"Quem deve, paga; quem merece, recebe."
É a lei de Xangô
Música on: "The World We Made" (Ruelle)
As passadas firmes, a postura imponente, com uma confiança inabalável, o homem caminhava lentamente afundando as botas na terra enquanto o chicote pingava em vermelho rubro, deixando um rastro para quem ousasse desafiar suas ordens.
O sorriso macabro fazia par aos seus olhos vazios de qualquer sentimento, era a lei, o juiz e o carrasco, era o senhor de tudo e todos, e ergueu a cabeça ainda mais estufando o peito orgulhoso.
Intocável...
Era como se via.
Poderoso...
Era como se sentia.
Ouvindo o ranger da madeira sobre seus pés, caminhou por seu escritório, e dependurando seu amado instrumento de tortura na parede, estendeu a mão até uma das inúmeras garrafas de bebida que jaziam sob a bancada, e se serviu de uma boa dose de conhaque.
Orgulhoso... Prepotente... Arrogante...
Sentou confortavelmente na poltrona, jogando os pés por cima da mesa, se recostando para trás fechando os olhos, degustando do doce sabor do terror. Adorava ser temido, se refastelava com os gritos dos escravos.
Gargalhou alto, satisfeito com sigo mesmo...
"Awọn iran, a ko le gbagbe... Eranko inu wa gba wa... Ṣugbọn awa ko ṣe... Ṣe banuje..." "Visões, não podemos esquecer... O animal dentro nos recebeu... Mas nós não... Sentir arrependimento..."
As palavras sussurradas em seu ouvido, num tom de agouro, o fez abrir os olhos imediatamente, para o correr a procura de alguém.
Ninguém...
Estava sozinho, e isso o fez unir as sobrancelhas intrigado.
"Ohun gbogbo ti wa ni ayidayida... Ṣugbọn a ko lero nkankan... Ko si ọna lati kọju..." "Tudo é torcido... Mas nós não sentimos nada... Não há como resistir..."
A voz tornou a ecoar em seus ouvidos, o fazendo levantar de abrupto.
- Quem está ai? - Entoou de forma ameaçadora.
"O wa ninu eje wa... Ninu eje wa... Ninu awọn iṣọn ara wa" "Está no nosso sangue... No nosso sangue... Nas nossas veias..."
Uma rajada de vento forçou as janelas as abrindo num estrondo, apagando as velas, mergulhando o escritório em completa escuridão.
Levando as mãos até uma das gavetas, o homem pegou a arma a erguendo no ar, começando a caminhar pelo lugar às cegas, esbarrando nos móveis, sendo perseguido pela voz que continuava a sussurrar em seus ouvidos.
"Fanged... Awọn alagbara... Awọn oluwa ere... A nṣiṣẹ pẹlu awọn Ikooko ni awọn ojiji ... A yoo lepa oju naa..." "Presa... O poderoso... Mestres do jogo... Nós corremos com os lobos nas sombras... Nós vamos perseguir o rosto para baixo..."
- Apareça bastardo! – Esbravejou furioso.
A risada divertida ressoou por todo o ambiente.
"A ko le sa fun... Ko le sa fun... Eyi ni agbaye ti a ṣe..." "Não podemos escapar... Não pode fugir... Este é o mundo que fizemos..."
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Lies | Supercorp
FanfictionBrasil, 1886. Em meio ao progresso ferroviário, a pressão inglesa e aos movimentos abolicionistas, duas famílias firmam um acordo vantajoso para ambas. Helena (Lena) e Alexandre (Alex) iriam se casar. Envolto a trocas de cartas, tramas e complos, u...