Conhecer Alexandra ao vivo era tudo que imaginei e um pouco mais. Ela era elegante e muito inteligente, uma mulher poderosa. Tudo que estava vivendo parecia fora da minha realidade, não que fosse algo ruim, pelo contrário, estava maravilhoso. No entanto, tudo na vida tinha um prazo de validade, e eu esperava não ficar aos prantos quando chegasse ao fim, o sonho de ter pessoas que se importavam comigo de verdade. Minha nova amiga não tinha vindo para uma simples visita, como pensei que fosse, até o momento dela esperar Lucas dormir e chamar Josué e eu para uma conversa.
Sentei no sofá ao lado de Josué. Nos olhamos e em seguida voltamos nossa atenção a sua prima que parecia preocupada.
— Melhor vocês saberem de uma vez e por mim. — disse pegando um papel de dentro da sua bolsa e entregando a Josué. — Sinto muito. Tia Lurdes descobriu que você escondeu o neto dela, primo. Ela me obrigou a entregá-lo esse documento ou ela mesmo faria isso.
Sem entender tirei das mãos dele o tal documento, comecei a ler.
— Que porra é essa, Alexandra? Essa mulher quer tirar meu filho de mim! — berrei, jogando o maldito documento no chão. — Você disse que não tiraria meu filho de mim, Josué! Agora sua mãe quer ele? O que foi isso tudo? Um teatro pra ganhar tempo para tirarem ele de mim?
Como eles foram capazes de armar pra cima de mim? Era tudo que conseguia pensar. Outra vez havia sido traída por confiar nas pessoas erradas.
— Luara, pensa que eu seria baixo assim? Não leu direito? Ela quer a guarda dele, cacete! Afastá-lo até mesmo de mim! Você deveria saber que não sou bom em atuação!
Minha vontade era de quebrar a cara de Josué em pedacinhos.
— Parem os dois! Vão acabar acordando, o Lucas! Precisamos pensar em algo sensato. — disse ela, sentando entre nós dois. — Por favor, fiquem calmos, ninguém traiu ninguém. Amiga, tia Lurdes sempre foi esperta, cedo ou tarde ela acabaria descobrindo tudo.
Eu não sabia se poderia confiar nos dois, mesmo ela sendo uma mulher que me passava confiança, poderia estar tentando ganhar tempo junto com seu primo. Pulei do sofá quando ela tentou tocar minha mão.
— Estou cansada! — esbravejei, saindo da sala de estar, indo pro meu quarto. Tranquei a porta e fiquei ali quieta.
Quem eram os vilões da vez? A tal de Lurdes? Nem todo dinheiro do mundo daria o que meu filho precisava e tinha, o amor. Chorei em silêncio até adormecer no chão frio perto da porta. Despertei com batidas na porta.
— Lua, sei que está brava e com razão, mas vamos conversar, está bem? Minha prima e eu não somos seus inimigos, inclusive ela foi embora e voltará amanhã cedo.
Toda vez que ele me chamava de Lua, acabava derretendo, ele sabia disso, pois usava isso ao seu favor, sempre que discutíamos algo, contudo, daquela vez era diferente. Por impulso destranquei a porta. Seus olhos tristes me fizeram derramar lágrimas salgadas, que molharam todo meu rosto.
— Sua mãe vai tirá-lo de nós, não é mesmo? Eu não vou suportar, Josué. — afirmei, com a voz trêmula. Puxei a gola da sua camisa social com fúria. — Me diz que isso não passou de uma mentira! Diz pra mim, que isso é uma brincadeira sua e de Alexandra, por favor...
— Ninguém vai tirá-lo de nós, nem mesmo minha mãe. — murmurou, envolvendo-me em seus braços. Me senti como uma criança indefesa.
— Você promete? Jura que vai lutar contra sua mãe? Ela é sua mãe, Josué, e eu, bem, não significo nada. — desabafei. Por que ele ficaria contra sua mãe? Quem eu era pra pedir um sacrifício seu? Acabei agindo pela emoção e isso pareceu tão errado. Afastei-me recuando envergonhada.
— Eu prometo. — disse surpreendendo-me. Esquivei-me do seu toque.
— É errado, não posso te pedir isso. — sussurrei, mirando o chão. — Lucas, não tem meu sangue, claro que vai ser fácil a família legítima tirá-lo de mim.
Por que admiti minha derrota antes mesmo de lutar? Eu era uma mulher negra de vinte e poucos anos que não tinha uma vida estabelecida. Quais eram as chances do garoto permanecer comigo?
— Não estou te reconhecendo... — falou tocando meus ombros. — Você é forte e cuidou dele sozinha durante cinco longos anos. Não vai ser minha mãe ou quem quer que seja, que vai se intrometer na criação dele.
E naquele momento de fortes emoções, prestes a cometer um terrível erro, deixei cair a última lágrima amarga pelo meu rosto.
— Caramba! — resmunguei, incerta da minha impulsividade e com medo, mas com muita vontade do que iria fazer. Ficando nas pontas dos pés e encarando seus olhos surpresos, o beijei. Selei nossos lábios em um selinho demorado, pois queria guardar aquela lembrança, do sabor de seus lábios macios, logo após o que havia feito me afastei. — Desculpe...
Desculpe? Sim, tinha pedido desculpas pelo meu ato. Eu não sabia onde enfiar minha cara, então pensei em sair correndo, entretanto, Josué me puxou pela cintura com força.
— Deixe pra se arrepender por algo que vale a pena...
Aquela foi sua frase até me surpreender com um beijo tão cheio de desejo. Como resistir? Eu queria aquele beijo de verdade, e ali percebi o que neguei até onde pude, que eu o queria, queria muito Josué Monteiro.
(✿◡‿◡)
Estou um pouco enferrujada pra cenas amorosas, relevem.
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Tudo Que Sinto No Coração
RomantikLuara Arantes é uma mulher forte que enfrenta muitos desafios na vida, incluindo o preconceito de sua própria família. Com um filho pequeno para criar, ela encontra forças para enfrentar as dificuldades do dia a dia. Mas o destino reserva algo surpr...