Música: My Happy Ending - Avril Lavigne
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A festa havia acabado por volta das duas da madrugada. Ele guiava o carro de forma exagerada, assustando a mulher no banco do passageiro. Muitas vezes ela quis gritar e até saltar do carro, mas isso poderia apenas enraivecê-lo. Portanto, era muito mais seguro ficar em silêncio, agarrar firme o tecido de sua jaqueta jeans ao se abraçar e fechar os olhos a cada semáforo vermelho que ele ultrapassava.Ela não tinha muita escolha, há não ser acompanhá-lo. O teatro que ela fazia há um bom tempo, tanto para sua família, amigos e até para ele, lhe renderia um Oscar e uma estrela na estrada da fama, se este fosse o seu caso. Mas, não era esse o caso, infelizmente.
Kagome havia se casado há mais ou menos dois anos com aquele homem que lhe vendeu a aparência de um príncipe. Hoje, ela sabia que ele era um príncipe da enganação. Nada realmente o agradava agora. Nem o que ela fazia naturalmente, como no namoro... Usar um vestido bonito, pintar as unhas e cortar o cabelo. Essas regalias não eram mais tão bem vistas por ele. Bankotsu preferia vê-la de macacão e de cabelos amarrados, tampando-se o máximo possível nas pernas por que ele sempre achava que ela era ousada demais e esbanjava o que era somente dele para todos os homens que a conheciam.
Não usava mais maquiagem, não saía sem a companhia dele. Não vivia mais como antigamente.
O pior não eram seus olhares ciumentos, mas o que ele fazia depois disso.
Bankotsu parou o carro dentro da garagem e pegou do porta copo a lata de cerveja, levando-a até os lábios e sorvendo um pouco do líquido. Porém, este já estava quente e difícil de engolir, provocando uma careta e um olhar furioso para o lado direito.
- Ei! Sua estúpida! - ralhou com a voz enrolada.
Toda a vez que ele a chamava assim, sabia que devia se preparar, engolir qualquer expressão e fingir abster-se do ódio que sentia dele.
- Diga amor. – ela olhou-o.
- Da próxima vez que você ficar de gracinha com aquele idiota do Houjo, você vai se ver comigo! – aquilo não fazia sentido algum na cabeça dela. Houjo era seu primo e quatro anos mais novo que ela. Ele estava com ciúmes dele? Um adolescente?
- Amor, ele é o meu primo. Apenas cumprimentei-o. – disse com cuidado.
- Porra nenhuma! – jogou a lata de cerveja em seu rosto, fazendo parte do líquido maltado molhar seu rosto e sua roupa – Você ficou se engraçando com ele que eu vi! Você é uma vagaba! – abriu a porta do carro e saiu. Enquanto ela segurava a vontade de chorar, ele colocou a mão no vidro do carro e olhou para dentro, falando em seguida – Dá próxima vez que isso acontecer... Você já sabe. – arqueou a sobrancelha e abriu um sorriso de canto, débil pela cerveja e seu mau caráter.
- S-sim. – ela acenou em positivo, olhando a lata em seu colo ainda derramando parte da cerveja quente.
- Ótimo.
Quando ele saiu de perto, um soluço foi liberado de sua garganta. Ela não poderia chorar muito alto, pois ele ainda lutava com a chave na porta da casa para abrir e entrar. Sabia que teria que limpar aquilo muito rápido por que se não o cheiro azedo da cevada não sairia mais dos bancos de tecido do carro deles, uma caminhonete velha que mal tinha todas as lanternas funcionando.
Kagome apertou os olhos com força, chorando em silêncio e aguardando o momento em que seu marido entrasse dentro da casa Trailer deles. Assim que ele o fez, Kagome desabou. Por ironia do destino tocava uma música ainda no rádio do carro que a fez afundar-se mais ainda naquele poço de dor a qual se encontrava.
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Gaiola
Fiksi PenggemarInspirada na música: History Of Violence - Theory Of a Deadman https://www.youtube.com/watch?v=hgHwXM7GYuk ~ ~ ~ O marido perfeito! Bankotsu aparentava ser doce para todos, querido e amável. Um homem digno de confiança! Mas o seu temperamento ex...