Capítulo 12

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Minha saída do hospital foi tranquila, mas minha cabeça parecia ter sido esmagada por um caminhão

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Minha saída do hospital foi tranquila, mas minha cabeça parecia ter sido esmagada por um caminhão. No dia seguinte, pensei que esqueceria tudo o ocorrido do dia anterior com um dia cheio de trabalho, contudo, no momento em que saí do portão para fora encontrei Josué. Engoli em seco. Eu queria fingir que tudo não tinha passado de um engano, que ele não era o pai de Lucas, mas aqueles olhos eram idênticos ao do meu pequeno.

— Quero marcar uma data para o exame de DNA. — afirmou, prendendo-me contra o portão. Quase pensei que ele fosse me beijar, não que eu quisesse, mas a forma como nossos olhos fitavam um ao outro, me deu palpitação no coração. — Você vai facilitar as coisas? Ou vou precisar entrar na justiça? Não pense que estou feliz com essa situação.

Ele poderia ser menos invasivo, certo? Empurrei seu peitoral e saí do seu controle. Tudo que ele queria de mim era o tal exame de DNA. Decepcionada? Claro que não! Josué, apesar de ser um homem bonito, não era isso tudo não.

— Não será necessário. Faz tanta questão assim de um exame? Josué, por mais que seja difícil pra mim, devo admitir que você tem semelhanças com Lucas. Mas se faz tanta questão no exame, marque uma data que não vou ser contra. Por favor, não tire meu filho de mim, está bem? Ele é tudo que tenho. Tudo que tem deixado minha cabeça no lugar.

Eu não era nenhuma dramática como dona Regina, cada palavra foi sincera e dolorida. Acabei derramando lágrimas bem na sua frente. Meu coração ficou apertado. Não queria perder meu filho para ele.

— O nosso filho é um Monteiro. Quero dar meu sobrenome ao garoto. O exame será necessário para provar à justiça que sou o pai biológico.

Nosso filho? Era muita informação pra minha cabeça. O menino costumava ser apenas meu filho, somente meu. E naquele momento ouvi-lo dizendo ser nosso, me fez sentir ciúmes e muito medo.

— Minha família não sabe que Lucas é adotado. — confessei, atrevendo-me a tocar sua mão. — Josué, não conte para ninguém. Minha família não aceitou muito bem eu ter um filho, caso descubram que ele não é meu filho biológico, podem até nos expulsar de casa.

O segredo deveria ser mantido até eu não precisar mais viver sob o teto dos meus pais. Ter uma bisavó de pele alva não mudou muita coisa, pois o preconceito ainda existia. Ele não entenderia mesmo que contasse em detalhes meu drama familiar, com certeza, sua vida era perfeita.

— Se o problema é não ter onde morar, posso resolver isso. Prefere um apartamento ou uma casa?

Puxei minha mão na mesma hora. Quem ele achava que eu era? Uma prostituta? Me senti ofendida.

— Não vou ser bancada por você! Tá achando que sou puta por acaso? Qual é, Josué! Eu abro meu coração com você, e você vem me propor algo indecente!

Cruzei os braços furiosa. Não era porque trabalhava em um restaurante que estava desesperada ao ponto de ser bancada por macho, ainda por cima, um tão patético como ele.

— Luara, deixa de ser orgulhosa! Você acha que quero meu filho passando dificuldades? Cadê sua maturidade? Muda esse bico que não tô querendo te comprar não! Serviços sexuais? O que você tem dentro dessa cabeça? Acha mesmo que vou pagar alguém pra transar? Nosso único compromisso em comum é o nosso filho. Você é jovem demais e muito imatura pra mim. Espero que não tenha criado expectativas, antes não pensei muito bem, agora vejo que não daríamos certos nem mesmo como amigos.

Ele pensava que era quem pra me rejeitar? Não que eu quisesse qualquer coisa com ele, mas ele não tinha que ser tão grosseiro assim.

— Não precisamos de você, Josué! Lucas e eu nunca passamos fome. Tudo que sinto por você é ranço e repulsa! Só de estar na sua frente sinto um embrulho no estômago...

Virei as costas e comecei a caminhar para longe, porém, sabia que ele estava caminhando logo atrás de mim.

— Você sente repulsa por mim? Está tão magoada assim? Eu não causo repulsa nas mulheres! Você não pode estar falando sério. — disse todo ríspido.

Gargalhei propositalmente, alguém tinha ficado com o orgulho de macho ferido. Virei para encará-lo nos olhos.

— Devo ser a única que tem coragem de te falar a verdade. Sinto muito, Josué, mas você é um ridículo! Sinceramente, muito repugnante, um homem meia-boca. Se tem tanto dinheiro assim, por que não faz algumas plásticas? Estou vendo algumas rugas no seu rosto. Que idade você tem? Hum, quarenta e três?

Eu sabia que ele era vaidoso e que minha provocação mexeria com seu humor. Suas marcas de expressão eram um charme a mais, contudo, não admitiria isso jamais.

— Então, seu plano é me atacar verbalmente? Desculpe, duende, mas sei muito bem que sou um partidão. Um homem como eu, muitas querem, no entanto, sou para poucas. Tenho certeza que uma bebêzinha como você, não daria conta de um homem de verdade...

— Homem de verdade, onde? Estou vendo apenas um espigão que se acha o gostosão! É a crise da meia idade, tio?

Sim, estávamos discutindo no meio da rua. Ele havia conseguido me irritar. Duende? Foi uma ofensa e tanto!

— Melhor encerrarmos essa conversa. Não costumo discutir com jovenzinhas. Nós falaremos depois sobre o nosso assunto em comum. Tchau, pequena duende! — disse gesticulando com as mãos. Era deboche, eu sabia que sim.

— Foge mesmo, seu idiota! Não sabe argumentar com uma mulher! Por isso ninguém te quer! Você é um insuportável, espigão!

Josué sequer parou para retrucar. Qual era a dele? Ele era menos pior quando tentava fingir ser outra pessoa. Conhecer quem ele era de verdade criava ainda mais raiva em mim. Lucas era um garoto tão doce, era difícil de acreditar que seu pai era um ogro nojento. 

Tudo Que Sinto No CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora