Karla tinha a voz embargada e os olhos nublados pelas lágrimas que os cobriam. O papel, tremia em sua mão, a verdade a atingia com uma força descomunal. Respirava com dificuldade, sentindo seu peito subir e descer acompanhando as batidas aceleradas de seu coração. Helena havia sentido a sua dor. Mais que isso, havia ouvido seu adeus desesperado.
- Ela.. ela... ouviu... a mim? – Depois de um longo tempo encarando a carta, levantou os olhos buscando por Manuel. – Como isso é possível?
- Ao que vejo, existe uma ligação entre tu, e ela. O que vou lhe dizer, Karla, pode lhe parecer tolices, mas algumas pessoas nascem... predestinadas a se conhecerem.
- O que estas a dizer, Manuel? A caso sugeres que estou na vida de Helena, e Helena na minha dês de sempre?
- Apenas veja os fatos Karla. Fostes tu a responder a primeira carta. Estavas mais animada com isso, do que o próprio Alexandre! E agora isso!
- Não me venhas com essas blasfêmias pagã! – Karla se levantou do sofá sentindo o latejar constante na cabeça. A dor havia se tornado sua fiel companheira.
- Respeito vossa fé, da forma que peço que respeite a minha. – Manuel usava um tom firme a olhando nos olhos.
- Perdoe-me, tens razão. Quem sou eu para falar de blasfêmias, quando estou a usar calças e prestes a me casar com outra mulher.
- Karla...
- Estou cansada, vou me retirar para meu quarto. Amanhã continuamos, sim?
- Evidentemente.
Karla sentou na cama refletindo acerca do que Manuel havia falado. Havia crescido aprendendo que Deus era o arquiteto do mundo, e em sua misericórdia infinita, criou a mulher para servir de companhia ao homem. Era sim que era! Como poderia ter uma ligação com outra mulher? Ou estar predestinada a ela? Não fazia sentindo! Que falta lhe faziam as irmãs. Teria corrido para sala de irmã Eveline, a velha senhora com toda certeza teria as respostas, ela sempre as tinha...
Sem que nem ao menos percebesse, estavas andando pelo quarto enquanto os pensamentos lhe davam voltas, e mais voltas na mente. E quando finalmente deu por si, estava sentada a sua escrivaninha com uma caneta tinteira em mãos e o papel de carta sobre a bancada. "Helena... espero que um dia possas perdoar-me por mentir para ti..." Com esse desejo oculto em seu coração, Karla começou a escrever.
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Lies | Supercorp
FanficBrasil, 1886. Em meio ao progresso ferroviário, a pressão inglesa e aos movimentos abolicionistas, duas famílias firmam um acordo vantajoso para ambas. Helena (Lena) e Alexandre (Alex) iriam se casar. Envolto a trocas de cartas, tramas e complos, u...