- Andréa, tens certeza de que isso é uma boa ideia?
- Se ele não se sentir afetado, com esta dança, começarei a desconfiar de sua virilidade. – Andréa falava enquanto abria as portas da biblioteca, que ficava num amplo espaço de grandes janelas e estantes com livros e objetos, um tanto curiosos, e um deles, em particular, atraiu a atenção de Helena, principalmente quando viu a prima colocar algo circular de cor escura no objeto.
- Que coisa é essa?
- Isto minha queria prima, é o futuro! – Andréa disse sorridente, acariciando o objeto com carinho.
O aparelho consistia em um cilindro com sulcos coberto por uma folha de estanho. Uma ponta aguda era pressionada contra este cilindro e, conectados à ponta oposta, ficavam um diafragma (uma membrana circular, cujas vibrações convertiam sons em impulsos mecânicos e vice-versa) acoplado a um grande bocal em forma de cone. O cilindro era girado manualmente e, conforme o operador ia falando no bocal, a voz fazia o diafragma vibrar, o que fazia a ponta aguda criar um sulco análogo na superfície do cilindro. Quando a gravação estava completa, a ponta era substituída por uma agulha e o cilindro era girado no sentido contrário: a máquina desta vez reproduzia as palavras gravadas e o cone amplificava o som.
Helena olhava o estranho objeto com curiosidade, se aproximando com olhos intrigados e não percebeu sua prima a olhando com um sorriso diabólico, e assim que Helena estava próxima o bastante, Andréa girou a manivela do fonógrafo, fazendo uma música alegre vibrar pela sala, pregando um susto em Helena, a fazendo pular para trás.
- Céus! Andréa! Ainda me matas um dia!
- Não sejas tão exagerada. – Andréa ria abertamente puxando a prima pela mão, até o meio da biblioteca. – Agora vamos ao mais importante da dança, a atitude.
Música on: "España Cañi" (Banda de Música Ntra. Sra. de La Oliva).
Soltando a mão de Helena, Andréa ajeita a postura erguendo o queixo, e num trançar de mãos, as elevou a cima de sua cabeça, enquanto olhava fixamente nos olhos de Helena, de forma desafiadora. – Essa é uma dança forte e com ritmo marcante que envolve quem dança. - Andréa bateu um dos pés no chão o puxando para trás descendo as mãos em movimentos circulares até as laterais de seu vestido, segurando a barra da saia do lado esquerdo a erguendo. Helena olhava a tudo atentamente, admirada pela forma como sua prima seduzia com movimentos tão sutis.
- Nesta dança o homem encarna o espírito de toureiro, digno e orgulhoso, que de forma decidida e graciosa conduz à senhora pelo salão como se ela fosse a sua capa. – A mulher continuava sua explicação enquanto dava voltas em torno de Helena sacudindo a saia do vestido. – Mas tu, não és submissa a ele. És a capa, mas também és o touro. - Parou de frente a prima, batendo os pés com força no chão, a encarando, e colocando uma das mãos sobre seu ombro, empurrava Helena para trás enquanto falava. - É uma dança de tempos bem marcados onde se sente uma tensão entre os dançarinos ao longo de toda a dança. – E passando uma das mãos pela cintura de Helena, Andréa a puxou para si num movimento vigoroso, colando seus corpos. - Devem refletir a emoção feroz da luta de forma elegante e sedutora. – Disse a última parte entre sussurros, enquanto passava seu rosto pelo de Helena, a soltando logo em seguida.
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Lies | Supercorp
Fiksi PenggemarBrasil, 1886. Em meio ao progresso ferroviário, a pressão inglesa e aos movimentos abolicionistas, duas famílias firmam um acordo vantajoso para ambas. Helena (Lena) e Alexandre (Alex) iriam se casar. Envolto a trocas de cartas, tramas e complos, u...