Luara Arantes é uma mulher forte que enfrenta muitos desafios na vida, incluindo o preconceito de sua própria família. Com um filho pequeno para criar, ela encontra forças para enfrentar as dificuldades do dia a dia. Mas o destino reserva algo surpr...
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Eu sabia que tinha algo de muito errado quando Josué chegou em casa, mas esperei que minha família fosse embora para poder conversar com ele. Naquele instante não sabia ainda o que havia acontecido. Depois de bater algumas vezes na porta do nosso quarto ele resolveu abri-la. Vê-lo como vi doeu muito. Não era momento para perguntas, pelo menos, sentia que não. Abracei-o com amor e tudo que ele fez foi chorar.
— Sinto muito, Lua. Minha mãe nos traiu, mentiu pra nós dois. Ela seguiu com o processo. Agora não sei mais de nada, qualquer palavra dela não temos como saber se é verdade. Meu pai não aguentou, contou tudo, eles estão se divorciando!
Eram muitas revelações. Não fiquei surpresa que a senhora Monteiro tinha prosseguido com o processo. Ela não tinha ganhado nenhum pouco de confiança minha.
— Você não está sozinho, amor. O que sua mãe fez ou não, é o de menos, ela não vai vencer essa batalha. Somos os pais de Lucas e ninguém vai mudar isso tirando-o de nós.
É preciso alguém segurar as pontas soltas quando tudo parece perdição, e eu era aquele alguém para Josué. Cuidei dele a noite inteira. Mesmo Lucas não sabendo o porque o pai estava tão pra baixo, também ajudou-o a ficar bem. Uma família unida faz toda a diferença.
Após a turbulência em nossas vidas pudemos retornar a rotina. Três semanas depois de tantas emoções precisei contratar uma cuidadora para o porco. O que foi? Achou mesmo que eu ficaria como babá do bolinha? Todos nós éramos ocupados! Um porco como ele merecia ser bem cuidado pra não devorar os móveis do apartamento!
Meu pai teve um pequeno progresso na fisioterapia, conseguiu ficar de pé por alguns segundos sem ajuda, para alguns pode não ser grande coisa, mas para nós foi uma vitória. Isabela seguiu meus conselhos quando lhe falei pra arrumar um emprego. Como me senti? Orgulhosa, claro! Minha irmãzinha parecia que finalmente estava amadurecendo!
Nossa mãe retornou para nossa cidade natal pra cuidar dos negócios do papai, vovô Alfredo foi junto com ela pra ajudá-la. Minha irmã e eu ficamos cuidando do nosso pai. Os dois estavam hospedados em um dos apartamentos do mesmo condomínio que o nosso. Eu queria que ficassem comigo e Josué no nosso, entretanto, não quiseram. Contratei uma enfermeira para ficar com ele vinte quatro horas por dia, nosso pai precisava de cuidados.
Josué e eu fomos surpreendidos com a partida da mãe dele para fora do país. Descobrimos por acaso, pois ela sequer voltou a falar com o filho outra vez. A única relação que parecia estar indo bem era a dele e do pai. Alexandra como sempre ajudava todos nós com tudo, ela era um anjo enviado dos céus.
Era uma sexta-feira que ficaria marcada como a sexta de nossas vidas. Josué dormia ao meu lado e nem percebeu quando toquei sua mão por debaixo das cobertas e coloquei um anel, sim, um anel!
— Acorda, amorzinho.... — sussurrei, dengosa beijando sua bochecha. Meu amado abriu os olhos e deu um largo sorriso.
— Lua, amo ser acordado assim, por você! — afirmou, tocando meu rosto. Ansiosa que ele visse sua mão, toquei o dedo que tinha colocado o anel até que ele percebesse ele.
— Eu te amo, Josué Monteiro! Estou pronta para seguir um passo adiante com você! Você quer se casar comigo?
O pedido de casamento que ele tanto queria saiu de mim depois dele pedir tanto e eu recusar. Seus olhos ficaram marejados.
— Sim, eu aceito, futura senhora Monteiro! E eu te amo demais!
Fui atacada por beijos e euforia. Eu seria a senhora Monteiro e diferente da minha sogra, honraria o sobrenome da nossa família. Ficamos agarradinhos durante um tempo até nosso filho pular na nossa cama.
— Mamãe, o bolinha fez xixi naquele sapato novo do papai... — seu comentário fez Josué resmungar.
— Vou ter que jogar o par de sapatos fora, Luara! Não acredito que o porco novamente aprontou pra cima de mim! — disse indignado.
Caí na gargalhada com a expressão de nojo em seu rosto.
— O máximo que pode acontecer é te dar uma baita coceira nos pés. Por que jogar fora? Não é pra tanto! — afirmei, divertida.
— Não é pra tanto? Vou limpar com um dos seus vestidos novos então! — ameaçou, saindo da cama.
— Josué! Não toque nos meus vestidos! Se sujar um deles de xixi de porco, vou ter que jogar fora...
Ele sorriu sarcástico e foi em direção ao closet. Pulei da cama em seguida indo atrás dele. E ali iniciava mais uma manhã de uma rotina aleatória nossa. Nunca pensei que pudesse ser feliz de verdade e que um dia tudo acabaria bem. Parecia impossível ter uma vida depois de tanto sofrer com problemas familiares e outros. Mas com Josué consegui tudo que sonhei e um pouco mais.
