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DULCE

Meu primeiro dia como vice-presidente tinha sido intenso, havia tanto trabalho acumulado que teria que ficar toda a primeira semana imersa em relatórios, a fim de me atualizar devido ao tempo que fiquei fora. Trabalhei tanto que nem sai do escritório para almoçar, estava tão concentrada no trabalho que nem notei que meu expediente já havia acabado, a verdade é que eu amava meu trabalho e nunca era sacrifício para mim passar horas dedicada a ele.

Peguei minhas coisas e me dirigi a saída, olhei para a recepção e vi Katie apoiada no balcão escrevendo algo em sua agenda, ela levantou o olhar pra mim e sorriu, eu retribui e logo perguntei sem rodeios: Porque eu tenho a impressão que você conhecia o dono da Ferrari vermelha? arquiei uma sobrancelha. Ela teve a decência de corar e disse: Eu não conhecia ele Dulce, apenas soube pelo senhor Lyle que o senhor Uckermann tinha esse carro e como não é muito comum eu supus que era dele, mas de jeito nenhum poderia imaginar que ele estava bem atrás da gente. Nos olhamos com cumplicidade e não seguramos o riso, demos boas gargalhadas lembrando do ocorrido, então eu disse enxugando os olhos: foi uma cena e tanto. Ela acrescentou: E como foi, falou de um jeito estranho.

Olhei para ela e perguntei: o que quer dizer com isso? Ela se aproximou de mim e falou baixinho - acho que o senhor Uckermann ficou interessado em você. - Impressão sua Katie, eu disse um monte de besteiras para ele, falei mal do seu gosto de carros e ele ia me dedurar para o senhor Lyle. Além disso, o que um homem daquele ia querer comigo? Deve ter uma fila de mulheres atrás dele.

Katie: Por isso mesmo Dulce, está acostumado com as mulheres aos seus pés e você agiu totalmente diferente. - Olha eu não deveria nem te contar, mas ele passou por mim quando saiu da sala do senhor Lyle e me perguntou sobre você. Arregalei os olhos, e falei: sobre mim? O que ele queria saber?

Katie: Se você se irritava fácil e julgava as pessoas pelo seu gosto por carros, ela disse sorrindo. Me senti verdadeiramente envergonhada pelo que fiz, com certeza ela percebeu que eu corei e ainda falou: não fica assim Dulce, ele falou brincando. Mas falando sério se eu fosse você investiria.

Dulce: Deus me livre Katie, com certeza é daqueles homens que não param com nenhuma mulher e apesar de não querer um relacionamento com ninguém agora, não me apetece ser apenas mais uma na cama de alguém. Antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa fui logo me despedindo, tchau Katie, até amanhã.

Katie: Até, falou acenando.

Desci pelo elevador, peguei minha BMW e fui para casa. Tomei um banho relaxante de banheira com meus sais de chocolate e menta. Me enrolei na toalha, sequei os cabelos, vesti meu pijama e fui fazer meu jantar, optei por uma massa simples acompanhada de um vinho tinto.

Resolvi ligar para minha amiga Mai, ficamos conversando por mais ou menos uma hora, eu conto sobre meu primeiro dia de trabalho, tento esconder a parte do senhor Uckermann, mas ela é muito pespicaz e percebe que escondo algo. Sem saída eu conto tudo, enquanto ela gargalha muito alto do outro lado da linha. Então ela diz: sério Dul? Você chamou o cara de tudo isso e depois descobriu que era seu chefe? Desculpa se não consigo parar de rir, mas é que imagino a cara do sujeito quando ouviu tudo o que você falou. Já estou sem graça de tanto que ela ri da minha cara e digo que estou com sono e vou dormir, ela não se convence mas se despede e desliga.

Deitei na cama e estando exausta eu dormiria logo, certo? Errado, eu me virava de uma lado para o outro tentando achar uma posição confortável, mas na verdade o motivo da minha insônia era dono de um belo par de olhos verdes. Só de pensar que amanhã poderia vê-lo novamente, senti um frio na barriga e um calor estranho subindo pelo meu corpo. Meu Deus, nunca fiquei assim por nenhum homem, não sou virgem é claro, tive alguns casinhos na faculdade, mas não me lembrava de ter me sentido assim alguma vez. Mesmo com caras extremamente bonitos eu nunca consegui chegar a um orgasmo, acabava sempre fingindo, me sentia mal por isso, mas o que eu poderia fazer? não queria ferir o ego de ninguém, afinal, sabia que o problema era comigo.

Em meio a meus disvaneios acabo adormecendo e nem em meu sono tenho paz, pois sonhei que estava sozinha com o senhor Uckermann no elevador, então ele me olha e vejo desejo em seus olhos, então de repente me beija, começa passar a mão pelo meu corpo e quando vai tirar minha roupa...o despertador toca e eu me levanto sobressaltada e ofegante. Quando consigo controlar minha respiração murmuro para mim: Deus, o que está acontecendo comigo?

Por fim, decido me levantar, fiz minha higiene matinal, tomei um banho frio para aplacar meu calor. Como se alguém pudesse interpretar meus sentimentos através das cores que visto, optei por um terninho cinza simbolizando neutralidade. Fiz uma maquiagem leve, coloquei meu perfume favorito e resolvi colocar um salto preto. Peguei minhas coisas e me dirigi ao escritório.

Cheguei no hall, olhei o relógio e eu ainda tinha 20 minutos. Fiquei nervosa só de olhar o elevador, quando ele se abriu e eu entrei, soltei o ar aliviada, ele não estava ali. Segui para a minha sala, avistei Katie, acenei e ela disse: -Dulce o senhor Lyle gostaria de falar com você, disse que é urgente, pediu para avisar que assim que chegasse fosse direto a sala dele. Meu sorriso morreu, o que será que ele quer falar? Me pergunto se o senhor Uckermann pediu minha demissão. Agradeço a Kate e decido parar de imaginar e me encaminho para a sala do senhor Lyle.

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