Capítulo X

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Tᴏᴍᴏ ʀᴇᴀʟ ᴄᴏɴsᴄɪᴇ̂ɴᴄɪᴀ do momento atual alguns segundos após ao despertar. Estou mesmo em Greenwich. É como atravessar fronteiras que jamais imaginei atravessar. Isso é loucura.

Levanto-me em um impulso, tocando o chão com a ponta dos meus pés descalços, logo sentindo o frio tomando conta de todo o meu corpo. Ergo-os rapidamente, e, após, os estico para alcançar meus sapatos. Com algum esforço, puxo-os para perto, os calçando.

Troco de roupa e ajeito meu cabelo, mas com os pensamentos fora das paredes desse cômodo. Caminho até a porta, ainda esforçando-me para manter meus olhos abertos. Ao abri-la, vejo outra também ser aberta, do outro lado do corredor, um pouco distante. Mantenho-a entreaberta, para que me certifique do que se trata, sem antes revelar minha presença.

É Connor. Franzindo as sobrancelhas e fechando a porta de um quarto escuro e sem vida. Não é possível enxergar o que tem dentro. Saio, trancando a porta atrás de mim. O vejo assustar-se com a minha presença repentina, passando a mão em seu cabelo e respirando fundo, tentando aliviar sua expressão.

─ Olá ─ diz, com sua voz e seu sorriso quase não saindo por completos. ─ Não sabia que estava aí. Quero dizer: sabia. Mas... Bem, creio que você já me entendeu.

─ Sim ─ rio, aproximando-me dele. ─ Você está bem?

─ Estou ─ diz, por mais que eu saiba que suas palavras estão tão mortas quando seu interior aparenta estar.

─ Tem certeza disto? ─ questiono, o vendo engolir seco.

─ Está, sim ─ afirma, olhando em meus olhos, mesmo com seus pensamentos estando longes.

─ Certo. Ah, e, bem, obrigada pelo presente ─ falo, o vendo, finalmente, abrir um sorriso genuíno.

─ Não há de quer. Fiquei receoso de não entender minha escrita.

─ De fato, não entendo algumas coisas daqui. São diferentes de onde venho. Mas, afinal, eu consegui compreender.

─ Se você quiser, posso te ensinar ─ articula, já visivelmente ansioso por uma resposta.

─ Mesmo? ─ pergunto, pois, sinceramente, não sei como teria tempo para isso. ─ Você está falando sério?

─ Claro que estou. Afinal, você quer? ─ indaga, erguendo suas sobrancelhas.

─ Quero. Mas... tem certeza que isso não o atrapalharia?

─ Tenho, sim ─ fala com animação. ─ Não se preocupe.

─ Perdão, Vossa Alteza ─ assustamos-nos com a chegada de um servo, que, de repente, cochicha em seu ouvido.

Reviso todas minhas atitudes em segundos, pensando em que posso ter errado. Será que está falando sobre mim? Não é provável, mas preciso preparar respostas.

─ Certo ─ afirma, quando o homem se afasta. Sua felicidade parece ter sido levada embora com o vento das palavras que foram proferidas em seu ouvido. ─ Por favor, vá ao encontro deles e diga que estou a caminho.

─ Peço-lhe permissão para sair, meu senhor ─ fala, curvando-se, brevemente.

Connor apenas assente com a cabeça e o homem sai de nossas visões em segundos. Ele respira fundo, tornando seus olhos para o chão.

─ Desculpe-me, mas eu preciso ir. Houve um imprevisto repentino. Eles não ficarão felizes com a minha ausência nas próximas horas.

─ Ah, claro ─ nego com gestos. ─ Está tudo bem, não se preocupe.

Ele dá um sorriso fechado, concordando. Ainda lembro-me de quando me contou sobre as pessoas não gostarem de estabelecer amizades com um príncipe. Tenho o pressentimento de que, para ele, isso significa mais que um simples convite.

Our Reign - The Resistance (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora