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DULCE

Vamos ver o encontro pela percepção de Dulce?

Era o meu primeiro dia de trabalho, ia assumir meu cargo de vice-presidente da corporação Lyle, eu estava feliz, não completamente, mas ainda sim, feliz. A verdade é que a ausência do meu pai ainda me corroia por dentro, como uma ferida aberta que precisaria de um tempo para fechar, deixando apenas uma cicatriz.

Acordei uma hora mais cedo, pois precisava deixar May no aeroporto, ela precisava voltar para Londres para concluir seu projeto de pós graduação. Enquanto eu me olhava no espelho contemplava uma nova mulher na minha frente, ontem tinha ido as compras com Mai, troquei os terninhos folgados por modelos mais justos, que de acordo com minha amiga ressaltava minhas curvas. Comprei diversos modelos de várias cores e até acabei levando vestidos de festa. Além das roupas, resolvi passar no salão para uma transformação completa, cogitei pintar o cabelo de preto e até de loiro, mas por fim optei por um vermelho, isso mesmo vermelho, sei que é muito ousado para quem tem uma posição importante em uma corporação, mas eu me sentia uma nova mulher e apesar de ter mudado, a minha mania de usar cores para refletir meu humor ainda continuava presente.

Era assim que eu me sentia no momento, ousada, pronta para novas experiências de vida. Sempre fui retraída e fazia tudo com demasiada cautela e não consegui nada com isso, minha mãe morreu quando eu era criança e perdi meu pai recentemente de uma maneira trágica.

Pensar no meu pai enviou um aperto para o meu coração, os olhos se encheram de lágrimas e pensei: ele não gostaria que eu mudasse, mas não consigo evitar, eu estava quebrada, destruída e a culpa é daquele maldito homem dos olhos castanhos que até hoje a Polícia não descobriu quem era, não há nenhuma pista. Tudo o que eu queria era me vingar, eu acreditava que só assim teria paz. Antes de deixar as lágrimas escorrerem pelo meu rosto, Mai me chama: Temos que ir Dul, meu voo sai em uma hora, assinto com a cabeça.

Dei uma última olhada no espelho e aprovei minha aparência, estava com os cabelos vermelhos lisos, uma maquiagem leve no rosto, para vestir escolhi um terninho verde escuro, pois a cor representava a esperança que eu tinha de dias melhores, mal eu sabia que minha vida viraria de cabeça para baixo a partir de hoje. Calcei meus saltos pretos baixo, pois sabia que teria um dia longo pela frente e me dirigi a sala. Encontrei Mai sentada no meu sofá com as malas prontas, ela levantou o olhar e eu disse: Vamos? Ela confirmou, pegou suas malas, peguei as chaves da minha BMW e partimos.

Deixei minha amiga no aeroporto em meio a abraços e lágrimas. Quando eu entrei no carro eu ainda chorava, olhei o relógio e ainda faltava uma hora para a reunião com o senhor Lyle e o senhor Uckermann. Não sabia do que se tratava a reunião, mas sabia que deixaria uma péssima impressão se chegasse atrasada no primeiro dia, enxuguei as lágrimas e retoquei a maquiagem, em dez minutos eu já estava de volta as ruas.

Faltando poucos minutos para chegar no escritório, o trânsito tá um caos, tudo parado por causa de um acidente. Olho pela janela e vejo um táxi e um carro preto um de frente para o outro, percebo que o taxista e o outro motorista discutem calorosamente enquanto um guarda de trânsito baixinho tenta intervir. Eu até riria da cena cômica se não estivesse tão irritada porque iria me atrasar. Dei um suspiro de frustração, meu dia já tinha começado errado.

Após longos 30 minutos o trânsito é liberado e faltam apenas 5 minutos para o início da reunião, eu resmungo um palavrão e sigo estacionamento adentro, procuro minha vaga e vejo uma Ferrari vermelha estacionada. Minha irritação atinge um nível que tenho certeza que dá para ver fumaça saindo da minha cabeça, claro que iam pegar minha vaga no primeiro dia como vice presidente e me fazer chegar muito mais atrasada. Estaciono na primeira vaga que encontro e saio correndo pelo hall, ao chegar vejo o elevador quase se fechando e Katie sorri e segura o elevador pra mim.

Katie: Bom dia Dulce, nossa, amei o visual novo, exclama ela piscando os olhos como se quisesse ver se era realidade me ver desse jeito.

Dulce: Murmurei um obrigada me sentindo sem graça. Fechei a cara e bufei de impaciência. Katie me olhou e disse: aconteceu alguma coisa Dulce? . Olhei para ela e contei sobre o idiota metido que estacionou bem na minha vaga me atrasando mais ainda.

Katie: ela dá uma risadinha e me diz: nossa Dulce eu nunca te vi assim irritada. E acrescenta arqueando uma sobrancelha: Tem certeza que é um playbozinho metido que estacionou na sua vaga? Por um instante acho que ela conhece o dono do carro, mas mesmo assim eu digo: só pode ser Katie quem vem de Ferrari vermelha trabalhar em um escritório, um adolescente no corpo de um homem? Katie solta uma gargalhada dentro do elevador e fala: não conhecia esse seu lado divertido Dulce.

De repente eu sinto que estou sendo observada por alguém atrás de mim, quando me viro, a única coisa que consigo pensar é Uau, minha nossa, que homem é esse, alto, forte, cabelos loiro escuro e olhos verdes, me perdi por uns instantes neles e o encanto acabou quando ele se apresentou como o dono da Ferrari vermelha e acrescentou todos os adjetivos que o chamei. Fiquei com vergonha do que eu disse, mas foi por pouco tempo, assim que percebi que ele estava debochando de mim, deixei-o com a mão suspensa sem cumprimentá-lo.

Chegamos ao vigésimo andar, ufa, salva pelo elevador, mas meu alívio dura pouco tempo, enquanto eu torço para que o homem da Ferrari siga por outro caminho, sendo hoje meu dia de azar,ele segue atrás de mim. Já irritada paro de andar e me viro para ele e pergunto: está me seguindo? Ele me olha e responde: o mundo não gira ao seu redor senhorita, apenas tenho uma reunião na sala no fim do corredor, então me sinto mais vergonha, mas não demonstro. Rebato dizendo que há um engano porque eu tenho uma reunião com o senhor Lyle e quando olho no relógio solto um gemido de frustração, estou 20 minutos atrasada. Deixo o homem ali no corredor e sigo meu caminho com ele atrás de mim, então um pensamento me atingiu em cheio e o pânico se instalou no meu peito: não, não pode ser, ele não pode ser o senhor Uckermann, se for meu Deus que vergonha, imagina se ele se queixa ao Senhor Lyle? Vou acabar sendo demitida no meu primeiro dia como vice-presidente. Será que meu dia poderia ficar pior que isso?

Chego na porta e bato o senhor Lyle nos recebe com um sorriso, se vira para o homem e fala: Bom dia Sr. Uckermann, vejo que já conheceu a senhorita Espinosa, nossa vice-presidente. Logo acrescentou: Dulce, eu quero que conheça o novo sócio majoritário da corporação Lyle, Christopher Uckermann. Esquece a pergunta anterior, é claro que meu dia pode ficar pior que isso, acabei de chamar meu novo chefe de idiota, playbozinho metido e adolescente no corpo de homem.

Eu olhei para ele e fiquei muda, não consegui emitir um único som, arregalei os olhos, tinha certeza que ele ia me dedurar e a certeza veio quando ele falou: Sim, vamos dizer que foi uma forma bem interessante como nos conhecemos. Acabei pegando a vaga dela de estacionamento então ela me chamou de... consegui interromper ele a tempo, estendi a mão e me apresentei: é um prazer Sr. Uckermann, Dulce Maria Espinosa.

Ele falou o prazer é todo meu senhorita Espinosa, pausadamente em um tom sugestivo dando um sorriso presunçoso. Que homem descarado, logo captei suas intenções, aproveitando que o senhor Lyle estava procurando os documentos lancei um olhar de reprovação para ele. Me sentei na cadeira ao lado do senhor Lyle, peguei minha agenda e fingi estar escrevendo algo, isso mesmo, cheguei a esse ponto, pois o descarado do senhor Uckermann estava olhando para mim sem parar, me deixando extremamente desconcertada. Percebi que ele estava segurando o riso, esperando que eu olhasse de volta, foi difícil, mas eu resisti, não deixaria ele sair vitorioso.

O senhor Uckermann finalmente assinou o contrato, apresentações feitas, eu apertei a mão dele e fiquei arrepiada, ele percebeu a minha reação e deu um sorriso zombeteiro. Me amaldiçoei mentalmente pelo meu corpo reagir assim a ele, dou um sorriso sem graça e me despeço do Senhor Lyle. Me encaminho a minha sala, quando sento dou um suspiro de alívio e penso, meu Deus quem é esse homem?

E aí?  Me falem o que estão achando.

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