Uma chegada e tanto ao hospital pensei ao ser notado por todos como se fosse um maluco. Com certeza, era o pijama e os pés descalços que chamou tanto atenção. Alexandra demonstrava estar indiferente e apenas saiu me puxando pelo braço pelo corredor. Próximos a uma porta de um dos leitos ela largou meu braço.
— Entra, mas não esquece que ela passou mal. — avisou, empurrando-me porta adentro.
Meu pai estava em pé perto da janela e minha mãe ao nos ver virou a cara. Por que tanto desprezo? Era algo que não dava pra entender.
— O que esse ingrato faz aqui? — mamãe disse, referindo-se a mim, claro!
Me senti um nada enquanto pisava no piso frio em direção à cama.
— Não se exalte, Lurdes. Não vale a pena. — papai falou com desdém.
Nenhum dos dois estavam felizes com minha presença.
— Obrigado, pelo apoio pai. Sou o filho de vocês. — comentei, o óbvio.
Não queria que as coisas fossem daquele jeito, eram meus pais, entretanto, parecia que isso não importava mais.
— A culpa é sua dela ter passado mal. A coitada da sua mãe não aguentou tanto desgosto. Por que não convence logo aquela mulher nos entregar o garoto? Talvez possamos entrar em um acordo. Que tal? Podemos deixá-lo ver o menino de quinze em quinze dias...
Eu queria que meus ouvidos tivessem ouvido mal, mas ele realmente me propôs um absurdo. Quem meu pai achava que eu era? Um imbecil?
— Aquela mulher, como o senhor quer chamá-la, tem um nome, Luara Arantes. É bom que os dois me ouçam bem, não vamos entregar o nosso filho pra vocês. Acostumem-se com essa ideia porque não vão conseguir tirá-lo de nós.
— Calma, Josué. — Alexandra disse tocando meu braço. — Aqui não é lugar para falarmos desse assunto.
Com meus pais nunca haveria local certo para aquele assunto tão delicado
— Foi perda de tempo ter vindo visitar minha mãe. Olha ela está ótima. — disse gesticulando com as mãos. — Não me olhe assim, se sou desconfiado puxei isso da senhora, mamãe!
Ela sempre teve uma excelente saúde. Não tinha garantia alguma que não havia fingido passar mal pra tentar me comover. Minha prima mesmo sendo inteligente não enxergava uma armação tão bem quanto eu, minha mãe era capaz de muitas coisas.
Eu não entraria em seu joguinho, não mesmo. Saí daquele hospital sem pensar duas vezes. Minha prima veio a reboque brigando comigo o tempo inteiro. Infelizmente sem ela não poderia chegar no meu apartamento, precisei aguentar calado tudo que ela falava achando que estava certa. Por que contrariá-la? Não era momento pra mais confusão.
— Você precisa pedir desculpas pra tia Lurdes. — disse ela, estacionando o carro na frente do meu condomínio. — Para de me ignorar, Josué! O trajeto inteiro falei sozinha!
Olhei em sua direção um pouco antes de sair do veículo.
— Tchau, Alexandra! — falei batendo a porta do carro com força.
Quase cogitei dela vir atrás de mim, mas por sorte isso não aconteceu. Não me importei com os olhares de estranheza por onde passei por estar de pijamas. Adentrei meu apartamento com sangue fervendo. Luara logo correu na minha direção.
— Como está sua mãe? — perguntou, visivelmente preocupada. Eu não queria ter que falar sobre aquele assunto de cabeça quente.
— Linda, estou precisando de um banho. Depois falamos sobre isso. — afirmei, beijando sua bochecha esquerda.
Após o banho revigorante acabei adormecendo. Quando abri os olhos vi Luara lendo um livro deitada ao meu lado. Ouvi o som alto da tv e imaginei que fosse o nosso filho assistindo desenhos.
— Vejo que acordou. — comentou, fechando o livro. Como ela sabia? Fiquei surpreso, pois em nenhum momento ela olhou pra mim.
— Quem disse? Estou dormindo ainda... — resmunguei, caindo pro seu lado, passando o braço em sua cintura. — Bem que você poderia fazer um cafuné gostoso, não acha?
Abri um largo sorriso ao senti-la mexendo nos meus cabelos, mas ela tinha outros planos na verdade.
— Deixa de ser mimado! — disse ela, puxando minha orelha. — Não sou sua mãe!
Ela tinha que mencionar minha mãe? Aquele momento era pra ser apenas nosso.
— Graças a Deus que você não é minha mãe. — afirmei, rolando pro lado. — Acredite, Lua, não estaria perto de você assim, se você fosse igual ela.
Estava magoado pra reconhecer as qualidades da minha mãe, portanto, só conseguia pensar nas coisas ruins. Pra um filho ver a própria mãe como vilã era cruel.
— O que houve no hospital? — questionou, tocando minha mão. — Você pode me falar qualquer coisa, sabe disso não é?
— Era tudo fingimento pra nos fazer ter pena dela. Ela queria que entregássemos nosso filho de boa vontade. Nem sempre ela foi uma bruxa como tem demonstrado ser. — desabafei. — Não deveríamos ter vindo. Desculpe, colocar você e o Lucas nessa confusão.
Por minha culpa ela poderia perder o emprego. Luara não precisava sacrificar sua vida por minha causa.
— Não sinta culpa de nada. — disse acariciando minha mão. — A verdade sempre vem, se sua mãe realmente fingiu estar doente e quis arma pra cima de nós, ela mesma pagará por sua má escolha. Meus pais também não são fáceis, ainda assim, largaria tudo caso eles me chamassem. Os filhos não têm culpa dos erros dos pais. Ficaremos bem juntos, Josué.
Eu queria ter a mesma fé que ela tinha de que tudo acabaria bem, porém, não conseguia ser tão otimista assim.
(~ ̄▽ ̄)~
Que foi isso hein? Será mesmo que a coroa fingiu passar mal?
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Tudo Que Sinto No Coração
RomansaLuara Arantes é uma mulher forte que enfrenta muitos desafios na vida, incluindo o preconceito de sua própria família. Com um filho pequeno para criar, ela encontra forças para enfrentar as dificuldades do dia a dia. Mas o destino reserva algo surpr...