Capítulo V

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Esᴛᴏᴜ ᴄᴏᴍ ᴜᴍ ᴍᴀᴜ ᴘʀᴇssᴇɴᴛɪᴍᴇɴᴛᴏ; isso me preocupa. Costumo sentir essas coisas, às vezes. Mas são um pouco raras. Geralmente, acontecem quando alguém está com problemas. Ou será uma ilusão? Ou será que estou as interpretando errado? Não há como ter certeza. Afinal, de que adiantará ficar especulando, não?

Cá estou eu novamente: desenhando. Estou sentado, de pernas cruzadas, num pequeno banco dos jardins, transpassando o pouco de natureza verde que ainda resta ao papel. Desta vez, optei por utilizar cinzas de carvão e as riscando com uma pena de ganso. Mas tenho vários outros desenhos com materiais diferentes.
Não consigo me expressar em palavras. Agora, em imagens...

Está tudo quase completamente tranquilo. Exceto pelo sentimento que não me deixa concentrar, e esses guardas, que se parecem mais com estátuas medonhas, que dão calafrios em todos da Salvação. Sim, até na Zaliah, por mais que ela não admita.

Já estou quase terminando, quando ouço um chamado pelo meu nome. Olho ao redor, mas nada se move. Está tudo simplesmente nos mesmos lugares de agora pouco. É provável que esteja ficando louco. Nego com a cabeça, em frustração, e respiro fundo, para logo após voltar a me concentrar no que estava fazendo.

E o grito se repete. Não é possível. Ou estou enlouquecendo, ou não consigo ver quem está por me chamar.

Desdobro minhas pernas e me levanto, colocando o papel sobre o banco. Olho novamente em torno, quando avisto alguém vindo de um pouco longe, ainda atrás de alguns obstáculos. Opa! Eu vi uma pequena ponta cabelos loiros correndo atrás dos arbustos... É a Zaliah!

─ Dean! Dean! ─ finalmente consigo vê-la completamente. Pelo menos, não estava ouvindo vozes.

Sua expressão não é nada boa. Será que eu estava certo?

─ O que aconteceu? ─ a seguro antes que a mesma me atropele por completo. ─ Você está bem?

─ A Ayl..! Prende...! ─ exprime, enquanto tenta recuperar o fôlego.

Como se ela tivesse corrido por toda extensão desse castelo.

─ Se acalme, o.k.? O que aconteceu para você ficar assim? ─ indago.

Me lembro da última vez que a vi assim. Foi quando rebeldes invadiram esse lugar, e ela, pela primeira vez, admitiu estar com medo.

─ A Ayla! ─ diz, se recompondo, mas ainda com pressa.

─ A Ayla? O que tem a Ayla? Ela está bem?

─ Eles prenderam ela! ─ o quê?! ─ Prenderam a Ayla!

─ Eles fizeram o quê?!

Não consigo pensar em absolutamente nada que ela possa ter feito de errado, para isso ter acontecido. Sabe, a coisa mais errada que já fez foi bater na porta do quarto real e sair correndo para longe.

─ Ela pediu para te chamar! Rápido, me siga! ─ na verdade, não consegui esperar. Corri na frente, e a puxei pelo braço.

Conheço a Ayla desde muito tempo. Ela e seus pais mudaram meu destino. De fato, é a pessoa mais importante da minha vida.

DOZE ANOS ATRÁS...

─ Venha, Dean. Vamos comer ─ ouço minha mãe me chamar, poucos minutos após meu pai entrar pela porta.

Quer dizer, acho que seja ele. Afinal, estou completamente distraído, agachado, riscando o cantinho da parede com uma pedra pontuda.

Ainda lembro do dia que meu pai conseguiu, milagrosamente, um pedaço de papel, e o trouxe para que eu desenhasse nele com um pequeno pedaço de carvão. Foi... mágico.

Our Reign - The Resistance (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora