Capítulo 23

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Ser adulta tornava tudo mais constrangedor

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Ser adulta tornava tudo mais constrangedor. Do que estou falando? De ter deixado Josué falando sozinho no quarto, claro! Entrei em uma das portas que vi pela frente e ali fiquei durante um tempo, refletindo minhas atitudes. Eu tinha tanto medo que não conseguia me colocar no lugar dele. Se alguém fugisse da forma como eu costumava fazer, nunca mais olharia na cara, no entanto, com ele era diferente, conseguia ver que não eram palavras da boca pra fora.

— É apenas o Josué, ele é um cara bacana e gosta de você. — disse pra mim mesma. — Ele não é Yago e muito menos alguém da sua família tóxica. Por que não dá uma chance a ele? Não é mesmo?

Com o pensamento firme, saí de onde estava e comecei a procurá-lo pelo apartamento. Encontrei-o do outro lado da grande bancada. Ele parecia distraído lendo o rótulo de um produto de frente pra geladeira aberta.

— O consumo de energia deve ser alto. — comentei, do outro lado da bancada. Assustado, Josué deu um pulo. Segurei o riso.

— Jesus! — resmungou dramático. A expressão de susto deixou ele ainda mais charmoso.

— Não é ele, sinto muito te decepcionar! — brinquei, apoiando os cotovelos na bancada. — Sabe, não pensei que fosse um medroso.

— Sou mais corajoso que você, senhorita Arantes. — disse afrontoso. — Luara, não precisa fugir de mim...

Aquele olhar de cachorro abandonado fez meu coração palpitar. Sorri de nervosismo. Ele precisava saber a verdade do que acontecia na minha cabeça, e do quanto era difícil me abrir para o novo.

— Você não entende até porque não falamos sobre isso. — resolvi abrir meu coração. Respirei fundo e continuei meu desabafo. — Eu tive um péssimo relacionamento que nem chegou a ser um de verdade. Minha vida sempre foi problemática, sabe? Muitas expectativas na filha mais velha. Cresci ouvindo que deveria ficar longe de brancos. Um pouco antes de sair da casa dos meus pais, descobri um segredo de família que pensei que mudaria tudo, contudo, não aconteceu assim. Nunca houve razão real pra minha família ser tão preconceituosa, minha bisavó era de pele alva. Voltando ao principal assunto, tenho medo de fracassar outra vez, digo, você é o pai de Lucas, um envolvimento entre nós não parece certo.

Queria que meu coração pensasse o mesmo que minha razão, mas ele tinha suas próprias vontades. Receosa apenas disse o que deixava-me aflita, não falei minha decisão final, pois tinha tanto medo.

— Eu gosto de você. — afirmou, aproximando-se e tocando minha mão em seguida. — Independente de algo não dar certo entre nós, não afetaria nossa relação como pais de Lucas. Esquece o passado que te machuca tanto, por favor, nos dê uma chance, caso sinta o mesmo que sinto.

Ele poderia ser menos convincente, certo? Mas, se fosse assim, continuaria fugindo dele e dos meus sentimentos. O silêncio nos calou. E um largo sorriso brotou dos meus lábios.

A melhor resposta que poderia dar naquele momento foi selar nossos lábios em um beijo calmo. Toquei seu rosto com ternura e dei passagem para sua língua, assim iniciando um beijo mais intenso. Nossas línguas pareciam dançar valsa ao som da nossa respiração.

— Papai...

Aquela voz baixinha nos surpreendeu, nos separamos e olhamos em direção do pequeno. Não tinha certeza se tinha ouvido direito. Ele tinha mesmo falado, papai? Lucas coçava um dos olhos ainda confuso por conta do sono.

— Lua, ele me chamou de pai! — Josué disse, saindo de trás da bancada indo em direção ao nosso filho. — Você disse, papai, não disse? — perguntou, ajoelhando-se para ficar à altura de Lucas.

— O senhor é o meu papai. Não é verdade, mamãe? — questionou, fitando-me. Concordei balançando a cabeça positivamente.

Era um sinal do destino? Talvez ele quisesse nos dizer alguma coisa. Talvez fosse a hora certa de sermos uma família completa. E o meu medo? Bom, tentaria deixá-lo de lado. Juntos nós três resolvemos preparar alguma coisa para comer. Depois de termos preparado uma refeição simples, sentamos todos na mesa.

O brilho dos olhos de Josué era tão satisfatório. Estávamos todos felizes, apesar da real situação de estarmos naquela cidade. Tentei deixar de lado o fato de me tornar a nora daqueles dois que queriam tirar meu menino de mim. Tudo era muito cedo, entretanto, não aceitaria menos que um compromisso sério. Se ele realmente tivesse boas intenções comigo deveria me pedir logo em namoro.

Na hora que fomos todos dormir foi uma festa e tanto, pois Lucas não parava quieto, queria ficar pulando na cama do papai. Foi difícil acalmá-lo, mas no fim conseguimos. Colocamos o pequeno entre nós. Josué e eu trocamos olhares bobos até pegar no sono.

Após uma noite tranquila de sono, acordamos com uma gritaria que começou na sala de estar até chegar no quarto. Era Alexandra, como ela tinha entrado no apartamento? Não sabia! Seu primo estava ainda na cama também e nos olhamos confusos.

— Por que não atendeu o telefone, Josué? — perguntou indo na direção dele. — Ela poderia ter morrido e você nem ficaria sabendo. Tia Lurdes, passou mal e eu fiquei com o tio no hospital até agora...

Pulei da cama bruscamente. A culpa era minha dele não ter atendido o telefone, porque ele quis dar prioridade a nossa família.

— Não briga com ele, a culpa é minha que acabei distraindo ele. — assumi meu erro esperando que ela entendesse e não brigasse com ele. — O que está esperando, Josué? Vai com sua prima pro hospital agora!

Ele precisava reagir era a mãe dele, quase pensei que teria que puxá-lo da cama. Lucas acordou, porém, continuou deitado sem saber o que estava acontecendo.

— Vamos, Alexandra. — disse ele, saindo finalmente da cama. — Te ligo dando notícias, Luara.

Concordei e os dois saíram apressados, Josué nem se importou de estar de pijamas e foi assim mesmo. Acabei retornando para cama pra ficar com meu filho. Pedi pro pequeno participar de uma oração junto comigo, assim ele fez. Pedimos para que sua avó ficasse bem. 

(✿◡‿◡)

Fortes emoções...

Tudo Que Sinto No CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora