Capítulo VIII

32 7 56
                                    

Pᴀssᴀʀ ᴘᴇʟᴏ ᴄᴏʀʀᴇᴅᴏʀ da morte desencadeou-me longos pensamentos. Muitas sobre minha vida e onde vivo. Foram tantas as coisas que já aconteceram em Kindell. Sobre os outros reino, quase não faço ideia. Zaliah e Dean já conheceram um deles, pois atingiram a maioridade antes de mim. Novamente injustiça. E ele ainda sonha em ser juíz! Estou brincando. Nós o apoiamos muito, afinal, somos sua única família agora, não?

Zaliah é diferente. É um tanto fria, mas nem um pouco calculista. Nasceu sem uma gota de paciência e, quem ousar implicar com quem ama, provavelmente se arrependerá. Sabemos que tem muitos traumas, e não fala sobre. Já tentamos ajudá-la, mas a mesma se irrita só de tocarmos no assunto. Não pensamos que é alguém triste, mas sim, que não se conforma. É uma caixinha de surpresas, mas temos certeza que, dentro, possui, na verdade, algo que explodirá ao abri-la.

Considero Dean adorável. Respeita as pessoas e usa de palavras bonitas. Utiliza de sua inteligência para trazer justiça ao reino, mas sem quebrar nenhuma lei. Às vezes, isso chega a ser um pouco chato, mas, em outras, cômico. Não consegue manter contato visual muito bem, mas seu sorriso entrega se está bem em uma conversa. Põe seus sentimentos nos desenhos, afinal, tem medo de magoar quem ama. O garoto dos idílicos olhos de mel.

Bem, não posso me definir, pois, talvez, exageraria ou diminuiria em alguns pontos. Mas sei que vejo o mundo acima do que é. O mundo já está mais baixo que nunca. Apenas tento ver de uma forma que consiga sobreviver, sem me fechar ou surtar.

Penso que tem pessoas que, de fato, não compreendem a real situação da maioria da Plebe ─ digo "maioria", pois há pessoas que, ou conseguem trabalho onde não há, ou são informantes traidores. Informam o rei sobre quase todas as rebeliões, e recebem por isso. ─. É como se fossem cegos e surdos! Nem mesmos os ataques os despertam. Isso, sim, irrita. Existem algumas divisões dentro das estofas. Como se cada pessoa tivesse sua função dentro delas.

Vou tentar explicar:

Dentro da estofa da Realeza estão: reis, rainhas, príncipes, princesas, altos burgueses ─ que, através de heranças, trabalhos, vendas de lotes de terra, entre outros, conseguem atingir tal título. ─, padres e sacerdotes, duques, condes, viscondes e outros.

Já na Nobreza, encontram-se: estrategistas de guerras, soldados, generais, mordomos, músicos, cozinheiros, freiras, estudantes religiosos, advogados de defesa, membros das Cortes, servos, conselheiros e escribas do rei, médicos, arquitetos, filósofos, professores, joalheiros, artistas, costureiros, jardineiros, artesãos, vendedores e até uns outros.

Há alguns desses conseguem trabalho no palácio, mas são originários do povo.

Agora, chegamos na Plebe, a pior parte do reino, que se consiste em: pessoas com deficiência (principalmente as desamparadas), viciados, fugitivos, indigentes, mendigos, pedintes, sem-tetos, pessoas à margem da sociedade, pequenos vendedores, pequenos artesãos, escravos, construtores, ferreiros, camponeses, agricultores e outros.

Preciso esclarecer algo sobre o último, pois meu pai e Dean trabalhavam com isso. Não é uma das piores condições da Plebe ─ por não ser tão perigoso ─, mas é menos que nada comparado a qualquer coisa da Nobreza.

É uma função que trata dos animais e produz os principais alimentos utilizados em todo reino. Esses trabalhadores receberam essas terras do rei, e são obrigados a entregar parte do que produzem nas mãos da Realeza, que, posteriormente, dividirá, também de forma desproporcional, com a Nobreza.

Se não fizerem, receberão punições, como, por exemplo, a perda de posse desses campos. Em caso de se negarem a entregá-las, podem ser até mortos. Mas, geralmente, perdem o pouco do alimento que sobrou para si.

Our Reign - The Resistance (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora