Capítulo XIII

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Esᴛᴏᴜ ᴇsᴛᴀsɪᴀᴅᴀ ᴘᴏʀ tempo demais. Não consigo parar de pensar e pensar no quanto demorei para perceber que Dean também me amava. E o pior de tudo: Zaliah estava certa. Em parte. Não creio que acertou sobre Connor. Ele é meu amigo ─ isso soaria mentiroso, se eu dissesse há alguns meses atrás. E, além disso, de outro reino.

Agora sei que Dean me ama. E eu amo ele. Espero que possamos continuar assim. Ele me traz um sentimento bom, algo reconfortante. Bem, sempre trouxe, mas agora é diferente; como se fosse algo seguro para mim. Só simplesmente não entendo o que é aquela sensação extraordinária que sinto ao ser tocada pelo príncipe; mas queria que isso acontecesse com outra pessoa...

Sinto um pedaço de meu rosto esquentar lentamente; um freixe de luz entrou pela janela. Já é manhã, e eu nem fechei os olhos. Mas não acho que vou conseguir dormir hoje. Estou em Greenwich, Kindell está sendo ameaçado... e eu beijei meu melhor amigo. Meu coração está acelerado numa mistura de angústia, ansiedade e temor. Também sinto algo no estômago, e não sei se são borboletas ou calafrios.

Estou numa linha extremamente tênue, que transita entre a ansiedade de levantar e a vergonha de encarar o novo dia, quando ouço alguém bater à porta. A linha se rompe num piscar de olhos, e eu salto para fora da cama. Corro até a porta, lembrando, só então, de que minha aparência não há de estar nada boa. Ajeito o cabelo com as mãos, e, sem seguida, as esfrego no rosto. Respiro fundo e giro a maçaneta.

Dou de cara com a real luz da manhã, fazendo meus olhos doerem. Demoro algum tempo para conseguir definir quem estava a minha frente, mas, através de sua voz, identifico.

─ Minha nossa, o que aconteceu? ─ Connor pergunta, assustado. ─ Você está parecendo que faleceu e voltou à vida o mais rápido possível.

Fico envergonhada após seu comentário. Eu não estou aparentando estar muito bem. Mas é por conta da noite que passei em claro, imaginando inúmeros cenários possíveis de minha vida. E eu me recuso a compartilhá-los. De qualquer forma, não demora muito para esse sentimento passar, depois que percebo que não levou nem um pouco a sério aquilo que disse.

─ A vigília dos oficiais nas muralhas diminuiu drasticamente. Estão todos focados em proteger o lado de fora do reino ─ comenta, e fico tentando saber aonde quer chegar. ─ Me lembrei da promessa que lhe fiz. E é possível que consigamos subir. Quer ir comigo?

Não sei se me assusto mais pelo fato de que não está com pessoas o protegendo, fora do esconderijo, ou com o convite que acabou de me propor.

─ Eu... ─ gaguejo. ─ Não é perigoso sair?

─ Não mais ─ sorri, quase fechando seus olhos. ─ Os acontecimentos de Kindell não são mais considerados perigosos para Greenwich. Mas você não deve se importar, afinal, nem se preocupou em ficar escondida.

─ Foi você que me trouxe para cá ─ rebato.

─ Você que pediu ─ semicerra os olhos. ─ Mas nem adiantou, já que nem dormiu à noite.

Me assusto com sua fala.

─ Como sabe que eu fiquei acordada? ─ pergunto, o deixando em silêncio.

─ Foi... ─ balbucia. ─ foi uma coincidência.

─ Impossível ─ refuto. ─ Nunca diz isso. E, quando diz, acerta de primeira?

─ Ahm... ─ pigarreia. ─ Talvez, uma vez, durante a noite, resolvi passar aqui para pedir aos guardas para verificar como estava, e, por acaso, te viram acordada.

─ Certo ─ sorrio, desconfiada. ─ Mas, retrocedendo, estava falando sério?

─ Estive falando sério o tempo todo. Não menti em nenhum momento ─ atropela sua própria frase. ─ Por que acha que menti em algum momento?

Our Reign - The Resistance (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora