Unidos Pela Música -Sarry

Nova Casa, Novas Experiências

Sal Point Of View

Era apenas um fim de sábado comum. O álgido clima de inverno já se fazia presente, logo no início da estação. A janela do carro de meu pai estava levemente aberta, fazendo com que a brisa gélida entrasse em contato com meus cabelos, os balançando. Meus fios azuis se emaranhavam uns nos outros e se soltavam por conta do vento. Minha máscara, que escondia os traços monstruosos da minha face, impedia que minha pele entrasse em contato direto com o frio. Nevava um pouco, mas não o suficiente para tampar a estrada e impedir os carros de circularem.

Meu pai dirigia o carro com uma velocidade moderada, enquanto nos levava para nosso novo lar. Nockfell, a cidade conhecida por ser um lugar onde nada de interessante acontecia. Pelo que dizem, é um lugar realmente monótono. Meu pai, ao ver que eu estava muito quieto e acanhado, pigareia, chamando minha atenção

-Hey filhão, não fique preocupado, ok? Vai ficar tudo bem. -Ele falou para mim com um tom descontraído, sem tirar os olhos da estrada. Eu tentei esquecer as lembranças ruins que me surgiram em mente, e sorri docemente, mesmo que ele não pudesse ver por conta da mascara- vai ficar tudo bem. Você vai fazer amigos lá...Soube que tem dois garotos na sua idade morando lá, talvez vocês se entendam! -Um sorriso se fez em seus lábios. Os apartamentos Addison. Era onde iríamos morar. De acordo com meu pai, não era um lugar muito chique, mas como ele ganha pouco com seu trabalho, foi o único local em que ele encontrou um apartamento barato para morar. Mas, bom, é mil vezes melhor do que nada.

-É...-sussurrei enquanto segurava meu gato, Gizmo, em meu colo. Ele ronronava com os carinhos que eu fazia no topo de sua cabeça- eu espero que sim...

A luz daquele belo por do sol iluminava todo o horizonte a minha frente. Minha máscara brilhou com aquela luz alaranjada, e meus olhos doeram ao olhar diretamente para o sol _de maneira não intencional. Como eu havia dormido pouco no dia anterior, a sonolência tomava conta de mim. Recostei-me na janela do carro, e com o suave movimento, acabei adormecendo rapidamente, tendo, pela primeira vez em meses, um sono sem pesadelos.

. . .

-Hey filho, acorda, nós chegamos na nossa nova casa -Meu pai me balançou de leve, com uma voz doce

-hm...-dei um gemido baixo por causa do sono, Que ainda se fazia presente. Minhas pálpebras pesavam, então acabei por levantar um pouco a minha máscara, para esfregar meus olhos e tentar afastar a sonolência. Já estava de noite, e as estrelas brilhavam no céu escuro, como uma luz naquele manto de escuridão. Já tinha parado de nevar, mas ainda estava frio. Ainda bem que eu estava usando um casaco e luvas, se não, eu já teria congelado. Olho para baixo, e vejo Gizmo se espreguiçando lentamen Ele parecia ter acabado de acordar, assim como eu.

Assim que eu me sinto mais acordado, miro o local em minha frente: um prédio que parecia meio acabado, com umas árvores e vegetações a volta. Algumas janelas estavam quebradas, e outras, possuíam uma luz, que saia por elas. Algumas silhuetas estavam nas janelas, como se soubessem que eu e meu pai éramos novos moradores. Meu rosto corou com o pensamento de que eles estavam me observando, então escondi ainda mais meu rosto com a máscara

-Hey Sal -meu pai me chamou. Olhei para ele assim que ouvi meu nome ser dito em voz alta- você pode ir subindo e levando o Gizmo? Te dou a cópia da chave. O nosso apartamento é o 402, no quarto andar, ok? -Ele falou enquanto me entregava uma pequena chave, e destrancava as portas do carro

-Mas...você não vai junto? -perguntei meio receoso.

-tenho que estacionar o carro, e ainda tem algumas coisas que tenho que levar -meu pai se referiu às coisas que estavam no banco de trás, como algumas mochilas, malas e as coisas do meu gato.