Cap. 3 - No aroma de amores pode haver espinhos

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- Menina Helena, onde vais?

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- Menina Helena, onde vais?

- Silêncio Bá! Ou meu pai há de acordar! - Helena olhava ansiosa por sobre o ombro, tentando silenciar sua ama. – Kelly irá me acompanhar, não há com que se preocupar.

- Sempre há com o que me preocupar quando se trata da sinhazinha e de minha filha. - Quitéria falava aos sussurros, conhecia bem o Barão, e o poder de seu chicote.

     Helena se afastou da mulher lhe deixando um beijo casto em sua testa, assim que Kelly se juntou a ela, e ambas saíram pela noite. Quitéria já não era mais jovem, mas conhecia bem o fogo ardente da juventude, e os efeitos devastadores que deixava para trás.

     Kelly olhou o perímetro, se certificando de que não havia ninguém, e indicou para que Helena a seguisse naquela ousada jornada até o amplo galpão onde as sacas de café esperavam por seu destino, além de um certo alguém.

     Cuidadosamente, Kelly abriu as pesadas portas o suficiente para que passassem, e botando a cabeça para dentro, soprou o ar por seus lábios em um assovio numa melodia combinada, ouvindo a resposta de que poderiam entrar. Helena passou por ela como uma ventania para ir de encontro a braços fortes que a seguraram com firmeza.

- Minha Baronesinha. – O homem sussurrou sentindo o perfume dos cabelos negros e bagunçados pelo vento. – Por que se arrisca tanto, somente para ver-me?

- Não perdemos tempo com divagações, meu amor. Apenas beije-me! - Helena era urgente e apaixonada em seu falar, o que não deixou, nada além de sua vontade prevalecer.

     Jeremias tomou os lábios suaves de Helena em um beijo, que começava a se aprofundar quando um grito os tomaram de assalto, os fazendo se separar assustados.

- VALHA-ME DEUS!

- Mamãe, por favor! – Kelly tentou controlar a negra que tremia em desespero ao presenciar seu filho pecando inocentemente. – Se nos pegam aqui, Jeremias é um homem morto!

- Isso não pode acontecer! Por Deus! – A mulher falava mais para si, do que para os pares de olhos que a miravam em meio ao breu.

- O que tá assucedeno aqui? - Ao ouvir a voz grave do feitor, Jeremias se pós a frente de Helena, na tentava falha de a esconder atrás de si.

- Nada feito, estava com dores dos meus dias, e pedi Kelly para buscar umas ervas. – Quitéria tentava ludibriar o astuto homem, que estreitava os olhos para si.

- E a sinhazinha veio ajudar também? - O homem mostrava os dentes podres num sorriso debochado. – Sabe negro, o Barão não vai gosta nada disso.

     Jeremias ameaçou avançar sobre o homem quando sentiu as mãos tremulas de Helena em seu braço, e olhos verdes o mirarem apavorados. Num piscar de olhos os homens do feitor laçaram o negro, que não ofereceu resistência. Sabia bem o que lhe aconteceria pela ousadia de amar a filha do Barão.

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