•capítulo 64•

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•Bruna•

Abro a porta, vendo Jhon encostado na parede. Ao me ver ele abre um enorme sorriso, tentei retribuir, mas sem sucesso.

Jhon: posso te dar um abraço? -pergunta timidamente.

Bru: deve!

Ele da um passo à frente se aproximando, seus braços passam por cima de meus ombros. Eu nem me dei conta do quanto estava com saudades do abraço dele, de conversar com ele. Ele direciona um beijo na minha testa, meus labios se curvam em um pequeno sorriso.

Bru: vem, entra. -dou um passo ao lado deixando a passagem livre. O mesmo passa por ela.

Jhon: Licença. -fecho a porta.

Bru: ta com fome?

Jhon: na verdade um pouco. Ja comeu?

Bru: acordei a alguns minutos,não comi nada. -ele assente, então vou indo em direção a cozinha e ele me segue.

Pego dois pratos no armário, na geladeira havia uma travessa de macarrão com molho branco. Coloco no forno.

Dayse: escutei vozes na sala. -Ela aparece na cozinha, seu rosto visivelmente cansado. E enrolada em um roupão branco.

Jhon: olá dona Dayse.

Dayse: Dona? Só Dayse por favor. -riu.

Jhon: desculpe.

Dayse: não esqueça dos seus remedios Bru.

Bru: ja vou tomar. Quer que eu pegue um prato para você?

Dayse: to sem fome. Vou deixar vocês comerem. Fique a vontade Jhon.

Jhon: obrigada.

Ela sai da cozinha, e o forno apita, tiro e coloco na mesa. Entrego um prato para Jhon que parecia estar salivando pelo macarrão.

Jhon: ta cheiroso. -diz colocando o macarrão em seu prato.

Vou ate uma parte do balcão, e pego meus remédios. Jhon para por uns minutos de se servir e me olha parecendo assustado.

Jhon: tudo isso? -assinto.

Vou até a mesa, e me sirvo um copo de suco, para ajudar a empurrar os remédios garganta a baixo, enquanto ele observava cada movimento meu. Pego meu prato e coloco pouco macarrão pois não estava com muita fome, mesmo não ter comido nada no dia anterior, acordei sem fome.

Jhon: isso...ta...muito bom. -diz com a boca cheia.

Bru: Zu é uma das melhores cozinheiras que ja conheci. Mas não posso esquecer da comida da sua mãe!

Jhon: realmente. -ri.

O cheiro do macarrão deu um embrulho no meu estômago, talvez fosse porque meu estômago estava vazio. Enrolei o garfo no macarrão, e direcionei para minha boca. Após mastigar um pouco, consegui engolir, meu corpo já respondeu, me fazendo ter uma ânsia enorme.

Coloquei a mão na boca, e respeirei fundo.

Jhon: Bru? tudo bem? -parou e ficou me olhando.

Bru: tu... -ja senti minha garganta queimar.

Me levantei correndo, e segui para o banheiro mais próximo. Não demorou muito tempo até ver Jhon entrar rapidamente, senti suas mãos segurando meu cabelo para trás.

Nem sei como vomitei tanto, mas só saiu água. Comecei a me sentir fraca, sentei no chão, e me encostei na parede, minha cabeça começou a pesar. Ouvi a tampa do vaso se fechar, e logo o barulho da descarga.

Jhon: Bru, vem, eu te ajudo.

Abro meu olhos, e o vejo estender as mãos para mim. Seguro as mesmas, ele me segura pela cintura e me ajuda a lavar a boca, saimos do banheiro.

Jhon: quer que eu te leve aonde?

Bru: meu quarto por favor.

Jhon: claro. -senti suas mãos passar por trás dos meus joelhos, e quando percebi ja não estava mais no chão.

Bru: ei, eu sei andar.

Jhon: não duvido, mas prefiro não correr o risco de te deixar cair.

Ele subiu as escadas comigo, ao chegar no meu quarto, ele abre a porta e me coloca na cama.

Bru: que cavalheiro. -ele sorri.

Jhon: vou deixar você descansar. -diz indo em direção a porta.

Bru: não se atreva a sair! -seus olhos se arregalaram. -Coloque essa bunda linda ao meu lado. -digo dando tapinhas na cama.

Jhon: só você ein.

Ele se senta ao meu lado, e me aconchego em seu peito. Eu não estava nem ai, eu precisava de um carinho, e ele sempre foi carinhoso comigo.

Bru: posso te contar uma coisa?! Eu preciso tirar isso de mim, preciso falar com alguém, talvez seja mais fácil seguir em frente se eu disser. Eu to guardando isso, achei que não seria nada, mas...

Jhon: Bruna...calma -me interrompe. -fala devagar.

Bru: eu tava grávida...

Sua expressão ficou mais séria do que ja estava. Seus olhos foram ficando arregalados, e comecei a me arrepender de ter falado. Depois de uns segundos processando a informação ele finalmente abre a boca para falar.

Jhon: e o Igor sabe?

Bru: não, e se ele ja não sabe, não vou contar.

Jhon: mas o filho é dele! Não é?

Bru: primeiramente! Claro que era, você acha que eu sou o que? Segunda coisa, era filho dele. Era no verbo passado, ele não é pai pois....

A emoção bate novamente, meus olhos ja se encheram de lágrimas.

Jhon: Bru... -segurou em minha mão.

Bru: não é mais, pois perdi o filho.

Jhon: ai -sua expressão ja estava triste. -sinto muito Bru.

Me abraça novamente.

Bru: eu precisa falar isso com alguém...

Jhon: quem mais sabe?

Bru: a Zu, o médico e o enfermeiro.

Jhon: e a Dayse?

Bru: não contei...e eu queria conversar com alguém sobre isso.

Jhon: eu nem sei o que dizer.

Bru: eu perdi tudo Jhon, tudo mesmo. Perdi meu pai, depois fiquei sabendo da gravidez, e como perdi a criança também. E nessa história toda perdi Igor pelo jeito.

Jhon: porque perdeu o Igor?

Bru: ele tava no enterro. Mas não veio nem me dar um abraço.

Jhon: não vi ele. -fez uma expressão triste. - Eu achei uma coisa la no quarto do Igor.

Bru: o que? -me sentei.

Ele puxa uma das partes de sua jaqueta, e no pequeno bolso na parte dentro tira um envelope. E me entrega, olho aquele pequeno papel, e como um frio na barriga me ocorreu, tava muito curiosa para abrir, mas guardei na gaveta.

Jhon: não vai abrir?

Bru: não, pelo menos não agora.

Reencostei minha cabeça em seu peito, e suas mãos foram em meus cabelos me fazendo um cafuné.

O meu guarda costasOnde histórias criam vida. Descubra agora