•capítulo 65•

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•Bruna•

Uns dias se passaram, meu apetite estava indo de mau a pior, não saia de casa, muito menos do meu quarto, respondia algumas mensagens no whatsapp mas nada além disso. Passava meu tempo na cama, sem ânimo, sem disposição e sem vontade.
Estava deitada, quando ouvi a porta sendo aberta. A voz de Sarah e David, ecoa pelo quarto fechado e escuro.

Sarah: ei. -puxa os edredons de cima de mim.

Bru: sai -tentei puxar de volta, sem exito sento na cama e encaro aqueles dois invasores. - estão fazendo o que aqui?

David: a gente não teve notícias suas mais.

Sarah: Então viemos te ver.

David: e ainda bem que viemos, você ta horrível. -diz se sentando na cama.

Bru: eu lido com o luto do meu jeito ta? -deito com tudo na cama e puxo meu edredom novamente.

Sarah: eu sei que deve ta sendo dificil, mas, ficar aqui na cara não ajuda.

David: é Bru, seu pai não gostaria de ver você assim.

Bru: e vocês querem que eu faça o que?

Ele se entre olharam, enquanto eu os olhava com cara de poucos amigos.

David: vai ter um luau hoje a noite.

Sarah: vai ser bom para distrair a cabeça.

Bru: ai gente! -ja falei desanimada- Não sei não...

David: vamo sim!

Depois de alguns minutos tentando me convencer, decidi ir. O luau começaria as 18 horas, então Sarah e David foram para a casa se arrumar e depois passariam aqui, segundo eles, para eu não ter perigo de dar o bolo neles.

Vendo que meu celular estava acabando a bateria, fui pegar o carredor na gaveta da cabeceira. Ao abrir, acabei encontrando a carta que Jhon havia me entregado.

Olhei aquele papel por alguns segundos até criar coragem para abrir.

"Bruna, eu nem sei como começar a te dizer isso. Mas se esta lendo isso, foi porque acharam a carta, ainda bem. Queria que lesse mas não teria coragem para te entregar pessoalmente.
Quero que saiba que sinto muito, muito mesmo pela sua perda. E que eu torço muito para que siga em frente, de cabeça erguida. Peço que me desculpe pelo transtorno que causei em sua vida, que se eu fosse mais competente, tudo isso não estaria acontecendo.
Trabalhar para seu pai, foi uma das melhores coisas que eu já fiz. Te conhecer foi a melhor coisa que aconteceu, de todos esses anos da minha vida.
Você conseguiu virar meu mundo de ponta cabeça, conseguiu mexer com minha vida. E com meu coração. E esse sentimento ja não cabia mais em mim, mas você é mais do um dia eu mereci.
Você merece alguém, que te proteja, e isso eu não consegui. Me culpo tanto pelo que você passou, me culpo por tudo. Por ter deixado aquele cara entrar na sua vida.
Se você também me culpa, saiba que vou levar esse fardo para resto da vida, pois nunca vou esquecer que não consegui proteger umas das coisas mais preciosas que ja tive.
Tomar essa decisão de afastar, ta me machucando como nunca aconteceu. Eu pensei nisso quando estava no hospital, e você ainda desaparecida. Mas eu precisava saber que estaria em casa e segura, eu só precisei de uma informação sua. E comi fiquei sabendo que estava bem, e segura, estou indo. Para onde? Eu não sei.
Bruna, você é incrível de mais para esse mundo,incrível de mais para mim.
Eu não me arrependo de nada do que houve com a gente, e espero que você também não. Pois essas lembranças maravilhosas, eu vou levar para o resto da vida. A lembrança, do seu jeito, dos seus olhos, da sua maneira de falar e de agir.
Mas não posso me esquecer, jamais. É desse seu sorriso!
É a lembrança que mais faz meu coração feliz, em saber que eu ja pude ver seu sorriso. E vou ter o prazer de lembrar de você assim, sorrindo para mim.

Atenciosamente e com muito carinho
Igor."

As lágrimas ja nem paravam em meus olhos, eu não estava conseguindo me manter. Guardei o papel molhado pelas lágrimas, no mesmo lugar que estava, na gaveta.

Deitei no colchão e chorei tudo que tinha para chorar, logo ouvi a porta do quarto se abrir, e Zu passar por ela toda preocupada.

Zu: o que foi meu amor? -se sentou na cama ao meu lado.

Bru: Igor terminou tudo que a gente tinha.

Zu: chora tudo, põem para fora.

Meus olhos ardiam de tanto chorar, mas acabei me acalmando. A respiração começou a ficar lenta, as lagrimas foram parando, e consegui falar sem chorar.

Bru: eu achei Zu...-me sentei ao lado dela- Que ele havia descoberto da criança.

Zu: você ta muito abalada com isso né?

Bru: Zu, se eu não tivesse sido sequestrada, se eu não tivesse caido nas mãos daquele nojento. -fiz uma pequena pausa- Eu estaria gerando um filho do Igor.

Zu: não era para ser...

Bru: nada era para ser assim.

Zu: sera que um dia ele vai saber disso?

Bru: ele se despediu de mim por uma carta! Eu que não vou falar dessa criança para ele.

Zu: eu entendo! -forçou um sorriso.

Bru: vou tomar banho, que tenho compromisso.

Zu: vai sair?

Bru: me convidaram para um luau.

Zu: que bom querida. Você precisa mesmo sair.

Bru: eu vou tentar me divertir, mas só eu sei como estou destruida por dentro.

Zu: Ma...-eu a interrompi.

Bru: vou ver se consigo curar com vodka.

Vou em direção ao banheiro. Tomo um longo e quente banho, a água tirando toda a preocupação do momento, toda angústia que eu tava sentindo.

E então naquele momento eu decidi, me reerguer, não vou ficar mais no quarto o dia inteiro, vou lidar com o luto de outra forma.

O meu guarda costasOnde histórias criam vida. Descubra agora