Capítulo 12

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Dois dias.

Dois dias que Miguel me deixou em casa. Ele não apareceu no festival. Nem o Ethan.

Eu achava que ele estava fugindo de uma conversa, mas se Ethan não apareceu e nem Miguel, significa que eles estão ocupados.

Hoje é sábado. Por que eu estou em casa? Porque, segundo Pedro, os funcionários estão muito cansados e ele deu um descanso para todos.

Eu até poderia ir caminhar, como as senhorinhas na praça. Mas, pra quê? Eu estava com preguiça mesmo.

Meu celular começa a vibrar em minha barriga e eu acabo me assustando.

"Mulher, abre a porta que eu estou chegando."

O que Emanuelle queria oito horas da manhã em minha casa? E como ela sabe onde eu moro?

Eu estava deitada no sofá, com guloseimas. Não estava disposta a levantar.

Me levanto, lentamente, pego o controle e pauso uma série aleatória sobre algum tipo de distopia e vou para a cozinha.

Começo a lavar algumas coisas que estavam na pia, enquanto cantarolava uma música.

Meu celular começa a vibrar sem parar, como estava na mesa, fazia um barulho alto.

Limpei as mãos e fui pegar o celular. Era Emanuelle falando que queria entrar. Ela não sabe bater na porta?

- Amiga, hoje eu vim te ver, bom não é? Você já comeu feijoada? - Assim que eu abro a porta, ela me abraça rápido e entra.

- O que... Como você descobriu que eu moro aqui? - Eu não me lembro de ter falado isso a ela.

- O Ethan, gosta de tomar conta da vida dos outros. Me falou sem eu perguntar. - Fala enquanto se ajeita no sofá.

- Emanuelle, oi. Por que você chegou aqui assim, do nada? - Pergunto cruzando os braços.

- Não sei. Quis te ver. Estou sem nada para fazer.

- Eu também não estou fazendo nada. Quer comer e dormir? - Na verdade, eu iria fazer isso, ela estando aqui ou não.

- Sua proposta é muito tentadora, vejo que a única opção é aceitar.

- Tem uma loja brasileira na rua de trás, eu comprei algumas coisas lá. Vamos comer feijoada hoje. - Fala enquanto mexe em uma sacola plástica, que eu não reparei esse tempo todo.

- Nunca comi, mas já ouvi falar.

- Eu vou esquentar ali na cozinha, porque eu trouxe já pronta. Pega uns pratos. Tchau. - Fala, pega a sacola, que me parecia um pouco pesada.

- Sinta-se em casa.

- Já me sinto. - Eu ainda estava com sono, mas para comer, eu sempre tenho tempo.

Depois de uns quarenta minutos, começamos a comer. Por que quarenta?

Simples, a gente parou de fazer as coisas e começamos a conversar.

Ela me falou que não era tão bom comer algo pesado tão cedo, mas o cheiro estava muito bom.

- Você precisa conhecer o Brasil, sério. - Emanuelle já estava com o segundo prato cheio, enquanto eu quase não consegui terminar o primeiro.

- Amiga, como você consegue comer tudo isso? Não é muito pesado? - Se alguém me oferecesse mais alguma coisa, eu iria explodir.

- Acabei me acostumando. Olha, eu só queria saber por que tivemos que lavar aquelas formas...

Fire - Em ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora