Capítulo 10

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Não suportando mais o clima pesado em casa decidi me divertir um pouco. Lucas e eu fomos ao parque. A bomba familiar sobre a bisavó de pele clara, causou muitas discussões. Ninguém fora eu e o meu filho, ficavam perto do vovô Alfredo. Eu não queria a separação familiar, pensei que todos nós ficaríamos mais unidos do que nunca, foi uma ilusão. Talvez fosse possível esquecer todos os problemas, por, pelo menos, aquela noite. O vento frio deixou meus pelos eriçados. Usava um vestido de alças finas.

— Boa noite, Luara! — aquela voz me fez dar uma volta ao mundo em segundos. Engoli em seco. Não esperava vê-lo, Josué nos encarava descaradamente.

Apertei a mão do meu pequeno. Ele estava nos seguindo? Me questionei. Josué, usava suas roupas sociais como das primeiras vezes em que o vi. Espirrei, coçando o nariz em seguida, o perfume que exalava dele irritou meu nariz.

— Por que está nos seguindo? — indaguei, coçando meu pescoço. O que ele tinha afinal? Tinha me causado alergia!

— Garoto, sua mãe é muito desconfiada. — respondeu, sorrindo. Não queria que ele falasse com Lucas. Ele era um cínico!

— Eu não gosto de você! — afirmei, puxando meu filho pela mão. Mas ele veio logo atrás nos seguindo. A alergia logo passou para os meus braços. Soltei a mão de Lucas para coçar meus braços feito uma descontrolada.

— Luara, você está sangrando!

Como assim sangrando? Ele tinha enlouquecido! Pensei até que vi uma gota de sangue pingar no meu vestido. Não poderia ser por causa do perfume dele, certo? Talvez eu tivesse comido alguma coisa que causou uma reação alérgica.

— Não é nada! — foi tudo que consegui dizer até apagar totalmente ali mesmo em sua frente.

Quando despertei a primeira coisa que vi foi uma luz forte no meu rosto. Demorei alguns segundos até perceber estar no hospital. Meu coração disparou.

— Ela acordou! — Josué berrou. Ele parecia aliviado, ao contrário de mim. Quis arrancar o soro do meu braço.

Onde estava meu filho? Sentei na cama bruscamente. Era normal ter enjoou depois de sangrar? Eu não sabia! Coloquei uma das mãos sobre o estômago. Esperava que aquele homem não tivesse feito nada com meu pequeno.

— O que você fez com o meu filho? — perguntei, acusando-o. — Responde, branquelo! Cadê o Lucas?

— Sua irmã está lá fora com ele. — respondeu, surpreendendo-me.

Isabela com Lucas? Como? Pisquei bem os olhos desacreditada.

— Como encontrou minha irmã? Quem é você? Um psicopata?

Josué respirou fundo, fechando a porta em seguida. Me encolhi na cama. Senti medo por estarmos a sós. Ele talvez quisesse me assassinar!

— Quando você desmaiou, busquei por ajuda. Por coincidência sua irmã nos viu. Lucas estava assustado. Ela me mordeu, sabia? — disse ele, aproximando-se, e mostrando um machucado no seu antebraço. — Sua irmã me acusou de muitas coisas, entre elas de ter dopado você pra raptá-la. Por sorte, o garoto explicou tudo para tia e viemos todos juntos para o hospital.

Não aguentei após ver a marca dos dentes da minha irmã em seu braço. Gargalhei imaginando a cena.

— Você não tem sorte mesmo, Josué. — comentei, limpando minhas lágrimas de tanto rir.

— Vejo que está melhor. Não foi engraçado o que sua irmã fez. Nunca passei por algo semelhante...

A porta foi aberta chamando nossa atenção. Era o médico. Ele tinha aparecido em uma boa hora, pois não queria continuar a sós com Josué.

— Como está se sentindo? — questionou, caminhando em direção à cama. — Você teve uma reação alérgica que poderia ter sido pior. Tenha mais cuidado ao se alimentar...

Depois de responder algumas perguntas para o médico. Pude ver meu filho e minha irmã. Isabela adentrou o quarto com Lucas. Foi inevitável não olhar para Josué que estava no canto e lembrar da mordida.

— Isa, acho que você deveria pedir desculpas a Josué, digo, pelo que fez a ele. — aconselhei, tentando conter o riso.

— Fofoqueiro! — ela disse apontando o dedo indicador na sua direção. Josué acariciou o local da mordida e fez cara feia.

— Mamãe! — meu pequeno correu na minha direção e subiu em cima da cama. — Fiquei com muito medo, mamãe.

— Estou bem, meu amor! — afirmei, beijando sua bochecha direita.

— Por que não falou pra sua família do seu namorado?

Minha boca fez um O. Que namorado? O que aquele imbecil tinha falado para minha irmã?

— Josué, andou mentindo pra você? É isso? Não acredito, Josué! Por que disse que somos namorados pra minha irmã?

Meu sangue começou a ferver. Ele apenas tinha me ajudado e nada além disso.

— Graças a Deus! — Isabela disse aproximando-se e continuou. — Pensei que vocês tinham um lance. Não quero que você caia na lábia de um burguês outra vez. E não me olhe assim, sabe que estou certa, esse daí não é homem pra você.

— Ainda estou aqui! — Josué protestou. — Você não me conhece, senhorita. Minhas intenções com sua irmã são as melhores, inclusive, adoro o garoto como se fosse meu.

Caí na gargalhada com a resposta dele. Intenções comigo? Ele era mesmo um doente! Qual era a dele? Usar meu filho pra chegar no meu coração? Ou chegar no meu coração para alcançar meu filho? Essa resposta era complexa.

— Mamãe, ele vai ser meu papai? — Lucas perguntou tocando meu ombro. Me bateu um desespero, fitando aqueles olhinhos confusos.

— Claro que não! Sequer somos amigos! Jamais vamos ser qualquer coisa...

Deixei claro para que todos ouvissem, inclusive Josué, o principal envolvido no assunto. Eu tinha passado mal e estava em um hospital. O que todos queriam? Me enlouquecer? Era loucura demais para um dia só!

(✿◡‿◡)

No próximo capitulo vai ter uma reviravolta...

Tudo Que Sinto No CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora