Vulnerável...
Incapaz...
A mulher, em uma situação como a que Kelly se encontrava é tudo, menos culpada. Como poderia ela, tão mais fraca e frágil que seu viril algoz, se levantar e enfrentar o homem que dava dois de si?
Tudo que Kelly poderia fazer, era fechar os olhos e pedir aos seus santos para que acabasse logo, e acabou.
As calças alcançavam a altura dos joelhos de Lex, e o olhar lascivo que lançava a Kelly, que já tinha as vestes rasgadas, dava a mulher a visão do inferno, imagina qual foi sua surpresa ao ver o homem erguer as mãos em rendição.
O metal frio, do cano da arma, tocou as costas de Lex por cima de sua camisa preta, e o engatilhar da mesma o fez estremecer. Não havia como reagir, estava em uma situação... vulnerável. As voltas que o mundo dá.
- Recomponha-se, senhor Luthor. – Uma voz feminina se fez ouvir, levando estranheza ao homem, por não a conhecer, mas pelo forte soque, imaginou de que se tratava.
"Malditos ciganos!"
O pensando veio, o fazendo fechar os olhos e bufar em frustração, e sob a mira da espingarda, e de olhos azuis que faiscavam em fúria, Lex puxou suas calças, abotoou a camisa e vestiu sua casaca.
- Não tens noção de com quem estas falando. – Tentou ameaçar a mulher, sem sucesso.
- E tu, saber com que tipo de gente estas lidando? - Sara rebateu, no mesmo tom irônico.
- Eu sou um homem da lei, sob a proteção da coroa.
- Suas leis, não se aplicam ao meu povo, detetive. Achei que soubesse disso, já que se trata de alguém tão bem instruído. – O sorriso de escárnio, que dominou os lábios carnudos da loira, fez Lex tremer em pura raiva. – Agora, dê o fora daqui.
- Isso não ficará assim... cigana.
- Aguardo ansiosamente a oportunidade de fazer depois, o que tanto almejo fazer nesse exato momento... senhor.
Lex ainda lançou um último olhar de cobiça a Kelly, e de repulsa a Sara, antes de sair dos estábulos. E Sara esperou até não mais ver o maldito homem, para pôr fim largar a espingarda em um canto, e se voltar para Kelly.
- Estas bem?
- Graças aos céus, vossuncê chegou, ou eu... – Kelly não foi capaz de concluir seu pensamento, seu corpo tremia e as lágrimas vieram com força a percepção de que esteve a um passo de ser violentada.
- Xiiiii.... – Sara tentava acalma-la, a apertando num abraço protetor. – Vai ficar tudo bem... eu estou aqui... – Sussurrava no ouvido de Kelly, enquanto acariciava seus cabelos, retirando os fiapos de feno que estavam presos entre as madeixas da mulher. – Consegues se levantar?
Kelly não era capaz de falar, o que por fim, só meneou a cabeça em concordância, dando a Sara a sua resposta. E com isso, levou um dos braços a cintura da negra, a ajudando a se erguer e caminhar com dificuldade para dentro da casa...
¥¥¥
A risada alta e alegre de Karla ficou pela metade, ao adentrar pela casa e se deparar com uma cena perturbadora.
- O que houve aqui?
- Aquele maldito detetive esteve aqui, senhor Alexandre, e se não chego a tempo, teria abusado de Kelly! – Sara, que estava sentada no sofisticado sofá da sala, esperava por "Alexandre" em posse da espingarda, bufando ainda dominada pela vontade de matar o infeliz que ousou tocar sem sua Kelly.
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Lies | Supercorp
FanfictionBrasil, 1886. Em meio ao progresso ferroviário, a pressão inglesa e aos movimentos abolicionistas, duas famílias firmam um acordo vantajoso para ambas. Helena (Lena) e Alexandre (Alex) iriam se casar. Envolto a trocas de cartas, tramas e complos, u...