Capítulo II

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Dɪᴀ ᴅᴀ Cᴏɴᴊᴜɢᴀᴄ̧ᴀ̃ᴏ. É o dia que finalmente vou sair desse castelo.

Faz tantos anos que não deixava aquele lugar. Será o primeiro evento, em imemoráveis anos, que a Plebe estará "incluída".

Lembro-me de quando vim para cá. Não foi muito bom de se vivenciar aquele momento. Tanto eu, quanto o Dean e a Zaliah viemos de lá. "Viemos", não. Fomos obrigados e arrastados.

[CINCO ANOS ATRÁS]

Era próximo ao anoitecer. Tudo parecia meio cinza. Meu pai ainda estava trabalhando, mas o Dean, por ser mais novo, voltou mais cedo. Eu estava em um canto, brincando com um animal de brinquedo feito de madeira.

Até que, de repente, de forma tão repentina, um estrondo ensurdecedor ecoou do lado de fora. Minha mãe se levantou rapidamente para tentar entender o que aconteceu. Ela não parecia nem um pouco tranquila. Eu sabia que não estava tudo bem.

─ Não saiam daí, crianças! ─ ela exclamou, pouco antes de fechar a porta.

Os barulhos persistiam. Eram sons horrorosos. Pranto. Gritaria. Senti como se uma guerra estivesse prestes a começar. Tampei meus ouvidos e me encolhi mais ainda.

─ Ayla, fique aí. Eu preciso ir ver o que está acontecendo ─ Dean se levantou e saiu pela porta, a deixando aberta.

Não iria ficar sozinha. Ele era tudo que me trazia segurança aqui, ainda presente. Me levantei, às pressas, e, sem titubear, o segui.

Mas não fui muito longe. Sair foi como se tudo de tornasse mais lento. O som não existia. Apenas um zumbido. E as marteladas que meu coração fazia ao bater. Coisas que jamais deveriam ser vistas por ninguém. Mães tendo suas crianças arrancadas de seus braços, pessoas morrendo, lágrimas, gritos, luzes, escuridão. Pânico.

Enquanto estava aterrorizada, uma mulher corre em minha direção, e ambas somos lançadas ao chão. Assim que consegui vê-la, notei o que a afligia. O pavor em seus olhos era o mesmo que a fazia segurar bravamente uma criança em seus braços.

Um soldado entra em um breve conflito com ela, em nome da posse de seu filho. Ela acabou cedendo e o entregando, mas só após ter sua barriga perfurada por a lâmina de uma espada.

Eu sabia que tudo era muito injusto. Que nada daquilo deveria estar acontecendo. Mas o que poderia fazer, senão correr para não ser a próxima vítima?

─ O que você está fazendo aqui?! É muito perigoso! ─ Dean gritou, subitamente, chamando minha atenção.

Eu o respondi. Mas não havia palavras. Nada. Elas simplesmente não saíam.

─ Não saia de perto de mim ─ ordenou, segurando minha mão, ao perceber meu estado. ─ Entendeu?!

Apenas concordei rapidamente com a cabeça. Ele me ergue para que fiquemos de pé, e então limpo a poeira de meus joelhos e cotovelos. Acho que estou me acalmando.

─ Crianças, cuidado! ─ retumbou a voz de mimha mãe.

Mas não havia mais tempo. Algo cai uno lugar onde estávamos e explodiu em chamas. Era laranja, brevemente. Tudo coneçou a zumbir e minha visão se tornou turva. Coloquei as mãos sobre meus ouvidos e fechei os olhos, bem forte.

─ Ayla! Está me ouvindo?!

Escutei alguém me convocar; aos poucos abri meus olhos, temendo o que iria encontrar.

─ Ayla, você está bem?!

Vi Dean me chamando, segurando em meus ombros. Seus olhos brilhavam. Mas não era alegria. Talvez o reflexo de uma lágrima. Nunca presenciei tal desespero nele outra vez.

Our Reign - The Resistance (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora