Juiz: vamos dar início a segunda audiência para determinar a sentença de Eduardo Teixeira Gonçalves. Para o caso de sequestro, agressões, e assassinato.
Nos sentamos, e meu corpo parecia queimar. Eu nunca tinha presenciado um julgamento, e só de estar ali parecia que ia desmaiar a qualquer hora.
Desde que começou não olhei para trás, queria me concentrar em cada palavra que juiz dissesse, mesmo que não entendesse nada do que estava sendo falado.
Mas toda a concentração foi para o espaço, quando chamaram Eduardo para se sentar à frente. O que parecia ser passos lentos, ele saía de onde estava, enquanto ia em direção a cadeira, o policial pediu que fizesse o juramento, mas nada impedia aquele desgraçado de mentir. Seu advogado se dirigiu até sua frente, aonde começou a fazer as perguntas.
Advg.: você conhece a senhorita Bruna Salles não é?
Eduardo: sim, conheço.
Advg.: aonde você a conheceu?
Eduardo: na praia.
Advg.: pode descrever como foi sua relação com ela? -Eduardo assentiu.
Eduardo: conheci ela na praia, e logo mais a noite tinha uma festa, aonde meus dois amigos e eu havíamos convidado ela e os amigos.
Advg.: ela foi à essa festa?
Eduardo: foi.
Advg.: mesmo não conhecendo vocês?
Eduardo: isso.
Advg.: desculpe te interromper, pode continuar.
Eduardo: a gente curtiu muito a festa juntos. Ficamos e eu acabei indo dormir na casa dela. -foi interrompido novamente.
Advg.: então, você se beijaram, nessa tal festa?
Eduardo: sim.
Advg.: como acabou indo dormir na casa dela?
Eduardo: ela convidou, e eu fui.
Advg.: vocês tiveram outro contato depois dessa festa?
Eduardo: sim, a gente tinha conversa no celular, saímos algumas vezes.
Advg.: como definiria a relação de vocês?
Eduardo: com certeza, éramos mais que amigos.
Advg.: vocês tinham relações sexuais?
Eduardo.: sim, até mesmo quando fui dormir na casa dela.
O meu desconforto era notável, esse assunto me deixava nervosa, e incomodada.
Advg.: continue.
Eduardo: buscava ela na escola, saíamos para comer, conversar. Mas um dia, eu tentei falar com ela, mas não via o celular, não respondia as mensagens. Então fui até a casa dela, e a vi saindo com o Igor.
Advg.: e quem é esse Igor?
Eduardo: era, guarda costas, segurança.
Advg.: Só isso?
Eduardo: na verdade, tava mais para um consolo sabe? Uma pessoa que tivesse ali para satisfazer ela quando não tinha ninguém.
Advg.: e então? O que aconteceu a partir dai?
Eduardo: ela me ignorou aquele dia, e eu não corri atrás. Se ela queria me ignorar problema dela, então eu segui minha vida. Até que um dia, eu tava saindo de uma festa, e encontrei ela andando sozinha na rua. Eu parei o carro e ofereci carona, ela tava bem.... como posso dizer?..... bem agitada. Ficou gritando comigo, então eu falei para ela entrar no carro que eu levaria ela embora.
Advg.: ela não estava perto da casa dela?
Eduardo: Não. Inclusive era muito longe da onde ela mora.
Advg.: meu relatório, descreve exatamente o lugar aonde ela parou. Concluímos então que a senhorita Salles, saiu sozinha de casa, andou quilômetros de sua residência. Até ser encontrada pelo meu cliente, encontrada justamente em um lugar onde se é conhecido por uma grande quantidade de pessoas usuárias de drogas. E sabemos que ela já teve problemas com isso antes..... continue...
Eduardo: ela começou a gritar sem parar, e como ela estava agitada pedi que entrasse novamente no carro. Ela saiu correndo, e eu não podia deixar ela daquele jeito na rua então fui atrás. Começou a se debater, o que fez a gente cair no chão, ela colocou na cabeça dela que eu estava querendo estrupar ela, o que é a maior mentira, eu só estava querendo colocar ela no carro e leva lá embora.
Advg.: e o que ela fez depois?
Eduardo: me acertou com uma pedra, o que me fez ficar meio tonto, então saiu correndo.
Advg.: vocês tiveram algum contato depois desse ocorrido?
Eduardo: mais ou menos, eu tava tomando coragem para ir falar com ela, então eu fui na festa de alguns amigos, e ela tava. Mas quando fui falar com ela, o Igor entrou no meio e começamos a discutir.
Advg.: e rolou agressão física.
Eduardo: sim, depois da discussão, Bruna ainda conseguiu me dar um soco. E eu fui publicamente humilhado, me senti envergonhado. Pelas mentiras que a Bruna gritava para todos da festa ouvirem, tais mentiras que ela criou na cabeça dela.
Advg.: essa foi sua relação com a Bruna?
Eduardo: isso.
Advg.: como o senhor foi parar na cena do crime? Como o suposto sequestrador? Possível culpado pela morte do senhor Henri Salles? Como explica sua participação nisso tudo?
Eduardo: o sequestro nunca foi minha ideia. Nunca quis fazer ela sofrer, muito menos assim. Eu comecei a gostar muito da Bruna, mas as atitudes que ela tomou me fez enxergar quem ela era. O pai dela, demitiu o meu, fez ficarmos nas ruínas, eu fiz isso porque estávamos sem condições nenhuma de se manter, eu precisava ajudar meus pais, não foi certo o que eu fiz? É claro que não foi, mas eu precisava. Não consegui pensar em outra coisa se não morreriamos de fome, e eu me arrependo muito.
Eduardo estava ali, mentindo na frente de todo mundo, estava tendo a cara de pau de falar tudo isso, ainda fingindo chorar para tentar aliviar sua culpa.
Advg.: em relação as agressões e o abuso que ela diz ter sofrido por você durante os dias de cativeiro?
Eduardo: tudo mentira, eu em si. Nunca encostei a mão nela. Eu só queria o dinheiro, não machucar ela.
Advg.: sobre a morte do senhor Henri?
Eduardo: realmente não foi minha intenção, eu segurei a arma, e como ja estava sendo pressionado por um dos policias, a arma disparou e nunca foi a intenção matar ninguém, não sou assassino.
Advg.: eu sei que não é. Obrigado pode voltar.
Eduardo saiu de onde estava sentado, atravessou o pequeno espaço até se sentar novamente.
Avgd.: Bom, senhor juiz, eu fui atrás de boletim de ocorrência sobre a possível tentativa de abuso, no beco. Porém não tinha provas, então o boletim não serviu de grande ajuda. As câmeras do local, estavam desligadas. Nenhuma testemunha que comprovasse a história da Bruna. Entrei em contato com o médico, mas ele não retornou minhas ligações, então consegui falar com o enfermeiro que cuidou da Bruna no hospital, e o chamo para o interrogar.
Juiz: Senhor, Benjamim Sousa.
Ben estava super arrumado, ajeitando seu terno se sentou no mesmo lugar, fazendo o juramento logo a seguir.
Avgd.: olá, você cuidou da Bruna enquanto estava no hospital, certo?
Ben: sim.
Advg.: como estava a saúde dela?
Ben: estava fraca, desidratada.
Advg.: tinha algum sinal de agressões?
Ben: sim, tinha. Nos braços, a costela estava um pouco fraturada. Mas relatamos que provavelmente por algum tombo, ou bateu.
Advg.: algum sinal de abuso sexual?
Ben: não.
Olhei para meu advogado, sem acreditar no que estava ouvindo, porque o Ben ta mentindo?
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O meu guarda costas
RomansaBruna mora com seu pai e sua madrasta, seu pai é um empresário muito reconhecido na cidade, pelo tamanho de sua fortuna e da quantidade de empresas que ele tem. Bruna tem apenas 17 anos, e tem uma personalidade muito forte. Um dia seu pai precisa fa...