Dois dias.
Dois dias que Miguel me deixou em casa. Ele não apareceu no festival. Nem o Ethan.
Eu achava que ele estava fugindo de uma conversa, mas se Ethan não apareceu e nem Miguel, significa que eles estão ocupados.
Hoje é sábado. Por que eu estou em casa? Porque, segundo Pedro, os funcionários estão muito cansados e ele deu um descanso para todos.
Eu até poderia ir caminhar, como as senhorinhas na praça. Mas, pra quê? Eu estava com preguiça mesmo.
Meu celular começa a vibrar em minha barriga e eu acabo me assustando.
"Mulher, abre a porta que eu estou chegando."
O que Emanuelle queria oito horas da manhã em minha casa? E como ela sabe onde eu moro?
Eu estava deitada no sofá, com guloseimas. Não estava disposta a levantar.
Me levanto, lentamente, pego o controle e pauso uma série aleatória sobre algum tipo de distopia e vou para a cozinha.
Começo a lavar algumas coisas que estavam na pia, enquanto cantarolava uma música.
Meu celular começa a vibrar sem parar, como estava na mesa, fazia um barulho alto.
Limpei as mãos e fui pegar o celular. Era Emanuelle falando que queria entrar. Ela não sabe bater na porta?
- Amiga, hoje eu vim te ver, bom não é? Você já comeu feijoada? - Assim que eu abro a porta, ela me abraça rápido e entra.
- O que... Como você descobriu que eu moro aqui? - Eu não me lembro de ter falado isso a ela.
- O Ethan, gosta de tomar conta da vida dos outros. Me falou sem eu perguntar. - Fala enquanto se ajeita no sofá.
- Emanuelle, oi. Por que você chegou aqui assim, do nada? - Pergunto cruzando os braços.
- Não sei. Quis te ver. Estou sem nada para fazer.
- Eu também não estou fazendo nada. Quer comer e dormir? - Na verdade, eu iria fazer isso, ela estando aqui ou não.
- Sua proposta é muito tentadora, vejo que a única opção é aceitar.
- Tem uma loja brasileira na rua de trás, eu comprei algumas coisas lá. Vamos comer feijoada hoje. - Fala enquanto mexe em uma sacola plástica, que eu não reparei esse tempo todo.
- Nunca comi, mas já ouvi falar.
- Eu vou esquentar ali na cozinha, porque eu trouxe já pronta. Pega uns pratos. Tchau. - Fala, pega a sacola, que me parecia um pouco pesada.
- Sinta-se em casa.
- Já me sinto. - Eu ainda estava com sono, mas para comer, eu sempre tenho tempo.
Depois de uns quarenta minutos, começamos a comer. Por que quarenta?
Simples, a gente parou de fazer as coisas e começamos a conversar.
Ela me falou que não era tão bom comer algo pesado tão cedo, mas o cheiro estava muito bom.
- Você precisa conhecer o Brasil, sério. - Emanuelle já estava com o segundo prato cheio, enquanto eu quase não consegui terminar o primeiro.
- Amiga, como você consegue comer tudo isso? Não é muito pesado? - Se alguém me oferecesse mais alguma coisa, eu iria explodir.
- Acabei me acostumando. Olha, eu só queria saber por que tivemos que lavar aquelas formas...
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Fire - Em Chamas
RomanceMiguel sabia que entrar em prédios cobertos por fogo era coisa pequena, comparado ao desafio de sobreviver a outro tipo de fogo, o fogo que queima nos cabelos de uma certa ruiva chamada Emily. A vida é sempre cheia de surpresas e para Miguel não foi...