Após o incidente no banheiro de dias atrás, muitas coisas aconteceram. Saímos do hotel para o apartamento do meu filho, sim, comprei e coloquei em seu nome. Foi difícil convencer a mãe dele de que era melhor assim, ela era uma orgulhosa. Luara me disponibilizou o quarto que era pra ser de hóspedes. Eu sei que foi a forma dela agradecer tudo que havia feito por ela e pelo filho que também era meu. No dia que fomos comprar toda mobília do apartamento foi uma loucura, não concordávamos com nada. Mas no fim, conseguimos entrar em um acordo. A convivência com os dois até que estava sendo divertida. O garoto acabou descobrindo sozinho que eu era seu pai. Como isso aconteceu? Ele ouviu por detrás da porta uma das minhas conversas com sua mãe. Infelizmente, meu filho não conseguia me chamar de pai, porém, conseguia entendê-lo. Sem pressão, certo? Foram cinco anos tendo apenas a mãe ao seu lado, era compreensivo sua reação.
Éramos quase uma família de verdade, quase porque na realidade as coisas não eram exatamente perfeitas. Luara ainda me culpava por ter perdido seu emprego no restaurante, embora ela tivesse arrumado um emprego muito melhor como atendente de um escritório de advocacia. Às vezes, costumava fingir estar vendo um programa de TV quando na verdade, observava toda aquela alegria dela enquanto limpava o apartamento. Algumas vezes queria que ela parasse um pouco e me desse um pouco de atenção, talvez pudéssemos ser amigos, entretanto, era algo mais complicado na prática. Por que estou falando assim? Eu não era cego, sentia que existia uma conexão entre nós, mas preferia fingir, assim como ela, que não existia nada.
— Você deu o endereço certo? — ela perguntou pela quarta vez, ajeitando a fita roxa no seu cabelo. Entendia toda sua ansiedade, era a primeira vez que ela e Alexandra se encontrariam pessoalmente. As duas acabaram se tornando grandes amigas e viviam fazendo chamadas de vídeos. Confesso que fiquei um pouco enciumado, as duas estavam me deixando de lado.
— Passei o endereço certo. — respondi, soltando um suspiro alto.
Eu sabia que a visita da minha prima não era simplesmente uma visita, algo muito forte tinha acontecido, pois ela falou que precisávamos conversar pessoalmente, incluindo Luara no assunto. Se mencionei esse detalhe a Duende? Não mesmo, não queria preocupá-la. Isabela sua irmã mais nova tinha nos feito uma visita recentemente, tudo acabou muito mal. A relação familiar que elas tinham era claramente prejudicial.
— Você não parece feliz, Josué. — comentou, colocando as mãos na cintura. Ela e sua mania de desvendar meus sentimentos.
A campainha tocou, me resgatando de ter que dar explicações. Lucas como o garoto esperto que era, correu na nossa frente e abriu a porta. Alexandra ao vê-lo o abraçou tão forte que pensei que fosse sufocá-lo.
— Luquinhas! — disse marcando todo o rosto dele com seu batom vermelho.
Meu coração disparou quando senti a mão de Luara tocar a minha. Olhei para a esquerda e ela estava visivelmente envergonhada. Não sei se foi medo de sermos flagrados pela minha prima ou porque senti um troço estranho no estômago, acabei soltando sua mão e fingindo uma tosse.
— Vem cá, quero um abraço seu também! — Alexandra disse indo em direção a Luara. As duas deram um abraço breve, logo chegou minha vez de cumprimentar minha prima com um também.
— Estou me sentindo trocado! — resmunguei. — Onde estão suas malas?
Uma mulher como ela não viajaria com somente uma bolsa pequena em mãos.
— Aluguei um quarto em um hotel. Por favor, não insistam que não posso ficar com vocês. — afirmou, abrindo sua bolsa e pegando seu celular. — Preciso tirar uma foto dessa família linda. Vamos lá, não sintam vergonha, aproximem-se!
Caí na gargalhada, Alexandra não perdia mesmo a chance de ser ela mesma.
— Com licença, garotão... — falei um pouco antes de pegá-lo nos braços. — Vem logo, Luara!
Luara parecia um pouco perdida até que teve atitude e se aproximou.
— Lindos! Quero todos sorrindo! — minha prima disse alegre tirando a bendita foto.
Passou um pouco a tensão depois do clima bem-humorado. Tentei não pensar na razão real de Alexandra ter vindo nos visitar. Todos fomos para sala e sentamos em frente a TV, aquelas duas pareciam dois papagaios, aos poucos Luara foi perdendo sua timidez. O pequeno assim como eu, nos sentimos excluídos da conversa, então fomos os dois para cozinha.
— Quer chocolate? — questionei, pronto pra desobedecer às ordens da mãe dele.
— Mamãe, vai descobrir, não vai? Ele parece tão gostoso...
Abri a embalagem e entreguei em sua mão.
— Eu não vou contar. — disse dando uma piscadela. — Sei que sua mãe disse que os chocolates são para sobremesa, mas unzinho, não faz mal.
Não que eu quisesse desobedecer às regras da Luara, é que sempre quis fazer algo semelhante quando tivesse um filho ou filha. A felicidade em seus lábios era tanta que não demorou a devorar todo o chocolate. Queria ter uma relação saudável com meu filho e esquecer o passado. Precisava aproveitar ao máximo a companhia dele e de sua mãe, pois em breve precisaria retornar ao meu cargo e a minha antiga vida. Os dois nunca viriam comigo para capital e eu seria um egoísta se tirasse ele da escola que tanto amava. Faria o possível para estar junto com eles aos finais de semana.
(~ ̄▽ ̄)~
A visita de Alexandra vai dar uma agitada na vida dos dois. Aguardem...
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Tudo Que Sinto No Coração
RomanceLuara Arantes é uma mulher forte que enfrenta muitos desafios na vida, incluindo o preconceito de sua própria família. Com um filho pequeno para criar, ela encontra forças para enfrentar as dificuldades do dia a dia. Mas o destino reserva algo surpr...