Capítulo 27

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Bolinha o porco era como se fosse um cachorrinho, mas em tamanho maior e mais bagunceiro

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Bolinha o porco era como se fosse um cachorrinho, mas em tamanho maior e mais bagunceiro. Dois dias com ele no apartamento e tinha destruído alguns papéis de Josué, nem preciso mencionar o quanto ele ficou chateado com o fato. Meu namorado era maravilhoso e compreensivo, contudo, não era fã do nosso animal de estimação. Eu evitei que o porco virasse churrasco. A ideia de adotar um porco adulto de duzentos quilos foi do Lucas. Acabei cedendo por causa dele que se apaixonou pelo porco. Alexandra ficou muito feliz quando trouxéssemos o bolinha pro nosso apartamento, pois no dela ele fez uma bagunça, principalmente nos seus móveis caríssimos.

Infelizmente precisei esconder bem o desenho que ganhei do meu pequeno para que um certo alguém curioso não encontrasse. Por que não queria que ele visse o desenho? Porque um certo garotinho me fez um pedido e continuava insistindo sempre que estávamos a sós. Do que estou falando? Bem, ele queria um irmãozinho ou uma irmãzinha. No desenho estávamos em quatro, também tinha escrito em letra de forma o nome família. Nem tudo que meu filho queria poderia ser realizado e um pedido como aqueles estava fora de questão, pelo menos, por um tempo. Josué trouxe o complemento da minha felicidade, com ele tudo parecia mais simples de resolver, juntos conseguiríamos o mundo inteiro se quiséssemos.

Era pra ser apenas mais um dia comum, tomávamos o café da manhã todos juntos quando o interfone tocou. Josué levantou-se e foi atender, consegui ouvi-lo dizer para deixar subirem. Visitas logo cedo? Limpei a boca com o guardanapo e levantei indo em direção a sala de estar. Não vou mentir aquilo me incomodou bastante.

— O que houve? Você convidou pessoas para vir logo cedo? E sem me avisar? Josué, preciso sair daqui a pouco para o trabalho!

Tudo que menos queria era ter que ser simpática com desconhecidos logo cedo. Às vezes algumas pessoas estranhas do trabalho ou colegas dele apareciam em nosso apartamento, não me sentia à vontade nenhuma vez quando isso acontecia.

— Melhor telefonar pro seu trabalho e pedir folga hoje. — disse ele todo estranho. Quando digo estranho, digo mais do que o normal, notei um certo nervosismo.

— Por quê?

Antes de ter minha resposta a campainha tocou, me causando um frio na espinha. Trocamos olhares e até mesmo um sorriso sem graça. Respirei fundo e aguardei que ele abrisse a porta. No momento que a porta foi aberta, senti que tinha perdido o chão. Vi todos da minha família adentrar o apartamento. O que mais chamou minha atenção foi meu pai Osvaldo em uma cadeira de rodas.

— Pai! — berrei, assustada. — O que aconteceu com o senhor?

Dona Regina abaixou a cabeça envergonhada. Por que ninguém dizia nada? Como puderam esconder seja lá o que fosse de mim? As lágrimas vieram me queimando por dentro.

— Sinto muito, a culpa do papai está assim é minha... — Isabela disse chorando sem sequer me olhar nos olhos. — Me perdoa, Luara, mesmo que eu não mereça.

Nunca tinha visto meu pai chorar com tanta dor e pela primeira vez em anos vi isso acontecer diante de mim. Vovô Alfredo tocou seu ombro esquerdo consolando-o.

— Isa, o que você fez? — perguntei, com um nó na garganta. A mesma veio até mim e me abraçou forte. O abraço de judas? Foi o que pensei enquanto não sabia o que tinha acontecido.

— Sempre te critiquei por ser ingênua e até mesmo burra, mas olha pra mim agora. O que eu sou? Uma vergonha e indigna de ter uma irmã como você! Eu quis me vingar de você e acabei entrando em uma enrascada. Yago fez coisas erradas e colocou a culpa em mim, contudo, nosso pai conseguiu reverter tudo, foi o que pensamos até acontecer o pior. Luara, Yago incendiou nossa casa com o papai dentro dela, porém, ele ficou assim por causa dos tiros que levou ao fugir da casa em chamas. Tudo se foi, simplesmente tudo com o papai assim, não queríamos te contar nossos problemas.

Afastei Isabela de mim e me apoiei na parede para não cair no chão.

— Como vocês puderam esconder isso de mim? Não vão cansar nunca de ser orgulhosos? Meu Deus, todos vocês poderiam estar mortos agora! Yago é um canalha. Lembra do incêndio da escola? Foi ele e não eu! Não contei antes porque não fazia sentido mexer no passado.

Minha revelação fez minha mãe chorar. Foram anos guardando aquele segredo.

— Ele não vai mais fazer mal algum a ninguém. Yago está na prisão, filha. Sinto muito por ter sido uma péssima mãe pra você. Onde está meu neto? Teremos muito tempo para conversar e nos reconciliar...

Eu sabia o quão difícil era para ela admitir seus pecados.

— Lucas, está na cozinha. Aonde vocês estão ficando? — questionei, com o coração apertado. Eles não haviam trazido nenhuma bagagem junto com eles.

— Estamos em um hotel, não se preocupe, não viemos para morar com vocês. — papai disse suspirando. — Desculpe, sei que sempre fui o mais duro com você, filha. Não precisa sentir pena de mim. Os médicos disseram que com fisioterapia volto a caminhar...

— Pena, pai? Eu amo cada um de vocês. Estou feliz que todos estão vivos! — afirmei, indo em sua direção e segurando sua mão. — Todos nós estamos com o senhor nessa batalha. Vamos esquecer o passado e seguir em frente, está bem? Somos uma família e nunca fomos perfeitos.

A família Arantes tinha que ficar mais unida do que nunca. Estava disposta a tudo pela minha família. Não pensei que na minha vida teria tantas reviravoltas como ultimamente, mas há males que vem para o bem. 

Nota da autora: 

Estamos na reta final do livro. Ah, mas já? Sim! Ultimamente não venho optando por livros muito longos por falta de tempo.  Agradeço a todos que vem acompanhando mais essa obra minha ❤

Tudo Que Sinto No CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora