOS
Eu estava parado na porta da capela, não pude evitar fiquei hipnotizado enquanto ela cantava uma música em espanhol da qual que não sabia o nome, mais uma vez só tive o vislumbre dos seus cabelos ondulados cor de chocolate. Assim que ela terminou, olhou para mim e vi aquela mesma dor misturada com terror de quando ela me flagrou apunhalando seu pai. Mais uma vez a vi e não consegui gravar os detalhes do seu rosto, pois só conseguia prestar atenção no seus olhos, naquele olhar que me desprezava por tirar uma pessoa importante da sua vida. Saí correndo, o que eu estava pensando? Nunca fui descuidado em nenhuma das minhas missões, sempre fui frio e calculista, não consigo explicar mas aquele olhar me mudou.
Eu segui correndo para a saída dos fundos do cemitério, enquanto a chuva forte caia sobre mim encharcando minhas roupas e nublavando minha visão, ao chegar próximo a saída escutei um trecho de uma conversa: ... "Estou mandando dois oficiais entrarem pela frente e irei com mais um pelos fundos"... Não esperei para ouvir o restante da conversa, droga eu precisava me esconder se fosse pego minha vida estaria acabada, sendo preso em menos de de 24 eu estaria morto, queima de arquivo.
Ao procurar a saída, encontrei uma pequena casa e sem pensar muito entrei, pedindo a quem quer que que estivesse escutando minhas preces que estivesse vazia. Assim que entrei, percebi um caixão vazio e aberto, era preto e de um veludo vermelho vivo dentro, com certeza aguardava um corpo para que pudesse ser preparado para o funeral. Sem ter muita escolha entrei no caixão e fiquei segurando a tampa um pouco suspensa com as duas mãos, nesse momento eu só conseguia pensar que deveria ter ido embora depois de conseguir o diamante vermelho e ter finalizado meu relatório.
Fui tirado dos meus pensamentos quando a porta se abriu e ouvi passos se aproximando e uma voz que dizia: "Aqui está limpo, vamos entrar em contato com os outros oficiais para ver se tiveram mais sorte na busca".
Agradeci mentalmente que não tenham tido a ideia de abrir o caixão, espero uns cinco minuto e saio a procura da saída, assim que consigo deixar o cemitério para trás sinto uma onda de alívio me invadir mas não por muito tempo, havia arma apontada atrás do meu ombro. Fico paralisado pensando no que vou fazer para me livrar dessa situação, afinal, fui treinado para sair de diversas situações complicadas como esta.
Detetive Wesley: Se der mais um passo eu atiro, coloque as mãos na cabeça.
Mas ao invés de fazer isso, me virei de forma brusca e derrubei o policial que apontava a arma para mim, ele caiu e ficou desnorteado. Mas eu tinha esquecido que havia mais um oficial com ele, não deu tempo de processar a informação, pois quando me dei conta já tinha sido atingido no ombro, vi o sangue escorrendo junto a água da chuva pela calçada, aproveitei que o policial estava indo socorrer o detetive e fiz o que eu sabia fazer de melhor, desaparecer nas sombras da noite.
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Tus ojos
FanfictionDulce Maria Saviñon era apenas uma jovem de 23 anos que acabara de se formar em uma faculdade de administração, com sua mãe falecida em decorrência de um grave acidente de carro ela ficou seu pai nos Estados Unidos. Porém, a vida torna-se um pesadel...