Cap. 22 - E quando perde a razão

2K 202 83
                                    

Há momentos em nossa existência, em que nos vemos diante da encruzilhada que nos direcionará para o caminho que percorremos até o fim de nossa jornada.

Andréa estava diante da igreja da província contemplando sua encruzilhada, seu dilema, seu tormento. Voltar para casa e desistir de tudo que estava sentindo, ou entrar e se entregar de corpo e alma as vontades que lhe dilaceravam. Ardia em desejos e luxúria, era assombrada em seus sonhos, pensamentos. Não tinha paz.

Por um momento, um breve momento, cogitou a hipótese de voltar, e deu um passo atrás.

"Não faça isso, Andréa. "

A voz em sua consciência a alertou.

"Vá buscar sua paz! "

Os sussurros de sua alma, se sobrepuseram aos seus medos e temores, e tomando de uma respiração profunda, ergueu a cabeça e caminhou pela estrada sem volta...

- Bom dia, Padre. – Sua voz saiu natural.

- Bom dia, senhorita Rojas. – Kalel ergueu seus olhos azuis do livro que estudava, para percorrer o corpo curve líneo de pé a sua frente, no meio de sua sala. Andréa seria sua perdição, ou salvação? - Em que posso lhe ser útil, filha?

- Ah, Padre, não me chames desta forma. Posso ser tudo, menos tua filha.

Confuso...

Kalel a olhou confuso, até que encontrou os olhos da mulher, que continham o brilho da lascívia em sua íris esverdeada, e respirou profundamente buscando por controlar seus pensamentos, que o atingiram com força. Não iria ceder, não poderia.

- Busco por alívio... para minha alma pecadora. – A mulher jogou, deixando no ar um convite subentendido.

- Se o que buscas é se confessar, pois bem. – Disse ao se levantar e buscar pela estola. – Não tenho nenhuma agendada, podemos conversar.

Malicia....

"Seria ele tão puro assim?"

Andréa riu de seu questionamento interno, já bolando seu plano maquiavélico, enquanto sentava no confessionário fazendo o sinal da cruz.

"Hoje, não me escapas... Padre..."

- Então, senhorita Rojas, a quanto tempo não te confessas?

- Não tenho nem noção disto. – Riu, ao paço que Kalel negou com a cabeça.

- E como tens se sentindo? Como está a sua fé?

- Como tenho me sentindo? Vejamos... – A mulher dizia abrindo a porta do seu lado do confessionário. – Quente...

Música on "I Put a Spell on You" (Iza)

Kalel enrugou a testa em confusão, ao ver a porta do seu lado ser aberta, e Andréa passar por ela, dando prosseguimento a suas insinuações, num tom de voz baixo, arrastado, saboreando as palavras, provocando os efeitos desejados naquele a ouvida.

- Minha fé, queres saber? Pois bem... – Passou a língua pelos lábios, os humedecendo, antes de continuar. - Eu coloquei um feitiço em ti...

Surpreso...

- Porque es meu...

Kalel sentiu a saliva descer com dificuldade, sentindo a aproximação da mulher que o devorava com os olhos, movendo os lábios enquanto falava de forma sensual e trancava a porta do confessionário.

- É melhor parar de fazer as coisas que faz, eu não estou mentindo. Não, eu não estou mentindo, saiba que não aguento mais! Tu, estas ao meu redor!

Lies | SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora