Capítulo IV

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Oᴜᴄ̧ᴏ ʙᴜʀʙᴜʀɪɴʜᴏs ᴘᴇʟᴏs corredores. Algo aconteceu, ou está para acontecer. Saí de lá com tanta pressa, que mal consegui ver o que houve.

─ Está tudo bem, Ayla? ─ pergunta Dean, enquanto me vê pensativa, olhando para trás.

─ Hm?

─ Em que mundo você está, hein? ─ ri, indagando, sarcasticamente.

─ Essa agora vive imaginando coisas ─ exprime Zaliah. ─ Quero dizer: sempre viveu. Mas ultimamente está pior. Viu uma borboleta colorida, Ayla?

Ambos riem de mim, e acabo cedendo à zombaria dos dois.

─ Idiotas. Estou ansiosa com toda essa gente por aqui. Só isso.

─ Sei... ─ ele ironiza. ─ Mas por que você está tão distraída olhando para trás?

─ Ouvi uns barulhos vindo de lá. Será que aconteceu alguma coisa?

─ Provavelmente são só conversas entre eles ─ responde.

─ Argh, é horrível não podermos participar! ─ exclamo. ─ Moramos aqui de qualquer forma.

─ Ayla, você sabe muito bem que nunca fomos completamente aceitos aqui ─ diz Zaliah.

─ Então por que nos trouxeram? ─ questiono e ambos não acham respostas. ─ Hein?

─ Não sei. Mas concordo com você. Se moramos aqui, deveríamos participar ─ ele lamenta. ─ É uma pena que as coisas não funcionam como queremos que funcionem.

A curiosidade está me matando. Não irei aguentar muito mais tempo nessa agonia. Sempre ouvi quase tudo que se passa por aqui ─ mesmo que, algumas vezes, acabava sendo descoberta. ─, e eu preciso saber o que está acontecendo!

Me levanto num só impulso, e os deixo para trás.

─ Ei, Ayla! ─ é a voz de Dean. ─ Aonde você vai?!

─ Esperem aí! Não vou demorar.

Caminho em direção à sala que deixei. Os barulhos se tornam mais altos e, ao me aproximar, avisto pessoas saindo. Uma movimentação estranha, como nunca havia visto antes. Uma mobilização geral, que faz todo meu ser arrepiar-se. Para evitar que alguém me descubra, escondo-me na parte de atrás da parede.

─ Vão! ─ um oficial ordena. ─ Levem-no para os aposentos em que está hospedado. Rápido!

Mas que gritaria será essa?
Viro-me para tentar espiar o que pode estar acontecendo.

─ Apressem-se!

Passam por mim, quase derrubando-me, e me travo contra a parede, assustada. Fico imóvel, tentando processar o que presenciei. Com dificuldade, posso identificar o rosto de quem atravessa o corredor. É Connor, muito diferente; está pálido e sem vida.

─ Vamos à sala do trono, imediatamente! ─ grita o rei Lippershey. ─ Averiguem todos os corredores e verifiquem se o miserável ainda está por perto!

─ Sim, senhor ─ um guarda atende à sua ordem.

Sério? Caso um servo me veja escondida, pensará que estou fugindo. O que não é a impressão que quero transmitir. Não está na hora de causar um mal entendido. Corro para próximo à janela, em um par de segundos, e pouquíssimo tempo depois, o homem percebe minha presença.

─ Senhorita ─ cumprimenta, me olhando de cima a baixo.

Ele faz uma breve reverência com a cabeça, e retribuo, sem palavras. Seus olhos correm toda extensão do meu corpo. Isso não é nada confortável. Estava torcendo para que fosse embora o mais rápido possível, quando continuou seu caminho, com pressa para cumprir sua missão.

Our Reign - The Resistance (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora